domingo, 21 de junho de 2009

ReviewUm dia na África: minha passagem pela África do Sul 2001Jun 14, '09 11:21 PM
for everyone
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Nesta segunda-feira em que as atenções e voltam para o país-sede da Copa do Mundo de Futebol 2010, não consigo deixar de lembrar o quanto foi traumática minha (curta) estadia por lá.

Passei por Johannesburg em minha ida à Australia, quando a volta no sentido horário "menor" (RJ-SP-Johannesburg-Sydney, via South African Airlines/Qantas) saia muito mais barato que a volta no sentido anti-horário (RJ-SP-Santiagou ou Buenos Aires-Sydney, via Qantas) ou a big volta com que cheguei a sonhar (RJ-SP-LOndres-Bangkok-Sydney).

Na ida, passei algumas horas no free-shop, onde aprendi que por lé, sempre se perde. Pagamento em dólares? Sempre com um "ágio" tendencioso, em que 70 cents viravam logo 1 dólar na conversão para rads. Então fui à lojinha trocar dinheiro, pois comecei a me sentir roubado... Ledo engano: piores eram as taxas cobradas pela conversão, absurdamente maiores que as cobradas na Europa, Brasil ou Australia. Só aprenderia na volta: plastic money até para o cafezinho, hehehe...

E a volta. Humpf! Como eu teria umas trinta horas para passar na cidade, decidi ir direto ao ponto, acomodar-me no hotel que a South African Airlines providenciaria, largar as coisas por lá e bater perna no centro (sábado à tarde), para depois esticar na boemia famosa de Soweto. Não cheguei à cidade.

Para começo de história assim que sai da area reservada do aeroporto, "entrando" no país, senti-me na própria Rodoviária Novo Rio de anos atrás: fui cercado por uma multidão de pessoas de todas as cidades, que tentavam - todas, ao mesmo tempo! - me vender alguma coisa. "Want to carry your bags, pal?", "Want some fruits?" "Do you want some sex? Girls? Boys? Whitties or niggers?", and so on, enquanto eram oferecidos ainda speed, pot, hash, cocaine e outras finuras. Confesso que temi por minha vida enquanto esperava um elevador que me levaria até a loja externa da SAA, onde receberia meu voucher e transporte até o hotel.

Coisa que também nunca aconteceu, pois a SAA "esqueceu-se" de ativar o tal voucher, ou seja, eu não tinha onde dormir.

Peregrinei por uma boa meia dúzia de guichês da companhia aérea, onde fui tratado ora com uma condescendencia irônica que além de nada resolver me pareceu prazerosa para os funcionários, ora com desrespeito puro e simples. Só fui tratado como gente quando - concidência? - cheguei em um guichê onde não havia negros, e uma lourinha com sobrenome inglês me salvou (chamou um taxi, reservou um hotel - que EU paguei - por telefone, levou-me até a van). Rezo sempre por ela.

Ao chegar na van, então, um brutamontes retirou a maior mala que eu levava da minha mão e "perguntou" se eu queria que ele a colocasse no furgão. Eu, idiotamente, aquiesci, ao que passei a ser ameaçado pelo cara - "Ten dollars, man, I told you ten dollars!", em contraposição aos meus tímidos apelos de "That's a huge amount of money for doing that crap, man!" - que, óbvio, levou-me o dinheiro sob o olhar de cachorro em popa de canoa do funcionário do hotel onde eu ficaria hospedado.

"It is better not to fight with anyone 'round here, man!", dizia-me o motorista quando saímos dali. "They are all official carriers!"

Não foi a toa que, depois de 6 (!) horas de pânico e desrespeito no aeroporto eu abortei todos os meus planos de passear na cidade, peguei um filme, tranquei-me no quarto (após jantar no próprio hotel, que não era de todo ruim) e só sai de lá para voltar ao Brasil na manhã seguinte.

Na viagem o fato hilário: vim conversando animadamente por horas com um rapaz sentado ao meu lado, negro, bem vestido, que depois descobri ser médico como eu, e angolano. Mandei logo um "Puta que pariu, cara, e por que é que a gente está gastando o inglês?" que garantiu boas risadas (em português) por algumas horas. Ele me achou com cara de holandês, nunca imaginaria que eu era brasileiro, hehehe... Foi este cara quem me contou que os outros negros africanos detestam a arrogância e a malandragem dos negros sul-africanos, que, segundo ele, tornaram-se intratáveis depois do fim do apartheid. Descreveu até uma palavra pejorativa que descrevia o tal "jeitinho" deles...

"Botamos os brancos para correr", dizem eles, "Agora quem manda somos nós!", demonstrando que o racismo e o ódio estão ainda longe de acabar.

E para voce que vai viajar, então, que fique a dica. É politicamente incorreta, eu sei, mas por isso mesmo relevante: nenhum jornal ou revista vai lhe dizer isto, mas cuidado com a África do Sul.

sábado, 20 de junho de 2009

Os textos que não cheguei a escrever

Acumulo pensamentos soltos para usá-los em escritos esparsos que nunca parecem chegar.


Desde fevereiro em Itapema, na Santa e Bela, onde nos escondemos da calma de Ponta Grossa e do batuque do Rio, imagino posts e reviews a rodo, enquanto ouço música no carro, assisto à tevê, tomo banho ou sonho.


Mas a verdade é que quase tudo fica no ora veja (ou será “hora veje”?).


A saber: as delicias da Santa e Bela Catarina e do Parque do tio Beto Carrero, as palavras deste doce idioma que é a “língua do 'Tho' ('mas)”, as peripécias de Monicat no inesquecível show do Kiss no Rio em abril, a estreia maneiríssima da revista de literatura e ensaios do instituto Moreira Salles (“serrote”), o livro do Richard Yates - opa! creio que pelo menos esta resenha já chegou ao balcão do penhasco. Uma nova bio do Jacobus (para o livro de 100 anos da cidade de Carambeí), o futuro d'A Cadeira no Penhasco, dividida em três páginas no blogspot, transformada em volume de crônicas. Fora os trocadalhos, os trava-línguas, os trocaletras e os poemicídios idiotas, que venho albergando sob a alcunha de “minicontos”. E sem contar as “Folhas de Pedra”, que minha amiga preferida ficou de ilustrar.


Lembro assim de rompante que anseio também comentar o surpreendente misticismo budista do Tibet, explicado pela revista “mais!” da FOLHA uns meses atrás - que os defensores da versão veggie-light-hollywoodiana vigente desta religião, despida de tudo que não for filosofia, não querem que vocẽ conheça. Que preciso falar a respeito dos novos médiuns catolicos – que já admitem, com algum grau de readequação doutrinária, a existência de viagens fora do corpo, estados de quase-morte e visitas ao inferno/purgatório. Convenhamos: é uma história de arrepiar. Por fim, não dá para esquecer da turnê do Rei “em minha homenagem”: Obrigado, RC - explico tudo depois.


“Graças-a-Deus” que ainda me lêem, alguns piedosos dentre vocês.


Do jeito que tenho freqëntado pouco a web, com um texto fazendo lista de assuntos como este, daqui a pouco vocês vão achar que eu emulo o Morrissey em um mau momento de sua carreira, no qual só se salvavam os títulos das músicas, hehe. Ou um autor perdido da biblioteca do Sandman, aquela cuidada pelo amigo Lucien, que só tem volumes não-escritos.


Então vamos lá, mãos à obra. Prometo-os todos, em uma sequência qualquer.


Ajude-me com sua crítica mordaz.


Sabe porquê? Porque eu devia me bastar,entende?


Escrever? Só para si próprio.


Mas não, eu quero mostrar, quero que você (É. Você mesmo. VOCÊ!) leia. Espero, anseio, tenho saudades daquelas fitas-banana horrorosas, que duravam semanas, mescladas de cutucadas, alfinetes e muita troca de ideias.


Então não vale só elogiar. Blog não é literatura (não é o que dizem?), é ensaio (no sentido de rehearsal, not essay).


Ajude a desancar este aprendiz. Quem sabe um dia ele aprende.



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