terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Jacobus van Wilpe e a espiritualidade

http://jacobusvanwilpe.blogspot.com/

Jacobus van Wilpe e a espiritualidade

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ReviewReviewReviewReview"O Conto do Amor", Companhia das Letras, 2008Jan 26, '09 3:13 PM
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Category:Books
Genre: Mystery & Thrillers
Author:Contardo Calligaris
“O Conto do Amor”, primeiro romance do psicanalista, escritor e colunista da Folha Contardo Calligaris – já devidamente incensado pela crítica paulista – é livro para se ler em um fôlego só, à maneira de bestsellers americanos.

O paralelismo entre a obra e “O Código Da Vinci” é evidente e por isso mesmo inevitável: ambos escondem o ritmo de suspense sob toneladas de informação erudita. Ambos situam sua ação em uma Itália contemporânea onde os fantasmas do passado distante (ou mesmo recente) aparecem a cada dobrar de esquina, na forma de quadros, igrejas, estátuas, praças e documentos. Ambos elegem um casal – que n'O Conto não demora a unir forças – como protagonistas; ambos mexem com mitos e arquétipos. Mas as semelhança – já não poucas – param por aí.

Algo autobiográfico – como em geral romances de estreia costumam ser - “O Conto do Amor” imprime-se com vagar na mente do leitor, deixando entrever, aqui e ali, as marcas de um entendimento mais profundo da mente humana por parte do narrador. A trama que emerge com simplicidade e objetividade, bem urdida e realizada, beira a perfeição no final inteligente, crível e provocador.

(Alberto Moravia – outro psicanalista! Outro italiano! - disse em um dos seus contos que o intelectual que abre mão dos seus princípios e/ou de sua integridade moral em troca de uma descoberta científica/artística/literária “vende a alma ao diabo” e costuma pagar as consequências do seu ato com a própria infelicidade. Calligaris não chega a tanto, mas mete a mão em cumbuca ao dessacralizar o tabu que ocupa posição central no desfecho de sua trama. Excelente motivo para abandonar – ainda que temporariamente - a crônica e o ensaio clínico e escrever um romance, não?)
Prev: El Laberinto Del Fauno, Guillermo del Toro, Espanha, 2006

sábado, 24 de janeiro de 2009

Erna und Alfred

Posted by Renato on Apr 9, '07 8:10 PM for everyone
Toque mais um pouco, meu filho”, dizia o pequeno grande homem, sentado a meu lado no banco de praça instalado no jardim. Um pouco surpreso com seu interesse, eu atendi seu pedido com prazer, esgotando rapidamente o escasso repertório de violão clássico aprendido até então.

Tocaria ainda algumas vezes para meu bisavô, porém nunca mais no belo recanto que ele criara em honra da esposa, gravemente doente e restrita ao leito. Ali seu espírito de espírito de artesão e inventor tivera um último lampejo, quando com mais de oitenta anos resolvera por abaixo o galinheiro e parte do pomar para presentear minha bisavó com um lugarzinho para tomar sol.

Logo o pedaço de terra, espremido entre a casa e a indústria que capitaneara por tantas décadas, mostraria o que só ele, quase cego, conseguira entrever: um espaço nada tímido de grama, flores e luz – arrematado pelo tal banco de praça para os dois namorarem, é claro.

Hannah, a enfermeira, descia com a Omama no colo, esperando nem sempre em vão por um momento de sua lucidez. Sentados ali, Alfred e Erna Kindler se entendiam através de longos silêncios, interrompidos apenas pelo canto dos passarinhos que os vinham saudar.

Como está frio lá fora”, dizia o Opapa agora na cozinha, em “seu” lugar à janela, onde tocava o vidro displicentemente, disfarçando a debilidade da visão.

Ele é tão respeitoso”, dizia Erna baixinho, referindo-se ao “senhor que dorme no meu quarto todas as noites”. “Ele só me faz um carinho na mão e fica lá, ao meu lado, não incomoda nadinha”.

Foram sempre água e vinho, aqueles dois. Bem, pelo menos é o que se conta a respeito. Alfred gostava de praia: construiu uma casa em Caiobá onde ela nunca botou os pés. Já Erna gostava do campo: adorava visitar a chácara da filha mais velha em Ponta Grossa. O boliche dele nas quintas-feiras à noite era sagrado, mas ela nunca foi lá muito fã de noitadas – preferia a família reunida, a casa cheia e os grossos cobertores de pena-de-ganso em uso. Mas eram ambos muito hábeis com as mãos. As compotas e conservas feitas pela Omama duraram mais que a doença ou ela própria, sendo abertas intactas anos depois e encontradas como se tivessem sido feitas ‘inda ontem. E das indústrias Kindler e Cia., desde os anos trinta funcionando na Rua Senador Xavier da Silva, pertinho da fábrica dos irmãos Mueller, saíram torneiras, chuveiros, bombas de encher bolas e pneus de bicicleta, bem como todo tipo imaginável de artefatos de metal, até instrumentos cirúrgicos quando estes eram caríssimos e raros de se encontrar.

As filhas e genros se revezariam em cuidados extremados para com ambos, quando a idade e a velhice assim o determinaram – por mais que Alfred jamais admitisse precisar de cuidado algum. Dirigira a velha Kombi bege por anos sem que ninguém soubesse que só lhe restara um quarto da visão de um olho. Mais tarde, já praticamente cego, empertigava-se todo quando alguém sugeria que este bisneto primogênito já lhe ultrapassava a altura. “Nein, nein, ainda não...

Não se dobrou sequer à morte da esposa, certa madrugada em 1983. Avisado pela doce e firme Hannah – e contra o conselho desta – esperou o dia amanhecer ao lado dela, segurando sua mão pela derradeira vez. Suportou o féretro em pé, consolando mais do que era consolado, até desabar emocionado no carro do filho. Apesar da saúde de ferro, viria a falecer uns meros seis meses depois.

O interessante é que em minha cabecinha de criança, tudo isso era normal, apenas uma parte boa e feliz da vida familiar. Só a idade, e o tempo, despertariam a consciência de ter presenciado um milagre. Os Natais e as páscoas na imensa casa de meus bisavós, o gosto da comida da Omama, os passeios pela fábrica que o tato do Opapa conhecia de cor, as longas conversas na sala de estar, o colo de ancestrais que tão poucos de nós logram conhecer...

De tudo isso, contudo, algo jamais escapou ao meu entendimento, por mais criança que o fosse: o exemplo de um amor que nunca precisou se preocupar em “dar” exemplo – estava sempre lá, simples e direto como um perfume que preenche invisível um cômodo, uma casa, nossas vidas. Verdadeiro milagre, neste mundo carente de um.

Para Ler Paulo Coelho

Para Ler Paulo Coelho
Posted by Renato on Sep 10, '08 11:06 PM for everyone
Nunca fui fã de Paulo Coelho, apesar de admirar sua figura pública (através das poucas e brilhantes entrevistas que dele assisti) e sua trajetória ímpar nas letras brasileiras. Falar de Paulo Coelho no Brasil, porém, parece (ainda) um tabu. Lê-lo, então, se você não for aquele típico leitor de “best-sel -lers” ou livros de auto-ajuda, pode ser considerado por muitos um pecado mortal.

Que qualquer um acaba cometendo, obviamente. Seus “maktub” estiveram lá, nos jornais, por mais tempo que podemos lembrar. Sua coluna dominical n’O Globo (e aqui no Almanaque, entre outros jornais), idem. Você acaba sendo atraído por uma palavra ou outra, pára em uma frase e quando vê, leu tudo.

Não que eu não tenha lido seus livros. Diário de um mago, O alquimista, As valquírias... Coisas do início de carreira se é que se pode chamar assim sua estréia estrondosamente cheia de sucesso. É claro que os li, leio de tudo. E gostei, como quem gosta de um bom filme hollywoodiano, como quem já conhece as histórias. Afinal, de Carlos Castañeda eu um dia fora realmente fã, lera as aventuras do feiticeiro Dom Juan na saída da adolescência e para mim, o que PC fazia em seus primeiros livros era apenas mais do mesmo: Castañeda requentado, em linguagem popular e direta, em meio a um amontoado de clichês sincretistas. Mais tarde li À margem do Rio Piedra... e entendi que a busca pelo transcendente havia pego o escritor de jeito, tinha-o feito se aproximar de tradições católicas e coisa e tal. Respeitei sua busca e vi que havia ali algo de verdade. Depois não li mais nada.

Com o tempo, aquele papo de guerreiros da luz pareceu-me incompatível com as minhas próprias buscas. Veio o Marcelo Mirisola, com seu humor ácido e cortante, dizer em uma entrevista na TV que “quem anda de lotação todo dia não tem lenda pessoal, pensar nessas coisas é pra desocupado”, etc, etc e eu ri, ri muito.

Há coisa de um ano atrás, andei às voltas com O zahir e fiquei absolutamente surpreso. Não que o livro seja maravilhoso ou algo que o valha. É apenas mediano, na minha humilde opinião. Tem problemas na estrutura do enredo, um plot fraco, que não se sustenta por tantas páginas, tornando-o por vezes enfadonho. Mas parece verdadeiro. É irônico, nada auto-indulgente, assustador em seu mergulho aparentemente autobiográfico e não se parece em nada com os primeiros livros do cara daqueles que disse ali em cima ter lido.

Nele, PC ousa ir na contramão de seus ensinamentos, para simplesmente expor, despojado de boas maneiras, seu cotidiano de celebridade, de escritor e de marido; numa trajetória que não apresenta respostas, somente insiste na busca. E que reflete uma profunda angústia no modo de ver a sociedade contemporânea, coisa que jamais deveria ser desconsiderada partindo de um homem que, hoje, já viajou o mundo através da literatura (em seus sentidos amplo e restrito, pessoal), é interlocutor de personalidades marcantes e - para dizer o mínimo - deve ter encontrado coisas, lugares e pessoas mais díspares que a maioria absoluta de seus compatriotas jamais sonhou encontrar.

Qual não foi minha surpresa ao ver a reação dos leitores de meu blog, então, quando ousei postar minha crítica ao livro, praticamente nestas palavras, e receber respostas das mais variadas, a maioria me mandando não perder mais tempo com este tipo de leitura ou sugerindo uma literatura melhor. Como se somente um estúpido pudesse ler Paulo Coelho.

No final do ano passado, deparei-me com A bruxa de Portobello em uma livraria da cidade e a despeito das críticas invariavelmente negativas que já havia lido, ousei mais uma vez ler Paulo Coelho. Mais uma vez me surpreendi.

Com a desculpa de contar (mais) uma história de bruxas, PC faz uma viagem profunda e altamente didática ao imaginário filosófico-religioso deste início de século, um pout-pourri da Nova Era, este caldeirão multiétnico e cultural que cada vez mais se apresenta como o serviço religioso pronta-entrega que é a cara dos nossos tempos. Como um dos principais “divulgadores” do “movimento” (o que ele nega), “guru” de milhões de pessoas interessadas no assunto ao redor do globo (isso ele não nega, só não admite), Coelho sabe do que fala. E expõe até menos do que sabe, sempre com um olho na pessoa comum. Questiona a si próprio, seus mentores e crias, até o paroxismo. A jornada da bruxa chega a ter conotações políticas inesperadas e sérias, ao mostrar o desencanto de Coelho com um mundo em que somos, cada vez mais, escravos da sociedade tecnológica, dos sistemas políticos, das próprias superstições e crenças, dos próprios projetos (nem sempre bem-sucedidos) de vida.

Paulo Coelho usa e abusa, no novo livro, de sua condição ímpar de antena de um mundo que o reverencia, para expor posições intelectuais marcantes e relevantes. Se em O zahir ele propunha “despir-nos de nossa história pessoal”, (em vez do já batido “viva sua lenda pessoal”) a bruxa de Portobello Road sugere que tudo pode ser tentado e tudo pode ser abandonado nossa liberdade suprema, como humanos, é a de poder reinventar-nos a nós mesmos constantemente na busca pela sobrevivência. Assim, PC segue sua busca incansável por respostas, mostrando que a fama, o sucesso e o reconhecimento (ou as críticas) não afetaram sua capacidade de síntese e análise.

Bem, você pode me considerar um estúpido por ler Paulo Coelho, mandar cartas à redação sugerindo que eu leia coisa melhor ou até mesmo não ter chegado até aqui. Mas se chegou, e leu, leia Paulo Coelho também. Ou coisa melhor. Mas não deixe o preconceito pseudo-elitista que contamina boa parte de nossa inteligência o impeça de conhecer o maior escritor brasileiro de todos os tempos (veja bem: eu disse o maior, não o melhor). Um homem rico merece o nosso respeito. Imite-o se for capaz.

(publicado no caderno ALMANAQUE do jornal "O Estado do Paraná" em 11 de fevereiro de 2007)

O Vencedor Está Só
Posted by Renato on Sep 10, '08 11:08 PM for everyone
E não é que Paulo Coelho chegou mais perto de acertar desta vez? – pergunto sem me preocupar com o sarcasmo com que meus leitores e o respeitável público costumam brindar qualquer texto elogioso ao maior escritor brasileiro vivo. E eu disse o maior, parafraseando meu último texto sobre ele, não o melhor.

Pelo menos assim a frase acima afasta de cara aqueles que já odeiam o escritor de antemão: depois da googlada você veio parar aqui sabendo o que encontrar.

Ou quase, pois antes que me venham com lições de falso moralismo intelectualizado, direi logo que sou louco pela obra de Tchekhov, fã absoluto de Fitzgerald, Poe e Auster, leitor voraz de Lobato, Montello, Clarice, Sergio Porto e Mirisola, a mesma criança que amará Tolkien, Lewis e Carrol por toda sua vida. Não me mandem “ler coisa melhor”, como da última vez. Eu sempre li porque gosto, não em busca de algo sem forma definida chamado “cultura”. Por isso amo também King, Lovecraft, Gaiman e Eisner. Pessoa e Coltrane com a mesma efusão, mas aí já digressiono até a música, nem tão longe do assunto, mas já na hora de parar.

Vamos ao livro. A despeito de sua escrita ter melhorado, PC persiste em alguns “cacoetes” antigos, como o tom quase professoral com que enumera, disseca, exxxplicita dados, fatos e boatos a respeito da vida dos poderosos do planeta (a tal “Superclasse”, citada por ele em todas as suas – inúmeras – entrevistas nas últimas semanas), a dificuldade em diferenciar o tom e o discurso de alguns dos personagens, a perda de ritmo e andamento ao misturar os dois problemas acima.

Desta escrita por vezes confusa, no entanto, brota um ser humano, certo e errado a um só tempo, tosco, erudito, carioca, cosmopolita, bruto e delicado, mau e bom, encerrando em si o germe da inquietude – cada vez mais cínico – e a semente de sonhos desfeitos (cada vez menos críveis).

Mas, ‘pera lá, sonhos desfeitos? E a tal “Lenda Pessoal”? E o Mago, o guru, cadê?

Pois é, “o marido da Cristina” - citado com desenvoltura pela senhoras do Leblon - cresceu e apareceu. Abriu os olhos e os ouvidos e deu, mais uma vez, sua cara à tapa, expondo-se muito mais pelas opiniões que pela forma. Até porque o formato não é novo, e como já dito, não foi executado à perfeição. Até porque PC é um escritor brasileiro – enquanto os americanos lutam para se livrar das regras do “essay” pelo resto da vida, a gente nunca chega a aprender. Até porque não tem onde aprender, exceto na tentativa e erro costumeira, um livro atrás do outro, que para isso que eles foram feitos (e que me desculpe o Carpinejar, mas estou velho para voltar à Universidade)

Travestido de thriller, por exemplo, o romance demora a engrenar no aspecto “cinematográfico”, que é o que poderíamos esperar de um best seller. As idas e vindas do roteiro são um pouco confusas, e a opinião onipresente do autor mal ajambrada na forma de pensamentos das personagens sempre a invadir o raciocínio sem muita diferenciação. De um determinado ponto em diante, porém, a coisa deslancha e já sabemos quem é quem, antecipamos movimentos com alguma previsibilidade, torcemos para que o inevitável não aconteça. Mergulhamos fundo no universo - malévolo porque amoral - do protagonista e saímos da viagem maltratados, nocauteados porque, afinal, a verdade que se espreme de tanta informação tem gosto amargo.

O desfecho é exatamente o que eu imaginei, mas nem por isso pode ser considerado previsível. Pelo contrário! É a grandiosidade de construção da cena final que garante ao romance qualidade, closure, sentido.

Como retrato de uma época – pretensão tratada como objetivo pelo autor logo no prefácio, onde diz “Quando resolvi fotografar minha época, escrevi este livro” – o livro atinge seu objetivo ao mostrar um painel vasto e bem fundamentado da atividade humana nas altas esferas. Como veículo para exposição de idéias, o romance se sustenta por ofertar um único ponto de vista, mal-distribuído entre as personagens, mas nem por isso menos relevante: o (ponto de vista) do autor, espectador privilegiado da Superclasse que (ao menos aparentemente), não perdeu o olho crítico que o fez eleger como musa, na juventude, sociedade mais “alternativa”. Como peça de ficção, o acerto na descrição do protagonista e seus procedimentos faz esquecer facilmente a fragilidade de composição das outras personagens, que – vistas com olhos mais benevolentes – poderia ser tida até como “intencional”. Em sentido exclusivamente literatos, PC se afasta a passos largos da literatura mística, quase de auto-ajuda, que o revelou, aproximando-se de maneira oblíqua de certa linhagem semi-confessional da moderna literatura, comum neste início de século. Mas o faz quase sem querer, porque não adestrou ainda a verve a ponto de escrever “somente um thriller”, ou mais uma “história de amor”.

Talvez por isso mesmo continue a ser (muito) lido, pela saudade que todos temos de uma Voz. A dele continua a falar.



sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Sobra a Arte do Convívio - Reflexos da Série House MD
Posted by Renato on Sep 30, '08 10:19 PM for everyone
O momento síntese da quarta temporada de “House MD” é aquele em que o Dr. Kutner relembra que o conceito popularizado como “a curva de Gauss” permite admitir como normal uma infinidade de observações, e define como distribuição anormal (“fora-da-curva”) os valores aquém e além de um determinado ponto em relação à média. Mais ou menos dois desvios-padrão é, então, somente uma abstração arbitrária em um universo de possibilidades matemáticas. E se isto poderia definir como “doente” o tal “Mr. Nice Guy” – um paciente cujo principal sintoma é a aceitação resignada de qualquer evento da vida, bom ou mal, de forma absurdamente gentil – poderia também definir House como tal por seu temperamento diametralmente oposto. Longe de julgá-lo, o discípulo age na total certeza de que irá curá-lo de sua rabugice, sem entender que fora vítima de mais um estratagema do Dr. Gregory House - o Pedro Bial do inferno.

Verdadeiro “Big Brother” cínico, a temporada brinca com o formato “reality-show” adotado em seus primeiros episódios (escritos antes da greve dos roteiristas), com clichês das séries de televisão (com direito a uso de metalinguagem), metáforas sherlockianas e toda sorte de citações pop.

Mas a série brinca principalmente com as emoções de todas as personagens. Foreman primeiro, mas na seqüência também Chase, Cameron e o próprio Wilson bailam em torno da figura de House como se incapazes de não se renderem a seu fascínio, com conseqüências que variam entre a aceitação do inevitável (Foreman e Chase), a curiosidade sexual (Cameron) e a busca pela individualidade (Wilson). Desta forma redesenham suas dimensões trágicas e – ao lado da “nova geração” – injetam novas nuances à dinâmica da história.

Os “novos” são “mais do mesmo”; nem por isso insignificantes em seus contextos e atribuições. Como a Dra. Allisson Cameron bem sacou em um dos últimos episódios, a Dra. Remy Hadley (chamada de “Treze” por House - seu número na primeira eliminatória) é colírio para os olhos do chefe: cargo que um dia foi seu. “Peça... e eu mando a ‘Treze’ embora agora”, diz H. com sua imensa cara de pau, mais preocupado em expor as fragilidades de ambas as moças para seu próprio deleite. Lawrence Kutner é o sucessor improvável, se controlar a insegurança e a língua, mas – como Foreman – é humilhado on a daily basis justamente por isto. Chris Taub, o cirurgião plástico, é a voz da razão e o advogado do diabo em quase todas as ocasiões difíceis. Lembra-me muito um colega meu, altamente cético e desconfiado: nunca vi um médico duvidar tão bem de si mesmo, de tudo e de todos. Por isso mesmo era alguém – como Taub - im-pres-cin-dí-vel na prática clínica diária. Todos são, contudo e em suas essência, apenas massa de manobra com a qual o chefe pode exercitar seus maquiavélicos movimentos de guerra psicológica.

Lisa Cuddy, a diretora – cada vez mais bonita e fa-tal, com direito a striptease e tudo! – é a única que percebe a essência da dominação de House, ao admitir que o “deixa solto a ano todo, fingindo não ver o que ele faz; só lhe pede para se comportar durante a visita do auditor” ou perceber que caiu direitinho no “conto das escolhas de equipe” (que só visava a permanência de Treze) Cuddy é a única a mostrar-se à altura intelectual das maquinações do cara - talvez por isso mesmo esteja elevada à condição de bola da vez já na quinta temporada, onde ela e o Greg devem – finalmente – matar a tesão reprimida por tantos e tantos episódios.

Já Amber - a preterida, Amber - a namoradinha do Wilson, Amber - a cadela (em tradução livre para “the bitch”): foi a surpresa da estação. Primeiro pela chatice - magistralmente interpretada e clichê das jovens executivas americanas modernas – depois pela lenta transformação em antagonista sedutora. E finalmente por seu desfecho, totalmente inesperado, porém bastante crível e bem urdido. A morte muda tudo, diria House na premiere da quinta temporada – mas quase morrer não significa nada, expressando toda sua perplexidade ao encontrar um adversário à altura. Cuddy? Não, ela joga no mesmo time. Amber? Não! – e olha que ela tentou com bastante força. A vida. Esta sim, uma cadela, esta sim, desconcertante, esta sim incrivelmente sem sentido ou razão, por isso mesmo imune aos esforços do próprio Gregory House em se debater.

Sempre em busca de resposta aos conflitos do homem contemporâneo, “House MD” firma-se como um oásis de inteligência na tevê, um instant classic em construção, obra aberta também às nossas interpretações, que se estendem ao terminar o show, como velhos casos clínicos aos quais sempre se volta em busca de alguma iluminação.
Sobre a Arte da Medicina OU Reflexões sobre uma magnífica série de televisão
Posted by Renato on Sep 11, '08 12:18 AM for everyone
Sobre a Arte da Medicina OU Reflexões sobre uma magnífica série de televisão
"House, M.D." é certamente a melhor série de tv jamais realizada sobre o meio médico. Principalmente porque não se resume à recente "desmistificação" da profissão médica que veio na esteira do interesse e sucesso do malfadado "E.R." ("Só existe uma coisa mais chata do que 'E.R. - Plantão Médico', são os médicos que gostam de discutir o programa", my quote), onde a "autopsia" dos procedimentos, da farmacologia, do aprendizado e de eventuais erros médicos era repetido ad nauseum sem nunca jamais sair do raso no questionamento dos (des)caminhos da profissão. Misto de sátira de costumes e reflexão filosófica, a série que venceu 2 Emmy 2004 (incluindo melhor ator para o sensacional Hugh Laurie - pelo papel-título) poderia ser ambientada em qualquer outro tipo de habitat profissional; toca em questões relevantes a respeito das relações interpessoais, questiona não só o modus operandi dos profissionais de saúde (incluindo o papel de médicos e enfermeiros, mas indo a fundo no desenrolar das funções exercidas por administradores e donos de hospitais); revela personagens ricos a cada momento (e qual melhor lugar para se obter um pequeno painel de uma sociedade que um grande hospital e seus freqüentadores?); tem diálogos curtos, diretos, incisivos, provocativos e inteligentes.Para completar, a cereja do bolo: Gregory House. Um personagem moderno, verdadeiro "Monk" M.D. (if u know what I mean) - rebelde, detestável e adorável a um só tempo, ambíguo e amargurado, que coloca em cheque (por vezes mate) toda a filosofia cartesiana que rege a moderna Medicina; sem abrir mão dos recursos tecnológicos mais modernos ou tampouco de uma visão "holística", aristotélica meio às avessas, que nos remete a um tempo em que a Arte de Curar era exercida mais com o cérebro e as mãos que com protocolos tipo receita-de-bolo ou ensaios clínicos.Dr. House erra (e muito!), luta muito por suas idéias, repele um falso humanismo ensinado na faculdade (empatia?) e não verdadeiramente existente no âmago da maioria de nós profissionais da área de saúde. E se é assim lá, lá na Meca da Medicina moderna - os EUA - que dirá aqui, nesta terra brasilis onde viramos meros executores de serviços médicos, humilhados pela subremuneração e pela conseqüente automatização da prática diária, espremidos entre um emprego e outro, eternamente atrasados e esgotados pelo acúmulo de funções e responsabilidades?Vale a pena, como complemento à série, (re)ler alguns dos diálogos memoráveis publicados no site do Internet Movie Database.

"THREE STORIES"

Brilhante, arrepiante, acachapante o penúltimo episódio da primeira temporada de "HOUSE, MD" exibido no Brasil pelo Universal Channel há poucos minutos atrás. Nada menos que perfeito, deixando no ar a quase improbabilidade do fechamento da temporada conseguir superá-lo em termos de técnica e emoção.Usando uma narrativa hiperbólica e circular, o capítulo denominado "Three Stories" liga as pontas soltas ao longo da série com maestria, coloca Greg House na incômoda (ex)posição de professor substituto no exato momento em que revê sua ex-mulher, a pessoa que lsalvou e desgraçou sua vida a um só tempo. Introspectivo, acuado, no limite de suas emoções, House usa a platéia de estudantes para exorcisar, em seqüência, os mitos da "Medicina Moderna" (com maiúsculas, aspas e abordagem tão cartesiana quanto científica), da infalibilidade profissional da classe e, por fim, seus próprios fantasmas.É com espanto que acompanhamos o crescente desenrolar dos três casos clínicos narrados pelo professor até descobrirmos, sem nos dar conta exatamente em que momento, que um deles é o próprio House. Hugh Laurie nos brinda com uma verdadeira "aula" de interpretação; a edição é alternadamente realista e alucinada; o clímax com a presença de seus auxiliares e da diretora do hospital, brindado com a percepção súbita de que o tempo passou por mais 20 minutos do que o necessário, leva-nos à conscientização de que também nós nos perdemos, enredados num novelo de ficção tão magistralmente elaborado que não vimos o tempo passar. Mudados pela catarse, como House, já não somos os mesmos.De quebra, the greatest quote of all, ao colocar secamente em frente aos estúpidos moleques esforçados e tipicamente arrogantes que se encontra em qualquer classe de escola médica, a verdade destinada a estar sempre lá fora, longe de nossos pensamentos: "Vocês estão condenados a matar pessoas. Pelo menos uma ou algumas vezes, vocês vão estar errados e arruinarão tudo. Ou vocês se conscientizam disto ou é melhor procurarem outra profissão."Palmas para meu tio Aramis, médico como eu, que numa conversa noturna num plantão de CTI, certa vez fez o mesmo tipo de questionamento rápido usado por House, "as fast as only death can be", a respeito de um tamponamento cardíaco em um paciente imaginário, quebrando toda a tosca figura de médico que eu vinha lentamente produzindo ao longo do internato, mostrando-me que há certos casos para os quais não há tempo para pensar, certas coisas em um médico que devem ser automáticas, tão entronizadas em seu ser como uma segunda pele, desencadeando imediatamente mecanismos que o levem a agir. Foi em cima desses escombros de realidade pura, ao longo de mais de 13 anos de profissão, que venho lentamente juntando as peças do quebra-cabeças médico que eu e todos nós confrontamos diariamente.Bravo para "House, MD"! Bravo pela coragem, clareza de espírito, profundidade filosófica e propriedade das argumentações expostas num programa de tão alto nível que catapulta a televisão a um status de pura Arte. Bravíssimo!

"ACEITAÇÃO"

Prometo não contar nada! Esta é só para deixar os fãs brasileiros (se desplugados) com água na boca..."Acceptance" é o primeiro capítulo da segunda temporada de "House MD", a premiada série que vem subvertendo noções filosóficas sobre vida, morte e medicina pela Fox americana. Nele o roteirista David Shore mostra mais uma vez que não acredita no mote de seu personagem principal: "everybody lies".Lado a lado com os dramas humanos está a fina ironia de Greg House, o humanismo doce da Dra. Cameron, a insegurança do boa-praça ex-ladrão-de-carros (Dr. Foreman), a vivência do oncologista (interpretado com "punch" por Robert Sean Leonard) ilustrando os mais jovens, e surpreendentemente um Dr. Chase (o "australiano traidor" da primeira temporada) quase calado. Mas o fato é que o episódio transborda VERDADE, apesar do protagonista mais uma vez empurrar os limites da ética e da responsabilidade além dos limites convencionais; e deixa na boca mais uma vez um gostinho de "quero mais" ao nos emocionar com a resolução clara, simples e profundamente honesta não só dos casos clínicos como dos conflitos pessoais.

Eu disse que não iria contar nada lá no topo do texto? Bem, todo mundo mente...

"When a good person dies, there should be an impact on the world. Somebody should notice. Somebody should be upset."

"Quando uma boa pessoa morre, isso deveria causar um impacto no mundo. Alguém deveria notar. Alguém deveria ficar chateado."

Na verdade acho que só coloquei este último review para ter um motivo de postar estas belas e necessárias palavras.

"AUTOPSY / DISSECÇÃO"

"House" é um vício. E escrever sobre House, começa a ser um vício também.Quando eu penso que já chega, vamos deixar para fazer uma grande resenha no final da nova temporada que ora se inicia; David Shore nos brinda com mais um motivo para crer que as séries televisivas jamais serão as mesmas depois da impressionante série sobre a "freak medicine" de Gregory House e seus pupilos."Autopsy" é House "pushing the limits once again" , com uma seringa alucinógena em uma das mãos e o golpe mais certeiro a ser aplicado numa história médica na outra: a menininha com câncer.Terminei de assistir lavado em lágrimas, numa homenagem involuntária a cada uma dessas bravas crianças, amadurecidas precocemente e certamente especiais, que a doença devasta e que se perfilaram, uma a uma representadas pela carequinha de Andy, a protagonista da história.House mexe com o perigo, mexe com as emoções de nós médicos de uma forma cruel e violenta, mas transforma o amargo em doce ao nos darmos conta de que é mesmo o médico - pelo menos o médico minimamente capacitado e dedicado - o bravo e a vítima simultâneos, a percorrer este longo caminho que escolhemos, capaz de levar-nos tão somente a dois destinos: a loucura ou a indiferença. House abraça a segunda, mas vive a primeira, sua doce Alma blindada em busca de algo que julga que lhe foi tomado pela profissão e pela vida. Lentamente David Shore começa a nos mostrar o longo caminho de volta, onde Dr. House já entrevê que somente ela, a Medicina, pode ser capaz de lhe devolver o que é seu e de todo ser humano: a vontade de viver.

(textos publicados originalmente em http://renatovwbach.multiply.com, depois reunidos para o Recanto das Letras, onde obtivemos mais de dois mil pageviews)

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10 maiores poetasOct 24, '05 8:49 PM
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1. Fernando Pessoa

2. Arthur Rimbaud

3. Rainer Maria Rilke

4. Walt Whitman

5. Pablo Neruda

6. Stephane Mallarmé

7. e. e. cummings

8. T. S. Elliot

9. Omar Khayyam

10. Paulo Leminski

Blog EntryThérèse Martin (1873-1897)Oct 20, '05 8:12 PM
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"Durante muito tempo perguntava a mim mesma por que Deus tinha preferências, porque todas as almas não recebiam igual medida de graças. Admirava-me de vê-lo prodigalizar favores extraordinários a Santos que o tinham ofendido, como São Paulo, Santo Agostinho, e aos quais forçava, por assim dizer, a receberem suas graças; (...) por que os pobres selvagens, por exemplo, morriam em grande número, antes mesmo de terem ouvido pronunciar o nome de Deus... Dignou-se Jesus esclarecer-me a respeito deste mistério. Pôs-me diante dos olhos o livro da natureza, e compreendi que todas as flores por Ele criadas são formosas, que o esplendor da rosa e a brancura do lírio não eliminam a fragrância da violetinha e a simplicidade da bonina... Fiquei entendendo que se todas as florzinhas quisessem ser rosas, perderia a natureza sua gala primaveril, já não ficariam os vergéis esmaltados de florinhas...

Outro tanto acontece no mundo das almas, que é o jardim de Jesus. Quis Ele criar os grandes Santos que podem comparar-se aos lírios, e às rosas; mas criou-os também mais pequenos, e estes devem contentar-se em serem boninas ou violetas, cujo destino é deleitar os olhos do Bom Deus, quando as humilha debaixo de seus pés. Consiste a perfeição em fazer sua vontade, em ser o que Ele quer que sejamos...

Entendi ainda que o amor de Nosso Senhor se revela tão bem na mais simples das almas que em nada resiste à sua graça, como na mais sublime das almas. Com efeito, sendo o abaixar-se coisa própria do amor, se todas se assemelhassem às almas dos Santos Doutores (...) parece que o Bom Deus não teria que descer tão baixo, quando chega ao coração delas. Ele, porém, criou a criancinha que nada sabe e só pode soltar débeis vagidos; criou o pobre selvagem que não dispõe, para sua orientação, senão da lei natural; aos seus corações é que se digna baixar, onde se encontram suas flores campestres, cuja simplicidade o arrebata... Condescendendo desta maneira o Bom Deus mostra sua infinita grandeza. Assim como o sol clareia ao mesmo tempo os cedros e cada pequena flor, como se na terra só ela existisse, assim também Nosso senhor se ocupa em particular de cada alma, como se não houvesse outra semelhante; e como na natureza todas as estações se dispõem de molde a fazer desabrochar na data prevista a mais singela margarida, assim também todas as coisas estão proporcionadas para o bem de cada alma."

("História de Uma Alma", Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, Manuscrito "A")

Quando "A História de Uma Alma" me veio às mãos, lá pelos idos de 1997, eu andava longe de minhas raízes católicas. Passados oito anos, vários acontecimentos me mostraram a verdadeira face desta associação de homens tão poderosa e falha, tão humana e diferente em sua política do que poderiam prever seus ideais e muita água rolou debaixo da ponte. Mas Santa Teresinha resta ainda como uma das "grandes almas" a quem recorro em busca de palavras não só de conforto, mas também de altíssima Humanidade e Sabedoria.

À primeira vista sua filosofia pode parecer masoquista a olhos não acostumados às premissas do ideário cristão. Mas poucos sabem, hoje em dia, a verdadeira revolução que causaram quando do aparecimento dos manuscritos autobiográficos (escritos durante sua longa enfermidade, à pedido de sua irmã, Madre Superiora do Carmelo de Lisieux). Lançados em 1898, subverteram a noção de santidade vigente na época - intimamente ligada a martírios de toda sorte, transportes místicos, vidas inteiramente diversas da que uma pessoa comum poderia levar. Da mesma forma, seu "Caminho da Infância Espiritual" foi, talvez, o contraponto perfeito ao hedonismo e individualismo freudianos que acabariam por prevalecer no século XX.

Teresinha dizia que, quando uma criança cai, às vezes até por descuido de um de seus pais, não se volta para estes revoltada, acusando-os de negligência, mas sim corre para seus braços em busca de conforto. Da mesma forma poderíamos nós, uma vez confiantes na existência de um Deus pessoal, personalíssimo, paternal e preocupado com o destino de cada um ("Nenhum fio de cabelo cairá de sua cabeça se Deus não permitir...", diria Jesus), aconchegarmos nos braços deste Pai carinhoso e encontrar, cada um, a sua própria paz. Pois o que Teresinha propõe difere daquela visão conformista e rasteira com que a fé é servida diariamente nas igrejas de todo mundo; aproxima-se dos conceitos de "salvação pela Graça" de Lutero (e não pelos próprio méritos, como no Catolicismo e no Espiritismo) e dos caminhos do autoconhecimento hoje popularizados por livrinhos que tanto vendem a quem procura "ajuda". É, portanto, não só um caminho de vida espiritual, como ainda o reflexo de um esforço imenso de auto-controle e conhecimento paulatino de si mesmo, em busca de um equilíbrio perfeito com a natureza e os entes que nos cercam. Uma verdadeira Filosofia integral, uma outra abordagem da Psiquê humana que muito perdem em não conhecer aqueles que não o fazem por puro preconceito, por entenderem não haver aplicabilidade prática no Cristianismo como em outras doutrinas menos restritivas.

Teresinha não é restritiva. Sua vidinha absolutamente comum, encerrada num convento carmelita descalço dos 15 aos 24 anos, desdobra uma Filosofia cujo cerne é absolutamente Humano. A despeito dos (pre)conceitos da época - afinal, foi mulher de seu tempo - ela desejou abraçar a Humanidade toda, e a delicadeza de suas palavras contrasta vivamente com todo e qualquer fanatismo.

Talvez por isso a fama imediata, os "milagres" relatados já nos front da I Guerra Mundial, a canonização em 1925 como resposta ao intenso clamos popular, as acusações (depois refutadas) de que jamais uma menina enclausurada poderia criar tamanha doutrina, a força com que sua imagem penetrou no imaginário (e até no folclore) ocidental, inclusive no Brasil.

Considero Thérèse Martin por tudo isso, um dos faróis do Século que a sucedeu, e uma mulher absolutamente moderna e essencial para quem estuda a cultura e a literatura ocidentais.

Leia mais sobre "Teresinha de Jesus" no site oficial do Carmelo de Lisieux (em português e com detalhes sobre a devoção e o folclore em torno da Santa no Brasil}.

Diante da brilhante exposição de argumentos realizada por João Ubaldo Ribeiro n'O Globo de domingo 16 de outubro (ontem), prometo não voltar a tocar no assunto "referendo do desarmamento", deixando isto para os mestres.

Continuo votando pelo "NÃO", pelos motivos expostos anteriormente, mas João Ubaldo pôs uma pá de cal nas pretensões de qualquer outro incauto em debater o assunto. Recomendo a todos a leitura (disponível durante a semana no globo online).

Blog Entry"O Calibre"Oct 13, '05 7:18 PM
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O Calibre

Paralamas Do Sucesso

Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo

Sem saber o calibre do perigo

Eu não sei, daonde vem o tiro (2x)

Por que caminhos você vai e volta?

aonde você nunca vai

e que esquinas você nunca para?

à que horas você nunca sai?

Há quanto tempo você sente medo?

Quantos amigos você ja perdeu?

Enfrigerado vivendo em segredo

e ainda diz que não é problema seu

E a vida já não é mais vida

no caos ninguém é cidadão

as promessas foram esquecidas

Não há estado, não há mais nação

perdido em números de guerra

rezando por dias de paz

não ve que a sua vida aqui se encerra

com uma nota curta nos jornais

Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo

Sem saber o calibre do perigo

Eu não sei, daonde vem o tiro (2x)

Por que caminhos você vai e volta?

aonde você nunca vai

e que esquinas você nunca para?

a que horas você nunca sai?

Há quanto tempo você sente medo?

Quantos amigos você ja perdeu?

Enfrigerado vivendo em segredo

e ainda diz que não é problema seu

A vida já não é mais vida

no caos ninguém é cidadão

as promessas foram esquecidas

Não há estado, não há mais nação

perdido em números de guerra

rezando por dias de paz

não ve que a sua vida aqui se encerra

com uma nota curta nos jornais

Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo

Sem saber o calibre do perigo

Eu não sei, daonde vem o tiro (2x)

eu vivo sem saber...

até quando ainda estou vivo

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Ouvi esta música depois de algum tempo e só agora reconheci nela a agudeza de raciocínio e a perfeição da descrição de nosso dia-a-dia na ex-"Cidade Maravilhosa"...

Perfeito, Herbert Vianna.

Surpreendente e absurda a "anti-notícia" que só o programa "MANHATTAN CONNECTION" ousou levar ao ar na tv brasileira (na noite de ontem): ESTAMOS PROIBIDOS DE DEBATER PUBLICAMENTE SOBRE O REFERENDO DO DESARMAMENTO!!!!

Vocês sabiam???

Ao comentar o assunto, o correspondente em NY Lucas Mendes teve que usar uma comparação elíptica entre as quedas nas taxas de criminalidade em NY e Miami (a primeira, através da repressão ao porte de armas - queda de 30%; a segunda, através do estímulo à compra e porte das mesmas, bem como à reação armada a assaltos e outras bandidagens), elucidando-nos (eu não sabia!) que a imprensa falada (rádio e tv) está proibida por lei de comentar e debater o assunto. Isto significa que só poderemos tirar nossas conclusões através da propaganda "oficial" das duas frentes paralamentares...

Diogo Mainardi, revoltado, ainda tentou discorrer, não sobre o desarmamento, mas sobre esta proibição em si, e foi solenemente cortado pelo âncora do programa (o citado L.M.), que argumentou que "não adianta falar, pq vão cortar msm na edição").

Um absurdo a mais neste circo de horrores e contra-sensos que se tornou a política brasileira, movida por interesses obscuros e capitaneada por um partido stalinista e ditatorial.

PERGUNTO: e nós, aqui na web? Tb estamos contra a lei ao expressar nossa opinião?

É o fim de todos os fins da picada e do mundo. Estou estupefato.

OBS: Parabéns ao programa por, ao menos tangencialmente, expôr a questão.

Blog EntryFalação que consome o tempoOct 9, '05 2:00 AM
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Falação que consome o tempo

Miguel Bezzi Conde *

Sobre falar merda, de Harry G. Frankfurt. Tradução de Ricardo Gomes Quintana. Editora Intrínseca, 68 páginas. R$ 19,90

Oportuno artigo do caderno Prosa & Verso d'O Globo de ontem, 08/10/2005, no qual o analista discorre sobre o trabalho best-seller de Harry G. Frankfurt, uma tese aparentemente brilhante e inédita sobre um dos maiores males que afligem nossa sociedade nestes tempos de acesso fácil à informação - ou pior, acesso imediato à propagação e difusão de informação, nem sempre verdadeira.

Trecho: Frankfurt procura definir o “falar merda” através de uma comparação com outras formas de desonestidade: a mentira, o blefe, a dissimulação. Sua conclusão é que ele não apenas é um fenômeno distinto de todos esses, como também é, de todos, o mais danoso à verdade, porque sua essência é uma “falta de preocupação com a verdade”, ou “indiferença em relação ao modo como as coisas realmente são”.

OBS.1. Para ter acesso ao artigo, é só se cadastrar no Globo Online.

OBS.2. Este link é especial para meu amigo Lefebvre de Saboya, um verdadeiro "cruzado" contra a falação inconseqüente em seu blog "Breves Notas".

Blog EntryQual a sua opinião?Oct 6, '05 11:46 PM
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1. Você sabia que a ATUAL lei sobre comercialização de armas de fogo, já proíbe a comercialização de armas de fogo no território nacional salvo com autorização da POLICIA FEDERAL???

2. Você sabia que qualquer cidadão que queira comprar uma arma de fogo deve ter, no mínimo 25 anos, comprovar residência fixa, comprovar renda e emprego, passar por uma investigação completa pelas Polícias Federal e Civil, passar por um exame médico para avaliar se o candidato não usa medicamentos que comprometam seu sistema cognitivo ou tenha alguma impossibilidade fisiológica para obter uma arma, depois o candidato passa por um extenso exame psicológico, depois o candidato tem que passar por um treinamento e fazer uma prova prática e só depois ele tem que pagar uma pesada taxa (cerca de 600 reais) e só depois ele consegue uma autorização para adquirir a arma???

3. Você sabia que esta autorização só permite que o cidadão tenha uma arma em casa e não permite que ele transite com ela (autorização para comprar arma NÃO é porte de arma)???

4. Você sabia que o direito de possuir armas de fogo, além de estar condicionado a esta série de testes mostrados anteriormente ainda assim é apenas um direito, não é uma obrigação e portanto quem não gosta de armas de fogo vai continuar sem possuí-las???

5. Você sabia que uma pesquisa feita junto aos órgão de estatística das polícias Civl, Militar e Federal apontou uma percentual de menos de 1% de acidentes ou crimes com armas legais???

6. Você sabia que o que mais causa morte violenta no Brasil é o transito e ninguém nunca cogitou proibir o uso de veículos automotores???

7. Você sabia que o cigarro mata muito mais do que as armas de fogo??????

8. Você sabia que a proibição do direito de legítima defesa coloca todos os cidadãos honestos reféns da criminalidade???

9. Você sabia que o maior defensor, na história da humanidade, do desarmamento era Hitler?

10. Você sabia que os Estados Unidos da América usam de sua influencia e de sua agencia de serviços secretos (CIA) para impor, junto aos outros países, campanhas de desarmamento, para que estes possam ser mais facilmente subjugados no caso de uma intervenção mais radical americana???

11. Você sabia que as únicas batalhas e guerras perdidas pelo exército americano foram por causa de operações de guerrilha (Guerra do Vietnam, Batalhas no Afeganistão e Milhares de Vidas de Soldados americanos no Iraque) cujas baixas foram infligidas pela população armada???

12. Você sabia que foi o direito da população de usar armas que garantiu a independência americana (que era colônia Inglesa) e que por isso nos Estados Unidos este direito é sagrado e nunca pode ser mudado pois garante a soberania do país e a defesa da população contra qualquer governo tirano?

13. Você sabia que no Brasil é e sempre foi proibida a venda de fuzis tais como o AR15,e o AK47 que SEMPRE são vistos na televisão na mão dos traficantes e nos assaltos???

14. Você sabia que sempre foi proibido roubar, matar e estuprar e no entanto esta proibição nunca diminuiu a violência??????

15. Você sabia que os parlamentares interessados no desarmamento são sócios, donos ou recebem propinas de empresas de segurança privada????

16. Você sabia que com a proibição do direito de legitima defesa, os Juízes, promotores, advogados, e todos aqueles que defendem a sociedade também ficarão indefesos e reféns do crime organizado?

17. Você sabia que os policiais vão virar reféns do crime pois muitos deles serão obrigados a ir para casa desarmados pois eles devem passar sua arma da corporação para o próximo que pega serviço?

18. Você sabia que a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos foi o fator que mais incentivou as vendas ilegais de bebida, fortaleceu as máfias e solidificou o crime organizado nos Estados Unidos e que tal medida vai criar o mesmo problema no Brasil?

19. Você sabia que uma arma de fogo legal custa cerca de dois mil reais e que somados às taxas o cidadão honesto vai pagar mais de dois mil e seiscentos reais e que a mesma arma no mercado negro custa cerca de trezentos reais????

20. Você sabia que se um bandido entrar na sua casa e matar alguém da sua família, e se for réu primário, com os benefícios da lei e com a progressão de regime ele só vai pegar dois anos de cadeia por homicídio e que se você, se defender com um arma de fogo e ela for ilegal o senhor, pega 4 anos de cadeia?? Mesmo sem fazer um único disparo (só pela posse de arma ilegal)??

21. Você sabia que os bandidos vão fazer a festa, invadir a casa que quiserem , matar e estuprar sem medo, quando souberem que eles NUNCA vão encontrar qualquer resistência da sociedade??

22. Você sabia que em cinco minutos um bandido entra em uma casa, mata
a
família inteira
e ainda rouba uma residência??

23. Você sabia que 5 minutos é quase um tempo recorde para o primeiro policial chegar até a sua casa???

24. Você sabia que das armas recolhidas, mais de noventa por cento eram sucata e já foi noticiado pelos jornais que parte das armas ainda em condições de uso desapareceram???

25. Você sabia que esta campanha provavelmente só serviu para tirar as armas das mãos de cidadãos honestos e coloca-las nas mãos de bandidos?

26. Você sabia que nos paises mais desenvolvidos, os cidadãos não só podem ter armas como também podem portá-las (andar com as mesmas) para se defenderem pois em nenhum lugar do mundo a policia pode proteger o cidadão 100% do tempo??

27. Você sabia que se proibirem o cidadão de se defender e depois a sociedade se arrepender constatando que o crime piorou e muito, vai ser tarde demais???

28. Você já viu algum desses defensores da proibição da venda de armas colocar um cartaz nas suas casas "Aqui ninguém tem arma nenhuma"???

29. Você colocaria um cartaz na porta da sua casa escrito "Aqui não tem arma nenhuma"????

30. Você sabia que se a venda de armas for proibida você nem vai precisar por este cartaz na sua porta????

(cortesia da Profª Francine Cavagnari, via e-mail)

Resumo: Hoje a totalidade da classe falante é incapaz de suspeitar que exista alguma investigação científica por trás de uma sucessão ininterrupta de previsões certas.

"Eu deveria estar grato ao sr. presidente da República. Quando praticamente a mídia nacional inteira se empenha em camuflar as atividades ou até em negar a existência do Foro de São Paulo, tachando de louco ou fanático aquele que as denuncia, vem o fundador mesmo da entidade e dá todo o serviço, comprovando de boca própria as suspeitas mais deprimentes e algumas ainda piores que elas.

O discurso presidencial de 2 de julho de 2005, pronunciado na celebração dos quinze anos de existência do Foro e reproduzido no site oficial do governo, http://www.info.planalto.gov.br/download/discursos/pr812a.doc, é a confissão explícita de uma conspiração contra a soberania nacional, crime infinitamente mais grave do que todos os delitos de corrupção praticados e acobertados pelo atual governo; crime que, por si, justificaria não só o impeachment como também a prisão do seu autor.

À distância em que estou, só agora tomei ciência integral desse documento singular, mas os chefes de redação dos grandes jornais e de todos os noticiários de rádio e TV do Brasil estiveram aí o tempo todo. Tendo sabido do discurso desde a data em que foi pronunciado, ainda assim continuaram em silêncio, provando que sua persistente ocultação dos fatos não foi fruto da distração ou da pura incompetência: foi cumplicidade consciente, maquiavélica, com um crime do qual esperavam obter não se sabe qual proveito. O sentido destes parágrafos, uma vez desenterrado do lixo verbal que lhe serve de embalagem, é de uma nitidez contundente:

" Em função da existência do Foro de São Paulo, o companheiro Marco Aurélio tem exercido uma função extraordinária nesse trabalho de consolidação daquilo que começamos em 1990... Foi assim que nós, em janeiro de 2003, propusemos ao nosso companheiro, presidente Chávez, a criação do Grupo de Amigos para encontrar uma solução tranqüila que, graças a Deus, aconteceu na Venezuela. E só foi possível graças a uma ação política de companheiros. Não era uma ação política de um Estado com outro Estado, ou de um presidente com outro presidente. Quem está lembrado, o Chávez participou de um dos foros que fizemos em Havana. E graças a essa relação foi possível construirmos, com muitas divergências políticas, a consolidação do que aconteceu na Venezuela, com o referendo que consagrou o Chávez como presidente da Venezuela. Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os nossos companheiros do movimento social, dos partidos daqueles países, do movimento sindical, sempre utilizando a relação construída no Foro de São Paulo para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política ."

O que o sr. presidente admite nesses trechos é que:

1º. O Foro de S.P. é uma entidade secreta ou pelo menos camuflada ("construída... para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política").

2º. Essa entidade se imiscui ativamente na política interna de várias nações latino-americanas, tomando decisões e determinando o rumo dos acontecimentos, à margem de toda fiscalização de governos, parlamentos, justiça e opinião pública.

3º. O chamado "Grupo de Amigos da Venezuela" não foi senão um braço, agência ou fachada do Foro de São Paulo ("em função da existência do Foro... foi que propusemos ao companheiro presidente Chavez...").

4º. Depois de eleito em 2002, ele, Luís Inácio Lula da Silva, ao mesmo tempo que pro forma abandonava seu cargo de presidente do Foro de São Paulo, dando a impressão de que estava livre para governar o Brasil sem compromissos com alianças estrangeiras mal explicadas, continuou trabalhando clandestinamente para o Foro, ajudando, por exemplo, a produzir os resultados do plebiscito venezuelano de 15 de agosto de 2004 ("graças a essa relação foi possível construirmos a consolidação do que aconteceu na Venezuela"), sem dar a menor satisfação disso a seus eleitores.

5º. A orientação quanto a pontos vitais da política externa brasileira foi decidida pelo sr. Lula não como presidente da República em reunião com seu ministério, mas como participante e orientador de reuniões clandestinas com agentes políticos estrangeiros ("foi uma ação política de companheiros, não uma ação política de um Estado com outro Estado, ou de um presidente com outro presidente"). Acima de seus deveres de presidente ele colocou sua lealdade aos "companheiros".

O sr. presidente confessa, em suma, que submeteu o país a decisões tomadas por estrangeiros, reunidos em assembléias de uma entidade cujas ações o povo brasileiro não devia conhecer nem muito menos entender.

Não poderia ser mais patente a humilhação ativa da soberania nacional, principalmente quando se sabe que entre as entidades participantes dessas reuniões decisórias constam organizações como o MIR chileno, seqüestrador de brasileiros, e as Farc, narcoguerrilha colombiana, responsável segundo seu parceiro Fernandinho Beira-Mar pela injeção de duzentas toneladas anuais de cocaína no mercado nacional.

Nunca um presidente eleito de qualquer país civilizado mostrou um desprezo tão completo à Constituição, às leis, às instituições e ao eleitorado inteiro, ao mesmo tempo que concedia toda a confiança, toda a autoridade, a uma assembléia clandestina repleta de criminosos, para que decidisse, longe dos olhos do povo, os destinos da nação e suas relações com os vizinhos. Nunca houve, no Brasil, um traidor tão descarado, tão completo e tão cínico quanto Luís Inácio Lula da Silva.

A maior prova de que ele ludibriou conscientemente a opinião pública, mantendo-a na ignorância das operações do Foro de São Paulo, é que, às vésperas da eleição, amedrontado pelas minhas constantes denúncias a respeito dessa entidade, mandou seu "assessor para assuntos internacionais", Giancarlo Summa, acalmar os jornais por meio de uma nota oficial do PT, segundo a qual o Foro era apenas um inocente clube de debates, sem nenhuma atuação política .

E agora ele vem vem se gabar da "ação política de companheiros", praticada com recursos do governo brasileiro às escondidas do Parlamento, da justiça e da opinião pública.

Comparado a delito tão imenso, que importância têm o Mensalão e fenômenos similares, senão enquanto meios usados para subsidiar operações parciais no conjunto da grande estratégia de transferência da soberania nacional para a autoridade secreta de estrangeiros?

Pode haver desproporção maior do que entre vulgares episódios de corrupção e esse crime supremo ao qual serviram de instrumentos?

A resposta é óbvia. Mas então por que tantos se prontificam a denunciar os meios enquanto consentem em continuar acobertando os fins?

Aqui a resposta é menos óbvia. Requer uma distinção preliminar. Os denunciantes dividem-se em dois tipos: (A) indivíduos e grupos comprometidos com o esquema do Foro de São Paulo, mas não diretamente envovidos no uso desses meios ilícitos em especial; (B) indivíduos e grupos alheios a uma coisa e à outra.

O raciocínio dos primeiros é simples: vão-se os anéis mas fiquem os dedos. Já que se tornou impossível continuar ocultando o uso dos instrumentos ilícitos, consentem em entregar às feras os seus operadores mais notórios, de modo a poder continuar praticando o mesmo crime por outros meios e outros agentes. O conteúdo e até o estilo das acusações subscritas por essas pessoas revelam sua natureza de puras artimanhas diversionistas. Quando atribuem a corrupção do PT, que vem desde 1990, a acordos com o FMI firmados a partir de 2003, mostram que sua ânsia de mentir não se inibe nem diante da impossibilidade material pura e simples. Quando lançam as culpas sobre "um grupo", escamoteando o fato de que as ramificações da estrutura criminosa se estendiam da Presidência da República até prefeituras do interior, abrangendo praticamente o partido inteiro, provam que têm tanto a esconder quanto os acusados do momento.

Mais complexas são as motivações do grupo B. Em parte, ele compõe-se de personagens sem fibra, física e moralmente covardes, que preferem ater-se ao detalhe menor por medo de enxergar as dimensões continentais do crime total. Há também o subgrupo dos intelectualmente frouxos, que apostaram na balela da "morte do comunismo" e agora se sentem obrigados, para não se desmentir, a reduzir a maior trama golpista da história da América Latina às dimensões mais manejáveis de um esquema de corrupção banal, despolitizando o sentido dos fatos e fingindo que Lula é nada mais que um Fernando Collor sem jet ski. Há os que, por oportunismo ou burrice, colaboraram demais com a ascensão do partido criminoso ao poder e agora se sentem divididos entre o impulso de se limpar do ranço das más companhias em que andaram, e o de minimizar o crime para não sentir o peso da ajuda cúmplice que lhe prestaram. Há os pseudo-espertos, que dão refrigério ao inimigo embalando-se na ilusão louca de que é mais viável derrotá-lo roendo-o pelas beiradas do que acertando-lhe um golpe mortal no coração. Há por fim os que realmente não estão entendendo nada e, com o tradicional automatismo simiesco da fala brasileira, saem apenas repetindo o que ouvem, na esperança de fazer bonito.

Peço encarecidamente a todos os inflamados acusadores anticorruptos das últimas semanas -- políticos, donos de meios de comunicação, empresários, jornalistas, intelectuais, magistrados, militares – que examinem cuidadosamente suas respectivas consciências, se é que alguma lhes resta, para saber em qual desses subgrupos se encaixam. Pois, excetuando aqueles poucos brasileiros de valor que subscreveram em tempo as denúncias contra o Foro de São Paulo, todos os demais fatalmente se encaixam em algum.

Seria absurdo imputar tão somente a Lula e ao Foro de São Paulo a culpa do apodrecimento moral brasileiro, esquecendo a contribuição que receberam desses moralistas de ocasião, tão afoitos em denunciar as partes quanto solícitos em ocultar o todo. Nada poderia ter fomentado mais o auto-engano nacional do que essa prodigiosa rede de cumplicidades e omissões nascidas de motivos diversos mas convergentes na direção do mesmo resultado: criar uma falsa impressão de investigações transparentes, uma fachada de normalidade e legalidade no instante mesmo em que, roída invisivelmente por dentro, a ordem inteira se esboroa.

A destruição da ordem e sua substituição por "um novo padrão de relação entre o Estado e a sociedade", decidido em reuniões secretas com estrangeiros, tal foi o objetivo confesso do sr. Lula. Esse objetivo, disse ele em outra passagem do mesmo discurso, deveria ser alcançado e consolidado "de tal forma que isso possa ser duradouro, independente de quem seja o governo do país".

O que se depreende da atitude daqueles seus críticos e acusadores é que, nesse objetivo geral, o sr. Lula já saiu vitorioso, independentemente do sucesso ou fracasso que venha a obter no restante do seu mandato. A nova ordem cujo nome é proibido declarar já está implantada, e sua autoridade é tanta que nem mesmo os inimigos mais ferozes do presidente ousam contestá-la. Todos, de um modo ou de outro, já se conformaram ao menos implicitamente em colocar o Foro de São Paulo acima da Constituição, das leis e das instituições brasileiras. Se reclamam de roubalheiras, de desvios de verbas, de mensalões e propinas, é precisamente para não ter de reclamar da transferência da soberania nacional para a assembléia continental dos "companheiros", como Hugo Chávez, Fidel Castro, os narcoguerrilheiros colombianos e os seqüestradores chilenos. É como a mulher estuprada protestar contra o estrago no seu penteado, esquecendo-se de dizer alguma coisinha, mesmo delicadamente, contra o estupro enquanto tal.

Talvez os feitos do sr. Lula e do seu maldito Foro não tenham trazido ao Brasil um dano tão vasto quanto essa inversão total das proporções, essa destruição completa do juízo moral, essa corrupção integral da consciência pública. Nunca se viu um acordo tão profundo entre acusado e acusadores para permitir que o crime, denunciado com tanto alarde nos detalhes, fosse tão bem sucedido nos objetivos de conjunto "sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem".

Não é elogio nem auto-elogio

Em 22 de fevereiro de 2003 escrevi no Globo: "A direita fisiológica imaginou que, bajulando o dominador, ganharia tempo para recompor-se e derrotá-lo um dia. Ledo engano. Se fora do governo a esquerda já logrou reduzir os Magalhães e os Malufs ao mais humilhante servilismo, no governo não descansará enquanto não os atirar à completa impotência e marginalidade. Não dou dois anos para que cada um deles, culpado ou inocente, esteja na cadeia, no exílio ou no mais profundo esquecimento."

Magalhães foi para o museu faz mais de um ano. Maluf está na cadeia.

Em 11 de março de 2004 escrevi no Jornal da Tarde: "O partido governante não tem a menor intenção de curvar-se às exigências morais e legais das quais se serviu durante uma década para destruir reputações, afastar obstáculos, chantagear a opinião pública e conquistar a hegemonia. Denúncias e acusações não têm a mínima condição de obrigá-lo a isso, porque não há força organizada para transformá-las em armas políticas."

O STF vetou os processos de cassação de mandatos contra José Dirceu e os demais acusados petistas (até agora o único punido foi, não por coincidência, o denunciante dos crimes).

Há mais de uma década, todas as previsões que fiz sobre os rumos da política nacional se confirmaram, enquanto os mais badalados comentaristas e politólogos, da mídia e das universidades, não acertavam uma, uma sequer (breve mostruário em http://www.olavodecarvalho.org/semana/050625globo.htm).

Como se explica um contraste tão acachapante?

Quinta-feira da semana retrasada, ao receber-me na Atlas Foundation de Washington para a breve alocução que ali pronunciei, Alejando Chafuen, presidente da entidade, economista e filósofo de fama mundial, disse que as minhas análises estavam entre as mais valiosas realizações que ele já tinha visto no campo da ciência política. Não entendo isso como elogio, mas como o simples reconhecimento de um fato. O poder de previsão fundado na análise racional dos dados é a marca mais característica e inconfundível do saber científico. Tenho despendido uma energia considerável no empenho de compreender cientificamente a sociedade e, se o resultado é algum conhecimento efetivo, não há nisso surpresa maior do que aquela que você tem quando deixa o carro enguiçado no mecânico e no dia seguinte o carro sai funcionando. É verdade que meus trabalhos teóricos, como "Ser e Poder" e "O Método nas Ciências Humanas", que circulam como apostilas de meus cursos na PUC do Paraná, continuam inéditos em livro e não têm como ser resumidos em artigos de jornal, onde as conclusões monstruosamente compactadas da sua aplicação aos fatos do dia aparecem como se nascidas do nada. Mas já vão longe os tempos em que o editor Schmidt, pela leitura de uns relatórios de prefeito do interior de Alagoas, adivinhava um romancista oculto. Hoje a totalidade da classe falante é incapaz de suspeitar que exista alguma investigação científica por trás de uma sucessão ininterrupta de previsões certas que, de outra forma, só se explicariam por dons sobrenaturais como a sabedoria infusa de São Lulinha."

Publicado pelo Diário do Comércio em 26/09/2005.

© 2005 MidiaSemMascara.org

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OPINIÃO:

É, o Sr. Olavo de Carvalho é assim, um Paulo Francis meio torto que - como o outro intelectual citado - nem sempre acerta em suas opiniões e previsões. Desta vez, porém... vem acertando há anos!!!

É, de qualquer modo, leitura obrigatória para quem quiser fugir do lugar-comum da atividade jornalística vigente no país (voltada para o próprio umbigo no interior, sambando ao sabor dos ventos políticos nas capitais).

Se vc não gosta, não leia. O Sr. Olavo é um indivíduo de direita - talvez o único assumido, o último, como na piada do "último comunista" - mas é uma inteligência clara, lúcida e bem-informada. Quer se concorde ou discorde do que diz. Leio-o como um exercício de inteligência, assim como acho hoje indispensável saber o que acham os "radicais de esquerda" (PSTU, PSOL), num momento político em que a esquerda tradicional (PT, PCdoB, PSB) se esfacela e os sobreviventes nadam para o centro da lagoa.

Parabéns à Revista Bravo, que primeiro nos privou desta voz única e dissonante, e depois a'O Globo, que mais recentemente o despediu, numa coincidência temporal com as tempestades de Brasília que evidencia bem sua linha editorial: so-called 'independente', com MUITAS ASPAS, prá inglês ver, no esquema "noticiamos o que não dá para esconder, batemos em cachorro morto, mas somos pela manutenção da 'ordem' e da 'estabilidade política', não importando quem esteja roubando lá em Brasília".

"Quando todas as armas forem propriedade do governo e dos bandidos, estes decidirão de quem serão as outras propriedades."

Benjamim Franklin (enviado por Oscar A. Bach, via e-mail)

Em referendo a ser realizado em 23 de outubro de 2005, o Governo Federal lança a seguinte questão ao cidadão:

- diga sim à Lei Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que revoga à lei anterior, proibindo o uso de armas de fogo pelos cidadãos comuns (bem como seu comércio legal);

OU

- diga não à Lei Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, mantendo em vigor a Lei nº 9.437, de 20 de fevereiro de 1997, ora vigente.

Pois bem, para isso, precisamos conhecê-las:

Como se adquire hoje, legalmente, uma arma de fogo? E o porte de arma?

Pela lei anterior, qualquer cidadão maior de 21 anos poderia, em tese, comprar e portar uma arma de fogo (ou seja, sair com ela na rua). O que era necessário para tanto? A pessoa precisaria obter uma autorização do Sistema Nacional de Armas (SINARM), situado na Polícia Federal, para registrar a arma, momento em que seria averiguada a existência ou não de histórico de ocorrências policiais ou antecedentes criminais, os quais, dependendo do caso, poderiam motivar o indeferimento do pedido de registro.

Com o deferimento, a pessoa recebia o Certificado de Registro de Arma de Fogo, o que já a habilitava a, pelo menos, manter a arma dentro de casa, ou mesmo no local de trabalho, se responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. Portanto, deferido o registro, conquistava-se o direito à posse da arma. Para sair com a arma na rua (direito ao porte da arma), a pessoa precisaria de autorização da Polícia Federal (se porte federal) ou da Polícia Civil (se porte estadual).

Para tanto, teria que:

• apresentar o Certificado de Registro de Arma de Fogo;

• apresentar Certidões criminais negativas;

• apresentar Documento comprobatório de comportamento social produtivo (carteira de trabalho);

• comprovar capacidade de manuseio da arma (atestado de instrutor de tiro habilitado) e aptidão psicológica (atestado de psicólogo credenciado);

• pagar a taxa de porte; e

• demonstrar a efetiva necessidade de portar a arma (em razão da profissão, em razão de conduzir bens valiosos, ou quaisquer outras razões – o inciso IV do art. 13 do Decreto nº 2.222, de 1997, era aberto).

Quais são as principais mudanças?

• Apenas o cidadão com, pelo menos, 25 anos de idade passa a poder comprar arma de fogo .

• As exigências que, na lei anterior, eram impostas para a obtenção apenas do porte da arma, foram transferidas também para a compra e a posse da arma . Assim, além das exigências citadas anteriormente para o porte, a pessoa ainda precisa apresentar, para comprar uma arma, comprovante de residência certa. Nesse sentido, o SINARM teve uma ampliação de suas atribuições, pois, agora, também expede autorização para a compra da arma.

• A pessoa só passa a poder comprar munição especificamente para o calibre da arma que possui (devendo, portanto, apresentar, no ato da compra, o seu Certificado de Registro de Arma de Fogo), e na quantidade a ser imposta por portaria a ser publicada pelo Ministério da Defesa, ouvido o Ministério da Justiça (art. 21, § 2 o , do Decreto nº 5.123, de 1º de julho de 2004) .

• O porte de armas foi restringido para um grupo específico de pessoas . Assim, não é mais qualquer cidadão que pode, hoje, sair com uma arma na rua. Estão autorizados a portar arma apenas os agentes ligados à defesa nacional (militares, agentes operacionais de inteligência), à segurança pública (policiais, integrantes das guardas municipais, agentes penitenciários), à segurança privada e a atividades desportivas legalmente constituídas que demandem o uso de arma de fogo (conferir rol do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003).

Observa-se, portanto, que a Lei nº 10.826, de 2003, aumenta expressivamente os constrangimentos legais e burocráticos para a compra, a posse e o porte de uma arma de fogo.

E o que mudou para quem já possuía arma de fogo?

• As pessoas que já possuíam arma de fogo registrada quando da entrada em vigor da nova lei têm o prazo de três anos, a partir da publicação da regulamentação (2 de julho de 2004), para renovar o registro, devendo, para isso, satisfazer todas as novas exigências .

• Aquelas que possuíam arma não registrada tinham , inicialmente, o prazo de 180 dias, a contar de 23 de junho de 2004 (art. 1º da Lei nº 10.884, de 17 de junho de 2004), para regularizar a situação perante a Polícia Federal, ou entregá-las . Esse prazo , que expirou em 23 de dezembro de 2004, foi prorrogado por mais seis meses, dado o sucesso da Campanha do Desarmamento e a quantidade de armas devolvidas voluntariamente pela população , que superou a meta inicial do Ministério da Justiça (foram entregues mais de 240 mil armas para uma previsão inicial de 80 mil). Com a prorrogação, autorizada pela Medida Provisória nº 229, de 18 de dezembro de 2004, o término da Campanha passa a ser o dia 23 de junho de 2005 . As pessoas que preferirem entregar suas armas serão indenizadas se comprovada a boa-fé.

Vale ressaltar que as armas registradas (regulares, em que a boa-fé se presume) não estão sujeitas a prazo: poderão ser entregues a qualquer tempo, e o Estado indenizará seus proprietários .

E quanto aos portes de arma de fogo já concedidos quando da entrada em vigor da nova lei?

Eles expiraram 90 dias após o dia 23 de junho de 2004. Quem for pego armado sem o porte será preso em flagrante. O porte ilegal de arma de fogo não registrada passou a ser crime inafiançável . Só poderá pagar fiança quem for pego portando arma de fogo de uso permitido e esta estar registrada em seu nome. Se a arma ilegalmente portada for de uso restrito, além de incidir em crime inafiançável, o réu não terá direito à liberdade provisória. O mesmo tratamento terá quem praticar o comércio ilegal e o tráfico internacional de arma de fogo .

E o referendo é para quê?

A Lei coloca, em seu art. 35, que “É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6º desta Lei” (rol dos agentes que podem portar arma de fogo). Esse artigo , em razão de seu impacto sobre a indústria brasileira de armas – decretando, na prática, seu fim –, depende de ser referendado pela população para entrar em vigor. Esse é o tema do referendo popular a ser realizado em outubro deste ano.

E se a população referendar esse artigo, o que acontecerá?

• O cidadão comum , que hoje só pode comprar uma arma para mantê-la dentro de casa, ou dentro do local de trabalho (se for o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa), não poderá mais comprar arma de fogo ou munição.

• Só estarão legalmente autorizados a possuir uma arma os agentes de defesa nacional, segurança pública, segurança privada e desportistas já referidos.

• Quem já tiver arma, não poderá comprar outra, e nem poderá mais comprar munição para a arma que já possui. Isso significa, em última instância, um desarmamento total do cidadão comum.

Você sabia que o voto, favorável ou contra o comércio de armas de fogo no Brasil, é obrigatório a toda população? E que ele será realizado no dia 23 de outubro de 2005?

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Senão vejamos.

A Lei Seca - que proibia a fabricação, a venda, o transporte, a importação e a exportação de bebidas alcoólicas em toda a área dos Estados Unidos e dos territórios judicialmente submetidos a eles - no período em que vigorou (1917-1933), não só foi uma lei jamais obedecida, como exerceu o maior impulso já dado ao consumo desta substância em todas as suas formas (vide os "Loucos Anos 20", que mudariam a história de todo o Século XX com suas luzes e sombras de origem ... etílica) e ao crescimento do crime organizado naquele país.

E tudo por quê? Porque já havia então um amplo domínio e suporte da Máfia em todos os níveis de produção, transporte e comercialização de bebidas alcoólicas.

Hoje no Brasil, praticamente não há quem compre ou possua, porte ou mantenha em casa uma arma legalizada. Noves fora militares e policiais, quem conhece um médico, advogado, motorista de táxi ou fazendeiro que possua armas legalizadas??? E por quê? Pelos entraves burocráticos e pelo alto preço do comércio legal (catapultado pelo ônus pesadíssimo dos impostos e taxas variados que incidem sobre o produto).

E de quem se compra, então, armas ilegais no Brasil? De uma verdadeira indústria do comércio e venda ilegal de armas de fogo e munição. Que florescerá como nunca depois deste malfadado e inoportuno referendo, como detentora do monopólio deste tipo de comércio!

Por isso pense bem antes de dar sua opinião.

Eu não possuo arma (apesar de ter adquirido a experiência necessária para o seu manejo quando médico temporário em uma das Forças Armadas, anos atrás). Gosto de atirar por esporte. Mas não possuo armas porque não quero dar a supostos atacantes (que Deus me livre deles!) um motivo para atirar primeiro ou a meus filhos a possibilidade impensável de um acidente doméstico.

Mas acho esta nova lei absurda.

Se você não acha, entre nos links abaixo (que falam contra e a favor) e saiba um pouco mais antes de dar sua opinião. Adicionarei mais links oportunamente.

SENADO FEDERAL

UNESCO

Plebiscito farsante (PSTU)

A Lei Seca (18ª Emenda à Constituição dos EUA)

Lei Seca Americana (artigo da DW)

Plebiscito do Desarmamento...

Plebiscito do Desarmamento (por Juliana Dias & Friends, imperdível)

Armas garantem sustento e segurança na mata

Assuntos correlatos, em várias visões críticas:

VEJA

Discussões no link da Ariadna

Foro de São Paulo (Quinto Poder)

Foro de São Paulo (por Olavo de Carvalho)

Foro de São Paulo (por Heitor de Paola)

"Se eu ganhasse a Presidência para fazer o mesmo que o Fernando Henrique Cardoso está fazendo, preferiria que Deus me tirasse a vida antes. Para não passar vergonha. Porque, sabe o que acontece? Tem muita gente que tem direito de mentir, o direito de enganar... Eu não tenho. Há uma coisa que tenho como sagrada: é não perder o direito de olhar nos olhos de meus companheiros e de dormir com a consciência tranqüila de que a gente é capaz de cumprir cada palavra que a gente assume. E, quando não as cumprir, ter coragem de discutir por que não cumpriu".

Luiz Inácio Lula da Silva, novembro de 2000, em entrevista à revista "Caros Amigos!".

Resumindo: Se tudo der certo, o Lula deve morrer por estes dias...

Blog EntryOutstanding Emmy Awards Winners 2005Sep 21, '05 12:04 AM
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OUTSTANDING WRITING FOR A DRAMA SERIES*

DAVID SHORE, writer, for House, MD - Three Stories

OUTSTANDING SUPPORTING ACTOR IN A DRAMA SERIES

WILLIAM SHATNER as Denny Crane - Boston Legal

OUTSTANDING LEAD ACTOR IN A MINISERIES OR A MOVIE

GEOFFREY RUSH as Petter Sellers - The Life and Death of Peter Sellers

OUTSTANDING DIRECTING FOR A MINISERIES, MOVIE OR A DRAMATIC SPECIAL

STEPHEN HOPKINS, Director - The Life and Death of Peter Sellers

OUTSTANDING WRITING FOR A MINISERIES, MOVIE OR A DRAMATIC SPECIAL

CHRISTOPHER MARKUS and SEPHEN McFEELY, Screenplay

The Life and Death of Peter Sellers

OUTSTANDING LEAD ACTOR IN A COMEDY SERIES

TONY SHALHOUB as Adrian Monk - Monk

OUTSTANDING LEAD ACTOR IN A DRAMA SERIES

JAMES SPADER as Alan Shore - Boston Legal

OUTSTANDING DRAMA SERIES

LOST - J. J. Abrams, Executive Producer

* A Cadeira no Penhasco: Você lê aqui, antes, sobre o que ganha prêmios lá fora. Abaixo, a seqüência de artigos sobre a série, publicada anteriormente.

** Memorable Quotes from "House, M.D." (2004)

*** Sobre a Arte da Medicina

**** 1CThe Honeymoon 1D 13 House, MD 13 chapter 22, end of season 1

Blog EntrySolitude Stands By The RiverSep 20, '05 8:25 PM
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Quando me pergunto se sou único em meio às andanças da vida, esbarro na questão primordial da solidão: nossa própria identidade.

Vou me descobrindo, vou-me – descobrindo; vou-me.

Ao encontrar pedaços de outros, por vezes já não identifico mais o que é meu.

Da infância trago uma tendência à fantasia, herdada talvez de pais sensíveis, de meu avô artista, de minha avó intelectual. Da idade escolar trago um gosto insano pela descoberta, pelo novo, por expandir meus limites – talvez inato a qualquer um. Da adolescência ficou apenas temporário temor às mulheres, fruto do isolamento de um colégio só para rapazes, paradigma da mudança inebriante dos costumes sociais que assisti em meus parcos trinta e seis anos de vida. Junto a tal temor, o amor aos livros, que sempre traz consigo certa tendência ao isolamento – mas isto ocorre também à maioria dos que não lêem, é próprio do adolescer. Da transição à idade adulta, isto é, daquele largo e indefinido período de tempo em que amadurecemos fisiológica, social, política e espiritualmente, carrego a decepção de descobrir inexistente a liberdade outrora sonhada e inevitáveis os cacos rascantes de relacionamentos que foram ao chão.

À crueza da solidão do imigrante que é começo e fim de tudo, origem dos questionamentos filosóficos primitivos (“Quem sou eu?”, “De onde vim?”, “Para onde vou”?) a idade adulta somou muito mais que um perfilar de respostas: uma longa coluna de novas perguntas.

Há um longo caminho que desemboca na solidão. Iniciamo-lo ao descobrir que somos parte de algo, que o que nos envolve enquanto bebês não é um prolongamento de nós mesmos, mas coisa a parte. Depois o queremos, todo, e sobre tudo perguntamos: “por quê, para quê?”, incapazes de obter respostas satisfatórias. Nossa curiosidade espreme os miolos dos adultos, desconserta pais e mestres, e em curto prazo nos rotula: pobres ou ricos, inteligentes ou burros, super-heróis ou desgraçados, quatro-olhos, cê-dê-éfes, vagabundos, bons de bola, bons de briga, pegadores, galinhas e tímidos. Um dia olhamos no espelho e é um desconhecido que está lá, imagem distorcida qual a do porteiro do prédio no olho mágico nos acordando de manhã com o jornal que parece dizer, como no poema de Cassiano Ricardo “menos um dia, menos um dia”... Desconhecemos o que fomos, olhamos as fotos do passado e nenhuma faz juz ao que éramos - 3x4 infames em documentos antigos, da época em que ainda nos faziam prender ou pentear os cabelos para trás ao tirá-las.

Quando a idade passou a ter uma pasta própria no meu desktop, de início um arquivo oculto, depois um atalho, hoje uma espécie de “u’ve got mail” do inferno, passei a me perguntar: será que TODOS percorremos este caminho? A imensa dificuldade de conhecer-se a si próprio, a velocidade dos afazeres diários a tornar-nos eremitas - encastelados virtuais – a rastrear interlocutores inteligentes (e a encontrá-los, por vezes, com mais facilidade na web que no convívio diário com o próximo), a solidão da página em branco agora emoldurada em azul XP, tudo isso me faz perguntar: seremos todos inatingíveis? Serei eu também assim aos olhos de meus companheiros de jornada, de planeta e de tempo? Estarei certo em meus questionamentos, será salutar sequer questionar alguma coisa, ainda, no mundo em que vivemos? Como julgar os outros (ainda que com o sadio objetivo de suceder o “juntar” ao julgar prévio), qualquer um, pelos vislumbres de personalidade que o cotidiano nos permite enxergar? Torno-me grande na inquietude que me impele e sustenta ou vil e mesquinho ao entregar-me ao que Lutero um dia chamou de “lamber as próprias feridas”? Numa sociedade hedonista e consumista, minha autocrítica impiedosa tornou-me cego às minhas virtudes, ou realmente pouco tenho a oferecer?

A julgar pelo que me pagam pelo trabalho estafante, pelo que imaginam (e falam!) de mim os colegas que na maioria das vezes nem me conhecem, pelos impostos que tiram a beleza inerente ao trabalho honesto e diário, pela superficialidade das relações de amizade nas grandes cidades, pela competitividade cega das repartições (sim, hoje quase todos nós trabalhamos em repartições, quer saibamos ou não), pelo insensato desembaraçar-se das relações familiares (experimente emigrar para ver como é), acho que não, não tenho nada a oferecer.

Aí me lembro do encontro, dos chamados da vida, e me descubro vivo de novo na timidez de um sorriso, no lento trabalho técnico de extrair este mesmo sorriso de uma criança desconhecida, de falar à alma ou ao pensamento de alguém que nem me conhece. Artes do encontro, negação da solidão ainda que dela não seja o remédio. E ao me benzer, benfazejo esta maravilha de mundo onde nenhum ser humano é igual ao outro, onde ninguém é inatingível (somos nós os maus engenheiros a não saber construir pontes), onde a inteligência é o dom e o fardo, sim, mas carregado em comunhão com tantas outras almas que pensam e sonham e lutam e se decepcionam, assim como eu ou de modo totalmente diverso; vendo nascer a cada novo par de olhos que conhecemos um oceano de possibilidades, a cada par de olhos um espelho a me refletir e uma porta para outras dimensões do conhecimento.

Continuo sem saber direito quem sou, mas já não ando sozinho. Na beira do rio, a multidão de meus semelhantes outrora invisíveis toma forma enquanto deixamos de arrastar os pés e nos dirigimos céleres para a nascente, por sobre as cinzas das fogueiras de nossos antepassados.

(Variações sobre um texto original de 1994.)

Blog EntryA esperança é a origem da humanidadeSep 17, '05 12:44 AM
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"Todos tem o poder, com um pouco de coragem, de estender a mão e um estranho, de ouvir e de tentar aumentar, ainda que em pequeníssima proporção, a soma de bondade e de humanidade no mundo. Mas não adianta agir assim sem lembrar que esforços anteriores falharam e que nunca foi possível prever com certeza como se comportará um ser humano. A história, com sua infindável procissão de passantes que em sua maioria perderam a oportunidade de encontros esclarecedores, tem se caracterizado até aqui como uma crônica do pendor para o desperdício. Mas na próxima vez que duas pessoas se encontrarem o resultado talvez seja diferente. Esta é a origem da ansiedade, mas também da esperança. E a esperança é a origem da humanidade."

Uma História Íntima da Humanidade - Theodore Zeldin, Editora Record (ainda não terminei de ler, mas já recomendo!)

Depois de duas matérias a respeito da série – inclusive uma a respeito do penúltimo capítulo – não poderia deixar de colocar minha impressão sobre o final da temporada.

Ao contrário de “Three Stories”, “The Honeymoon” entrega o jogo logo no título. É só prestar atenção nele e matar a charada. Também diferentemente do capítulo anterior, “The Honeymoon” é linear, simples e objetivo, sem inovações formais ou grandes surpresas (bem... exceto talvez pelo comportamento de Greg House, cada vez mais perto da tênue linha que separa sua Medicina Holística e Experimental de puro nonsense ou irresponsabilidade técnica).

Mas a pior e a melhor coisa a respeito de Dr. House é que "ele se julga sempre certo... e está sempre certo" (quote). Como a produção da série, que depois de chegar ao clímax com o episódio no qual Greg nos conta sua história – absolutamente brilhante – despede-se com estilo, lenta e caprichadamente como Peter Jackson fez ao final de sua trilogia tolkeniana: como não queríamos partir da Terra Média, fica-nos também difícil despedir de personagens tão marcantes e bem interpretados – e eu nem vou falar again de Hugh Laurie.

O grande aplauso vai para a veterana – e ainda belíssima - Sela Ward (Stacey), que por sua grande atuação conseguiu um empreguinho para a próxima temporada.

Ver Dr. House dividindo as atenções da ex-esposa e da doce subordinada Cameron (Jennifer Morrison) vai ser o maior barato.

Ah! A segunda temporada começa amanhã, nos EUA. Aos fanáticos, resta esperar pela grade do Universal Channel ou... bem, vocês sabem como foi que eu assisti hoje ao último capítulo. Ou não?

Matérias anteriores:

Memorable Quotes from "House, M.D." (2004)

Sobre a Arte da Medicina

Blog EntryNo País das Últimas CoisasSep 6, '05 12:11 AM
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CURTO E GROSSO: Os recentes acontecimentos no sul dos EUA (especialmente em New Orleans) são a amostra exata e necessária para alguns de nós que (ainda) acreditam que a saída para o Brasil é o Galeão... Pobreza, miséria (material e espiritual), desgoverno, corrupção e absurdos também acontecem "in the land of opportunities".

Matéria n'O GLOBO citou "O Ensaio sobre a Cegueira" de Saramago como a alegoria ficcional que antecipou e descreveu como agem (alguns) seres "humanos" diante da catástrofe. Nada contra a analogia, mas premonição mesmo teve Paul Auster, ao descrever sua New York destruída por uma hecatombe nuclear no livro "No País da ùltimas Coisas": salve-se quem puder (ou tiver $$$).

Ou ainda Morrissey:

"America, your belly is too big..."

United States of shame, as someone else said.

Blog EntrySobre a luta pela sobrevivênciaSep 4, '05 2:50 AM
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"Não existe nada mais cansativo e antipoético do que a luta prosaica pela existência."

(Anton Tchekhov, Médico e Dramaturgo Russo, 1860-1904)

Blog EntrySobre a Arte da MedicinaSep 2, '05 12:57 AM
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Brilhante, arrepiante, acachapante o penúltimo episódio da primeira temporada de "HOUSE, MD" exibido no Brasil pelo Universal Channel há poucos minutos atrás. Nada menos que perfeito, deixando no ar a quase improbabilidade do fechamento da temporada conseguir superá-lo em termos de ténica e emoção.

Usando uma narrativa hiperbólica e circular, o capítulo denominado "Three Stories" liga as pontas soltas ao longo da série com maestria, coloca Greg House na incômoda (ex)posição de professor substituto no exato momento em que revê sua ex-mulher, a pessoa que lsalvou e desgraçou sua vida a um só tempo. Introspectivo, acuado, no limite de suas emoções, House usa a platéia de estudantes para exorcisar, em seqüência, os mitos da "Medicina Moderna" (com maiúsculas, aspas e abordagem tão cartesiana quanto tecnológica), da infalibilidade profissional da classe e, por fim, seus próprios fantasmas.

É com espanto que acompanhamos o crescente desenrolar dos três casos clínicos narrados pelo professor até descobrirmos, sem nos dar conta exatamente em que momento, que um deles é o próprio House. Hugh Laurie nos brinda com uma verdadeira "aula" de interpretação; a edição é alternadamente realista e alucinada; o clímax com a presença de seus auxiliares e da diretora do hospital, brindado com a percepção súbita de que o tempo passou por mais 20 minutos do que o necessário, leva-nos à conscientização de que também nós nos perdemos, enredados num novelo de ficção tão magistralmente elaborado que não vimos o tempo passar. Mudados pela catarse, como House, já não somos os mesmos.

De quebra, the greatest quote of all, ao colocar secamente em frente aos estúpidos moleques esforçados e tipicamente arrogantes que se encontra em qualquer classe de escola médica, a verdade destinada a estar sempre lá fora, longe de nossos pensamentos: "Vocês estão condenados a matar pessoas. Pelo menos uma ou algumas vezes, vocês vão estar errados e arruinarão tudo. Ou vocês se conscientizam disto ou é melhor procurarem outra profissão."

Palmas para meu tio Aramis, médico como eu, que numa conversa noturna num plantão de CTI, certa vez fez o mesmo tipo de questionamento rápido usado por House, "as fast as only death can be", a respeito de um tamponamento cardíaco em um paciente imaginário, quebrando toda a tosca figura de médico que eu vinha lentamente produzindo ao longo do internato, mostrando-me que há certos casos para os quais não há tempo para pensar, certas coisas em um médico que devem ser automáticas, tão entronizadas em seu ser como uma segunda pele, desencadeando imediatamente mecanismos que o levem a agir. Foi em cima desses escombros de realidade pura, ao longo de mais de 13 anos de profissão, que venho lentamente juntando as peças do quebra-cabeças médico que eu e todos nós confrontamos diariamente.
Bravo para "House, MD"! Bravo pela coragem, clareza de espírito, profundidade filosófica e propriedade das argumentações expostas num programa de tão alto nível que catapulta a televisão a um status de pura Arte. Bravíssimo!

Imagens:

Figura 1: Símbolos
Dois símbolos têm sido usados ultimamente em conexão com a medicina: o símbolo de Asclépio, representado por um bastão tosco com uma serpente em volta e o símbolo de Hermes, chamado caduceu, que consiste em um bastão mais bem trabalhado, com duas serpentes dispostas em espirais ascendentes, simétricas e opostas, e com duas asas na sua extremidade superior. Ambos os símbolos têm sua origem na mitologia grega; o de Asclépio, deus da medicina, é o símbolo da tradição médica; o de Hermes, deus do comércio, dos viajantes e das estradas, foi introduzido tardiamente na simbologia médica.

Na mitologia grega, Asclépio é filho de Apolo e da ninfa Coronis. Foi criado pelo centauro Quiron, que lhe ensinou o uso de plantas medicinais. Tornou-se um médico famoso e, segundo a lenda, além de curar os doentes que o procuravam, passou a ressuscitar os que ele já encontrava mortos, ultrapassando os limites da medicina. Foi por isso fulminado com um raio por Zeus. Após a sua morte, foi cultuado como deus da medicina, tanto na Grécia, como no Império Romano.

Em várias esculturas procedentes de templos de Asclépio greco-romanos, o deus da medicina é sempre representado segurando um bastão com uma serpente em volta, o qual se tornou o símbolo da medicina.

Não há unanimidade de opiniões entre os historiadores da medicina sobre o simbolismo do bastão e da serpente. As seguintes interpretações têm sido admitidas:
Em relação ao bastão:
* Árvore da vida, com o seu ciclo de morte e renascimento.
* Símbolo do poder, como o cetro dos reis
* Símbolo da magia, como a vara de Moisés
* Apoio para as caminhadas, como o cajado dos pastores
Em relação à serpente:
* Símbolo do bem e do mal, portanto, da saúde e da doença.
* Símbolo do poder de rejuvenescimento, pela troca periódica da pele
* Símbolo da sagacidade
* Ser ctônico, que estabelece a comunicação entre o mundo subterrâneo e a superfície da Terra; elo entre o mundo visível e o invisível.
Mais informações em
usuarios.cultura.com.br/ jmrezende/simbolo.htm

Figura 2. "Medicina", por Giotto e Pisano (1334-1343; parte do famoso "Portrait de Ptolomeu").

Mais detalhes em www.er.uqam.ca/nobel/ r14310/Ptolemy/Pisano.html

Figura 3. "House, MD" staff.

Mais detalhes sobre a série em http://www.fox.com/house/

Blog EntryO Silêncio dos IntelectuaisAug 24, '05 7:14 PM
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Qual o seu tipo preferido de intelectual silencioso???

O burro.
5

A vaquinha de presépio.
3

A Maria vai com as outras.
2

O encarapitado em cima do muro.
1

O cara-pintada (quando não está gritando palavras de ordem).
2

O intelectual petista.
0

O estudante da UNE (União Nacional dos Estudantes do PT).
1

O membro da CUT (eu disse "CUT").
0

O FFHH.
2

O próprio Lulla-lá.
2

Muito se tem falado sobre o "silêncio dos intelectuais" a respeito da crise política no país, como houvesse uma profusão de eminentes membros desta casta disponíveis e dispostos a comentar o assunto, ou pior, como se fosse a opinião deles (os "intelectuais") que pudesse "mudar tudo" ou, pelo menos, lançar luz sobre os fatos obscuros que assolam nossa incipiente democracia.

Resolvi colaborar com o silêncio (até porque não sei se me encaixo na categoria "intelectual", aliás, acho que este é um título promulgado e não autodecretado, talvez vá por aí a causa do silêncio de tantos) e não falar mais nada por enquanto, pelo menos até que alguém me pergunte algo que minha sapiência possa responder...

Mas não vou deixar de contribuir com uma pesquisa de opinião. Vote aqui!

Blog EntryMemorable Quotes from "House, M.D." (2004)Aug 19, '05 1:00 AM
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"House, M.D." é certamente a melhor série de tv jamais realizada sobre o meio médico. Principalmente porque não se resume à crescente "desmistificação" da profissão médica que veio na esteira do interesse e sucesso do malfadado "E.R." ("Só existe uma coisa mais chata do que 'E.R. - Plantão Médico', são os médicos que gostam de discutir o programa", my quote), onde a "autópsia" dos procedimentos, da farmacologia, do aprendizado e de eventuais erros médicos era repetido ad nauseum sem nunca jamais sair do raso no questionamento dos (des)caminhos da profissão.

Que é exatamente o que "House, M.D." faz.

Misto de sátira de costumes e reflexão filosófica, a série que venceu 2 Emmy 2004 (incluindo melhor ator para o sensacional Hugh Laurie - pelo papel-título) poderia ser ambientada em qualquer outro tipo de habitat profissional; toca em questões relevantes a respeito das relações interpessoais, questiona não só o modus operandi dos profissionais de saúde (incluindo o papel de médicos e enfermeiros, mas indo a fundo no desenrolar das funções exercidas por administradores e donos de hospitais); revela personagens ricos a cada momento (e qual melhor lugar para se obter um pequeno painel de uma sociedade que um grande hospital e seus freqüentadores?); tem diálogos curtos, diretos, incisivos, provocativos e inteligentes.

Para completar, a cereja do bolo: o próprio Gregory House. Um personagem moderno, verdadeiro "Monk" M.D. (if u know what I mean) - rebelde, detestável e adorável a um só tempo, ambíguo e amargurado, que coloca em cheque (por vezes mate) toda a filosofia cartesiana que rege a moderna Medicina; sem abrir mão dos recursos tecnológicos mais modernos ou tampouco de uma visão "holística", aristotélica meio às avessas, que nos remete a um tempo em que a Arte de Curar era exercida mais com o cérebro e as mãos que com protocolos tipo receita-de-bolo ou ensaios clínicos.

Dr. House erra (e muito!), luta muito por suas idéias, repele um falso humanismo ensinado na faculdade (empatia?) e não verdadeiramente existente no âmago da maioria de nós profissionais da área de saúde. E se é assim lá, lá na Meca da Medicina moderna - os EUA - que dirá aqui, nesta terra brasilis onde viramos meros executores de serviços médicos, humilhados pela subremuneração e pela conseqüente automatização da prática diária, espremidos entre um emprego e outro, eternamente atrasados e esgotados pelo acúmulo de funções e responsabilidades?

Bem, tenha o leitor gostado do que viu na TV ou leu aqui (ou mesmo não o tendo), deixo-os com alguns dos diálogos mais cortantes da primeira temporada da série como tira-gosto.

Memorable Quotes from "House, M.D." (2004)

Dan's Father: How can you just sit there?
Dr. Gregory House: Well, if I eat standing up I spill.


[Dr. House is seeing a patient whose skin is bright orange]
Dr. Gregory House: ...and your wife is having an affair...
Orange patient: What?
Dr. Gregory House: You're ORANGE, you moron! And your wife hasn't noticed it.


Dr. Cameron: Men should grow up.
Dr. Gregory House: Yeah. And dogs should stop licking themselves. It's not gonna happen.


Dr. Wilson: Beauty often seduces us on the road to truth.
Dr. Gregory House: And truth often kicks us in the nads.


Dr. Eric Foreman: I think your argument is specious.
Dr. Gregory House: I think your tie is ugly.


Dr. Wilson: That smugness of yours really is an attractive quality.
Dr. Gregory House: Thank you. It was either that or get my hair highlighted. Smugness is easier to maintain.


Dr. Gregory House: Perseverance does not equal worthiness. Next time you want to get my attention, wear something fun. Low-riding jeans are hot.


Rachel Adler: What made you a cripple?
Dr. Gregory House: I had an infarction.
Rachel Adler: A heart attack?
Dr. Gregory House: It happens when the blood flow is obstructed. It's in the heart, it's a heart attack; it's in the lungs, it's a pulmonary embolism; it's in the brain, it's a stroke. I had it in my legs.
Rachel Adler: Wasn't there something they could do?
Dr. Gregory House: There was plenty they could do... if they had made the right diagnosis. The only symptom was pain. Not many people get to experience muscle death.
Rachel Adler: Did you think you were dying?
Dr. Gregory House: I hoped I was dying.


Dr. Gregory House: What can I say? Chicks with no teeth turn me on.
Dr. Wilson: That's fairly disgusting.
Dr. Gregory House: That's ageism.


Dr. Gregory House: I am the doctor who's trying to save your son's life. You're the mother who's letting him die. Clarification- it's a beautiful thing.


Dr. Robert Chase: Matt's mum won't make a move until she hears from the C.D.C.
Dr. Wilson: Godot would be faster.


Dr. Gregory House: [to Dr. Foreman, who has a famous patient's Do Not Resuscitate order] And hang onto that DNR... it could be worth a lot of money real soon.


Dr. Gregory House: A patient comes because she's sleeping 16 hours a day, and it takes ten doctors and a coma to diagnose sleeping sickness.


[House referred to Chase as British]
Dr. Robert Chase: I'm Australian!
Dr. Gregory House: You put the Queen on your money. You're British.


Dr. Gregory House: [in Cuddy's office with Foreman] Hey! He knows more homeless people than any of us!
[to Foreman]
Dr. Gregory House: Go check out the hood, Dog.


Dr. Lisa Cuddy: [approaching with two young-looking female interns] Dr. House!
Dr. Gregory House: Time for Girl Scout cookies already?
Dr. Wilson: Get me some Thin Mints.


Dr. Wilson: I forgot I needed a reason to give a crap.
Dr. Gregory House: You're actually giving two craps.
Dr. Wilson: The metric system always confused me.


Dr. Wilson: In Swedish, "friend" also translates into "limping twerp".


Dr. Gregory House: I don't *need* to watch The O.C., but it makes me happy.


Dr. Gregory House: You can think I'm wrong, but that's no reason to quit thinking.


Intern: [trying to tell an uninterested House a patient's history] You're reading a comic book.
Dr. Gregory House: You're drawing attention to your bosom by wearing a low-cut top.
Intern: [covers her chest with her clipboard]
Dr. Gregory House: Oh, sorry, I thought we were having a "state-the-obvious" contest.


Rachel Adler: I just want to die with a little dignity.
Dr. Gregory House: There's no such thing! Our bodies break down, sometimes when we're 90, sometimes before we're even born, but it always happens and there's never any dignity in it! I don't care if you can walk, see, wipe your own ass... it's always ugly, always! You can live with dignity; you can't die with it!


Dr. Gregory House: You think it's going to come out on its own? Are we talking bigger than a breadbasket? 'Cause actually, it will come out on its own, which for small stuff is no problem: it's wrapped up in a nice soft package and plop. Big stuff? You're gonna rip something, which, speaking medically, is when the fun stops.
Young Man: How did you...?
Dr. Gregory House: We've been here for half an hour and you haven't sat down; that tells me its location. You haven't told me what it is; that tells me it's humiliating. You have a little birdie carved under your arm; that tells me you have a high tolerance for humiliation, so I figure it's not hemarrhoids. I've been a doctor twenty years, you're not going to surprise me.
Young Man: It's an MP3 player.
Dr. Gregory House: Is it... is it because of the size, the shape, or is it the pounding bass line?


Dr. Gregory House: You don't have a problem with what I did?


Dr. Lisa Cuddy: You need a lawyer.


Dr. Lisa Cuddy: When I hired you, I knew you were insane. I will continue to try and stop you from doing insane things, but once they're done, trying to convince an insane person not to do insane things is, in itself, insane. So when I hired you, I also set aside fifty thousand a year for legal expenses. So far, you've come in under budget.


Dr. Cameron: Why did you hire me?
Dr. Gregory House: Does it matter?
Dr. Cameron: Kind of hard to work for a guy who doesn't respect you.
Dr. Gregory House: Why?
Dr. Cameron: Is that rhetorical?
Dr. Gregory House: No, it just seems that way because you can't think of an answer. Does it make a difference what I think? I'm a jerk. The only thing that matters is what you think. Can you do the job?
Dr. Cameron: You hired a black guy because he had a juvenile record.
Dr. Gregory House: No, it wasn't a racial thing. I didn't see a black guy, I just saw a doctor with a juvenile record. I hired Chase 'cause his dad made a phone call. And I hired you because you are extremely pretty.
Dr. Cameron: You hired me to get into my pants?
Dr. Gregory House: I can't believe that that would shock you. It's also not what I said. No, I hired you because you look good. It's like having a nice piece of art in the lobby.
Dr. Cameron: I was at the top of my class!
Dr. Gregory House: But not *the* top.
Dr. Cameron: I did an internship at the Mayo Clinic!
Dr. Gregory House: You were a very good applicant.
Dr. Cameron: But not the best.
Dr. Gregory House: Would that upset you, really, to think that you were hired for some genetic gift of beauty instead of some genetic gift of intelligence?
Dr. Cameron: I worked very hard to get where I am!
Dr. Gregory House: You didn't have to. People choose the paths that gain them the greatest rewards for the least amount of effort. That's a law of nature, and you defied it. That's why I hired you. You could've married rich, you could've been a model, you could've just shown up and people would've given you stuff - lots of stuff - but you didn't. You worked your stunning little ass off.
Dr. Cameron: Am I supposed to be flattered?
Dr. Gregory House: Gorgeous women do not go to medical school... unless they are as damaged as they are beautiful. Were you abused by a family member?
Dr. Cameron: No!
Dr. Gregory House: Sexually assaulted?
Dr. Cameron: No!
Dr. Gregory House: But you *are* damaged, aren't you?


Gabriel Reilich: Who are you?
Dr. Gregory House: The little ones call me "Uncle Greg."


Dr. Cameron: Twelve-year-olds don't have sex.
Dr. Gregory House: Their mistake.


Dr. Robert Chase: I definitely need to know. You haven't had any sex?
Gabriel Reilich: I wish.


Dr. Gregory House: [sticking his head into an exam room] Need a consult!
Dr. Wilson: With a patient!
Dr. Gregory House: Urgent doctor stuff.


Dr. Cameron: All this hate is toxic.


Dr. Robert Chase: How'd you like it if I interfered in your personal life?
Dr. Gregory House: I'd hate it. That's why, cleverly, I have no personal life.


Dr. Gregory House: Clue number one - if I were Jesus, curing this kid would be as easy as turning water into wine.
Dr. Eric Foreman: Demonic possession?
Dr. Gregory House: Close, but no wafer.


Dr. Gregory House: [to the crowd in the walk-in clinic's waiting area] Hello, sick people and their loved ones! In the interest of saving time and avoiding a lot of boring chitchat later, I'm Doctor Gregory House; you can call me "Greg." I'm one of three doctors staffing this clinic this morning.
Dr. Lisa Cuddy: Short, sweet, grab a file.
Dr. Gregory House: This ray of sunshine is Doctor Lisa Cuddy. Doctor Cuddy runs this whole hospital, so unfortunately she's much too busy to deal with you. I am a bored... certified diagnostician with a double specialty of infectious disease and nephrology. I am also the only doctor currently employed at this hospital who is forced to be here against his will.
[to Lisa]
Dr. Gregory House: That is true, isn't it?
[to crowd]
Dr. Gregory House: But not to worry, because for most of you, this job could be done by a monkey with a bottle of Motrin. Speaking of which, if you're particularly annoying, you may see me reach for this: this is Vicodin. It's mine! You can't have any! And no, I do not have a pain management problem, I have a pain problem... but who knows? Maybe I'm wrong. Maybe I'm too stoned to tell. So, who wants me?
[nobody moves]
Dr. Gregory House: And who would rather wait for one of the other two guys?
[everybody raises their hand]
Dr. Gregory House: Okay, well, I'll be in Exam Room One if you change your mind.
Dr. Lisa Cuddy: Jody Matthews?
[Jody raises her hand]
Dr. Lisa Cuddy: Please accompany Doctor House to Exam Room One.


Dr. Lisa Cuddy: [House is reporting for clinic duty] You're half an hour late.
Dr. Gregory House: Busy case load.
Dr. Lisa Cuddy: One case is not a "load".


[House is popping pills]
Orange patient: What is that? What are you taking?
Dr. Gregory House: Painkillers.
Orange patient: Oh, for your... for your leg.
Dr. Gregory House: No, 'cause they're yummy! Want one?


Dr. Wilson: I love my wife.
Dr. Gregory House: You certainly love saying it.


Dr. Wilson: At least I try.
Dr. Gregory House: Well, as long as you're trying to be good, you can do whatever you want.
Dr. Wilson: And as long as you're not trying, you can say whatever you want.
Dr. Gregory House: So between us we can do anything. We can rule the world!


Dr. Gregory House: Ah! The husband described her as being unusually irritating recently.
Dr. Cameron: And?
Dr. Gregory House: I didn't realize it was possible for a woman to be 'unusually' irritable.


Dr. Gregory House: I find your interest interesting.


Dr. Lisa Cuddy: It takes two department heads to treat shortness of breath? What, did the complications increase exponentially with cup size?


Dr. Cameron: You want me to tell a man whose wife is about to die that she may have cheated on him?
Dr. Gregory House: No, I want you to be polite and let her die.


Dr. Gregory House: Chicks dig this
[waves cane]
Dr. Gregory House: It's better than a puppy!


Dr. Lisa Cuddy: People talk.
Dr. Gregory House: About how big your ass is getting? I've been defending you- you got back!


[Dr. House, to delay a surgery, has violently sneezed and coughed all over the sterile field]
Anesthesiologist: Well, there's no way we can do the surgery now...
Dr. Hourani: Ya think?


Dr. Eric Foreman: You assaulted that man!
Dr. Gregory House: Fine. I'll never do it again.
Dr. Eric Foreman: Yes you will.
Dr. Gregory House: All the more reason this debate is pointless.


Dr. Gregory House: You mentioned leishmaniasis and filariasis. Where did you hear about them?
Jeffrey: I told you, I found them on the Internet.
Dr. Gregory House: What, did you search of "obscure tropical diseases that don't match my son's symptoms?"


Dr. Cameron: I'm uncomfortable about sex.
Dr. Robert Chase: Well, we don't have to talk about this...
Dr. Cameron: Sex COULD kill you. Do you know what the human body goes through when you have sex? Pupils dilate, arteries constrict, core temperature rises, heart races, blood pressure skyrockets, respiration becomes rapid and shallow, the brain fires bursts of electrical impulses from nowhere to nowhere, and secretions spit out of every gland, and the muscles tense and spasm like you're lifting three times your body weight. It's violent. It's ugly. And it's messy. And if God hadn't made it UNBELIEVABLY fun, the human race would have died out eons ago.
[She pauses to catch her breath]
Dr. Robert Chase: [He is speechless]
Dr. Cameron: Men are lucky they can only have one orgasm. Know that women can have an hour long orgasm?
Dr. Eric Foreman: [enters]
Dr. Cameron: [as if nothing had just occurred] Hey Foreman. What's up?


Dr. Gregory House: Ah, a rash, call a dermatologist. If it's wet, keep it dry. If it's dry, keep it wet. If it's not supposed to be there, cut it off. I never could remember all that.


Dr. Lisa Cuddy: I need you to wear your lab coat.
Dr. Gregory House: I need two days of outrageous sex with someone obscenely younger than you. Like half your age.


Dr. Wilson: Billionaires buy movie studios to get laid. They buy hospitals to get respect.
Dr. Gregory House: And the reason you want respect?
Dr. Wilson: To... get laid.


Dr. Wilson: [paraphrasing House's frequent quote] "Everybody lies"... except *politicians*? House, I believe you are a romantic. You didn't just believe him, you believed in him. You wanna come over tonight and watch old movies and *cry*?
[pauses, points]
Dr. Wilson: Dr. Cameron's getting to you. Well, I guess you can't be around that much *niceness* and not get any on you
Dr. Gregory House: Is that why you haven't put the moves on her?
Dr. Wilson: What makes you think I *haven't* put the moves on her?
Dr. Gregory House: [Stops and stares]
Dr. Wilson: [points] Oh.
[he's onto something big]
Dr. Wilson: [whispers] Oh *boy*! You're in trouble.
[laughs and exits]


Dr. Cameron: What happened to "Everybody Lies"?
Dr. Gregory House: I lied.


Dr. Gregory House: Fine. Have it your way. Immaculate conception.
Susan: Um, what do I do?
Dr. Gregory House: Well, it's obvious - start a religion.


Dr. Eric Foreman: [to House] These regulations aren't just here to annoy you.


Mr. Foster: What is your problem?
Dr. Gregory House: Bum leg, what's yours?


Dr. Wilson: I think we need to take his girlfriend's theory into account.
Dr. Cameron: Oh, and what is that?
Dr. Wilson: She thinks she rode him to death.


Dr. Gregory House: What we need to do is treat... um...
Dr. Cameron: Brandon.
Dr. Gregory House: Brandon! Thank you. Now, most allergic reactions accompany some form of drug. Have you ever taken drugs...
Dr. Cameron: Brandon.
Dr. Gregory House: Brandon! Lovely name.


Dr. Wilson: Even I don't like you!
Dr. Gregory House: Words can hurt you know.


Dr. Gregory House: Like I always say, there's no "I" in team. There's a "me" though, if you jumble it up.


Dr. Gregory House: I'm extremely disappointed. I send you out for exciting, new designer drugs, you come back with tomato sauce.


Dr. Lisa Cuddy: Your reputation won't last if you don't do your job; the clinic is part of your job. I want you to do your job.
Dr. Gregory House: But as the philosopher Jagger once said "You can't always get what you want."


Dr. Gregory House: Everybody lies.


[repeated line]
Dr. Gregory House: We're missing something.


Dr. Gregory House: Hey! You're killing her!
Edward Vogler: Really?
Dr. Gregory House: She knew the risks! One blip in the data and your results are off!
Edward Vogler: The FDA eats blips for breakfast! One person shouldn't endanger thousands!
Dr. Gregory House: Thank God for you to save all those lives!
Edward Vogler: [chuckles] Calm down. Why don't you play some Game Boy? Watch your soap? I hear they're firing the handsome doctor today.


Ramona: Hi. I'm having vaginal pain.
Dr. Gregory House: Pleasure to meet you.


Ramona: My OB-GYN died recently. Nice man. Warm hands.
Dr. Gregory House: Not any more.


Dr. Gregory House: Overall, drug addicts are idiots


Dr. Gregory House: [trying to get Cuddy to leave the room by admitting malpractice] So there I was, in the clinic, drunk, so I opened the drawer, closed my eyes, grabbed the first syringe I could find...


Dr. Gregory House: So what's your plan? You take the big dark one, I'll take the little girl, and the Aussie will run like a scared wombat if things get tough.


Dr. Wilson: I love my wife.
Dr. Gregory House: You loved all your wives.


Dr. Gregory House: Less money is made by biochemists working on a cure for cancer than by their colleagues struggling valiantly to hide steroid use.


Dr. Gregory House: That's why you're here? She wants you to keep an eye on me, make sure I don't cheat.
Dr. Wilson: No, I wanted to make sure you don't start firing shots from the clock tower.


Dr. Gregory House: I take risks, sometimes patients die, but not taking risks causes more patients to die, so my biggest problem is the curse to do the math.


Dr. Gregory House: The eyes can mislead, a smile can lie, but the shoes always tell the truth.
Dr. Wilson: They were Prada, which means she has good taste.
Dr. Gregory House: They were not Prada. You wouldn't know Prada if one stepped on your scrotum.
Dr. Wilson: Okay, well.. they were nice, pointy.


Dr. Eric Foreman: How'd she get to you?
Dr. Gregory House: She's the CEO of Sonyo cosmetics. Three assistants and fifteen VPs checked out who should be treating her. Who da man? I da man. I always suspected.


Dr. Cameron: That's not necessarily bad news.
Dr. Eric Foreman: Do you ever watch "Gilligan's Island" reruns and really, really think they're going to get off the island this time?


Dr. Robert Chase: Well, let's go further outside the box. Let's say the angio revealed a clot, and let's say we treated that clot, and now she's all better, and personally thanked me by performing -
Dr. Cameron: My Aunt Elisa lives in Philadelphia.
Dr. Gregory House: Oh, it's storytime! Let me get my baba.


Dr. Wilson: Oh, this is where I give you advice and pretend you are going listen to it, I love this part.


Dr. Gregory House: Be home by midnight or you can't have the car this weekend.


Dr. Gregory House: Fascinating story. Did you think about adapting it to the stage?


Dr. Gregory House: You don't want to burden him because you were such a lousy dad.


Dr. Gregory House: Dr. Cuddy. Thanks for the consult. His throat seems to have some condition.
Dr. Lisa Cuddy: He has a sore throat.
Dr. Gregory House: Of *course*! Yes! Why didn't I... He... He said that it hurt and I should have deduced that it was sore.
Dr. Lisa Cuddy: I was in a board meeting.
Dr. Gregory House: Patients come first, right?


Dr. Cameron: All right, everybody, let's get to work. Foreman, would you care to join or are you too tired from stealing cars?
Dr. Eric Foreman: [Foreman looks up at her and gives her a funny look]
Dr. Cameron: I'm being House. It's funny.
Dr. Eric Foreman: I know. You made milk come out of my nose

Saiba mais sobre a série, cuja segunda temporada começa em setembro nos Estados Unidos, em www.fox.com/house/