terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O Que É Um Blog?

O Que É Um Blog? Feb 17, '09 12:15 PM for everyone

O que é um blog, afinal? Mero diário de adolescentes exibidos, como quer o Milton Hatoum? Ou coisa para macho, no bom sentido, de corajoso e forte?

Por isso absorvo o blo-gue, com duas sílabas bem definidas a nos permitir brincar com a semântica e a fonética. Assim posso blogar, posso dizer que bloguei, cantar toda a conjugação.

Blogo porque quero, porque sinto uma angústia que me chama para a tela e para o texto – que explode no céu da boca como uva ou caviar.

E chamo de blogar o que faço porque já transcende o que se chamava originalmente de escrever: está mais para uma espécie de passeio curioso entre as flores e os jardins, os meus e os dos outros, onde tomo a liberdade de cavar aqui e ali, deixando flagrante o desempenho dos meus passos.

Não me escondo na web – o que é bem diferente de “me exibir”. Aliás, nem sou bem lido: tenho quando muito um punhado de amigos que varia com o tempo, nunca “seguidores fiéis”, penas amigos, eventualmente interessados em meus fiapos de pensamento.

Veja bem: blogo porque quero, porque a cada nova forma que acho de partilhar descobertas, mais me entrego e me dou a conhecer. Vide youtube, twitter & second brain, que descortinam novas janelas na comunicação.

Blogo para alguém, afinal. Pois é disso que se trata. Na longa jornada solitária que é escrever um livro - eu sei - quantas vezes foge o foco e escrevo para nada, pra ninguém. Um ninguém contemporâneo, com sorte, ou do amanhã - bom dia! - a voz petrificada a lhe dizer o que um dia pensei, para sempre igualmente inpenetrável. Já na rede não, sempre podemos retomar o papo de bom grado, basta voltar lá. “Blogo para ti”, diria se fosse gaúcho, blogo pra ti.

Enquanto isso, aprendo a escrever. Sim, pois muito mais que exposição, um blog é aprendizado. Ou será que uma geração inteira que tem nas mãos, pela primeira vez na História, uma ferramenta gratuita, disponível em qualquer parte ou lugar, para expor suas opiniões não deveria fazê-lo. Então cada vez escrevo mais, e se não melhor, com mais facilidade, tão somente porque blogo. Porque me acostumei a sentar-me com o computador e escrever sobre o livro, o filme, o artigo ou a notícia. Ou sobre nada, admirador de Jerry Seinfeld que sou.

Porque um blog é isto, também, uma ferramenta inútil, um salto para o nada, o texto perdido e nunca lido, ou aquele no qual nem você botava fé e um dia está lá, na prima página do Google.

E olha que hoje em dia quase já nem blogo mais: caminho a passos largos para o avatar, (j)unção de minhas inúmeras personalidades na internet, nova manifestação do homem.

Um dia a web caberá em minha própria mente, e leremos tudo por telepatia, e daremos acesso a conhecidos, amigos e amores de maneira não muito diferente do que fazemos online.Um dia o detetive do futuro, travestido de mim mesmo, procura meus passos e os encontra - com a mesma facilidade com que os cuidadores do espólio bíblico de Mário de Andrade ora caçam bichinhos entre os livros que se desfazem na solidão de um prédio em São Paulo - e tromba com eles aos borbotões, assustando-se e surpreendendo-se emocionado ao som das notas que plantei, aqui e ali, de par em bar, até não sobrar nada para esconder e todos saibam, de uma vez, daquilo que eu li e separei e dei importância nas longas noites viajantes, frente à própria ignorância. Mais não vi que vi, e mais não sei que sei, mas ainda blogo para alguém.

Ou então, parafraseando Pessoa, um dia este texto desaparecerá, engolido pelas entranhas negras de servidores extintos e urls desaparecidas. Um dia desaparecerá a língua na qual meus posts foram escritos, coisas como computadores e abstrações como a internet. Mas haverá sempre, enquanto houver coisas como gente, a possibilidade de explorar novas interações, que a gente chama como quiser.

O que eu chamo de blog, afinal, reflete não só meu endereço virtual, mas cada maravilhoso diálogo que "aquele" texto um dia rendeu - tanto faz se na minha página ou na do vizinho - e que unirá aos olhos do diligente pesquisador do futuro, o meu nome ao do Alexis e da Juliana, por exemplo, que eu sei - vagueiam juntos por aí. É só procurar.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Blog

“blog”

Uma novela de

Renato van Wilpe Bach

Sinopse

Por iniciativa do autor, rede de amigos online (online buddiestas) é convidada a partilhar o segredo da criação: inventarão personagens quase reais, com histórias e datas e cursos e experiências na cartola, fruto de sua própria imaginação. Depois abrirão contas de e-mail e inscrever-se-ão nas mais variadas comunidades de relacionamento, bookmarks, weblogs, fotologs, webradios e bligs, construindo perfis completos e estabelecendo amizades virtuais com não-autores. Uma vez estabelecida a brincadeira, jamais saberemos se “aquele amigo novo da Ju” é real ou não.

Depois propomos estabelecer parceria com a Rede Globo, que usaria estes personagens virtuais da sociedade blogueira brasileira como matéria bruta para a (nem tão próxima) novela das nove horas da noite. Coisa que nem todos os amigos autores precisam saber. Nem o vizinho, ali, pessoa real, que de repente pode ser citado na novela por algo que enviou por um dos múltiplos canais de contato. Finais de semana na pousada com o casting representando 24 horas seguidas das vidas das personagens, em capítulos exclusivos para os (poucos) felizardos a conseguir convites disputadíssimos – até nos sites de leilão - para flagras em tempo real e interatividade total entre autores e não-autores, atores e não-atores.

A pré-estréia? Eventualmente algum hoax faz crescer o buxixo sobre um site, um hype, um alguém. Fácil, fácil alçar uma gatinha da turma à condição de vedete e pagar para ver como a turma reage. Depois é só acompanhar (o que extrapola a telinha) no Orkut e no Youtube.

Requerimentos

Vinte autores (pelo menos)

São vocês.


Fotógrafos
Atores
Cineastas
Diretores
Editores
Produtores
Marqueteiros

Uma rede mundial de computadores
Luz elétrica
Telefonia
Cabo
Satélite
Mãos
Olhos
Janelas
www

O dez elevado ao número um seguido de um milhão de zeros
Os contatos na Globo
O pandemônio inicial
Meus amiguinho’
Amém

Locais

Rio de Janeiro
Curitiba
Florianópolis
Joinville
Porto Alegre
Manaus
Ponta Grossa

Information Data

Você foi convidado a ser co-autor de “blog” por ______________________________ (Insira seu nome aqui antes de enviar a ficha a três amigos. Relembre: cada co-autor tem direito a indicar três co-co-autores - com trocadilho, por favor – que completarão um núcleo de dez personagens. Os núcleos podem ser compostos por características de afinidade, sexo, etnia, religião, vizinhança geográfica, credo político ou religioso ou qualquer outra característica comum cabível e claramente identificável na sinopse do grupo. Se não souber o que os une, aposte em “todos apreciam os Beatles”, é batata. Ah! O prazo para inscrição dos grupos de quatro - com trocadalho, por obséquio – é 30 de junho de 2009; o prazo de entrega das sinopses é 24 de dezembro, meio-dia; o email institucional é bububububibaribu@gmail.com )

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Quadros de Jacobus van Wilpe

Quadros de Jacobus van Wilpe.