sexta-feira, 23 de janeiro de 2009




Shimbum


Blog EntryNélsicas II, melhor dizendo, SocráticasOct 29, '08 12:50 AM
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Nélsicas II, melhor dizendo, Socráticas Primorosa a seleção dos boleiros nascidos em Outubro, escolhida pelo Kfuri. Com Falcão no meio de campo, Pelé, Garrincha e Maradona no ataque, sobram poucas vagas até numa hipotética seleção dos melhores de todos os tempos. A gente só não perdoa o Dunga na lateral. * * * Falando no Pibe, bela encrenca essa em que ele se meteu, não? Treinador da Argentina? Tem fibra, el gordo. Mas é uma encrenca. * * * O Mano que me desculpe, mas se é para gastar pouco vê se gasta bem, falou? * * * To vendendo minhas fotos com o Biro-Biro no Germano Krüger em 1979 – autografadas (por mim mesmo, é óbvio). Com toda essa onda da Coca-Cola em cima do craque, será que minha fotinho de criança não vale uns trocados? * * * A má fase dos craques brasileiros ante o futebol mundial põe em xeque até o conceito de “craque”. Quantas estações dura um “cavalo” moderno? Ronaldo Fenômeno é “fraco” para uns idiotas por aí, mas veja quantas temporadas ele jogou (e ganhou). Quem depois dele? Cristiano Ronaldo? Faz gols de oportunismo ímpar, mas carece de alguns fundamentos básicos do soccer, como o toque de bola. Aquela patada levinha e leviana do Rivelino, a esperteza dentro da área de Romário e Tostão, o domínio total do instrumento corpo em Pelé, a passada de Zico, Falcão e Cerezo, a elegância de Careca, a muralha socrática e o príncipe do parque, Raí. Aquela pose desumana do Rivaldo dando petelequinhos seguidos na bola, empurrando-a com carinho em direção ao adversário, à grande área, ao fundo da rede. E o Dunga para roubar todas as bolas e colocá-las nos pés de uma maestro, aquele que ainda não veio mas virá, dia desses qualquer, habitar estas listas e suas maravilhosas lembranças. * * * Enquanto isso, o Fantasma. Que perdeu sem perder (exceto no final): só deixou de ganhar. E perdendo dois pontinhos hoje, dois amanhã, empatando com a mediocridade aqui e acolá, chegou na estica às finais, optando pelo fiasco do tapetão em vez de cair em pé. Agora o tapetão se estende ao infinito e é bem provável que o Operário ferroviário Esporte Clube esteja fora das competições oficiais em 2009. * * * Interessantíssima a cobertura feita pelo Estadão sobre a diferença de cotas entre os times que compõe o Clube dos Treze, um passeio a volta por cima do Coringão na série B. No balanço de perdas e ganhos, Grêmio e São Paulo perseguem uma hegemonia dificílima de se atingir no atual formato de mercado com muita precisão. * * * Campeonato que tem o Flamengo no G4 – à parte uma campanha irregular – é outra história. * * * Campeonato em que um Flu maleixo das gambita goleia o Verdão dá gosto assistir. * * * Campeonato em que o Timão chega na frente – viu, desculpa aí, gentem?

Blog EntryMeu filho, o ThomasOct 17, '08 2:38 AM
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Meu filho é bom. Meu filho mais novo, o Thomas.

Bom por natureza, bom de gênio, bom de papo - apesar do quase nada que fala.

Não que os outros não o fossem, é evidente que o eram também, o Lucas e o Pedro José. Talvez apenas agora eu esteja mais ciente, e enxergue melhor.

Bom de beijo e abraço, de gritar "papa" ou "mama" pela casa com aquele tom irado que, vez por outra, lhe é característico, como se fosse possível exprimir o quanto ele está feliz porque o papa chegou ou a mama já embica com o carro na garagem. Não me deixa sair de casa sem jogar os bracinhos em torno do meu pescoço, e o bico para um selinho.

Um querido que dorme na caminha ao lado (vez por outra na nossa), acorda e vem para o "cantinho" da cabeceira tomar seu desjejum enquanto assiste ao Discovery Kids. No mais das vezes o mesmo lugarzinho onde espalha suas coisas de permeio a nós grandes, assistindo ao Thomas no início da madrugada. Ou onde adormece nos peitos da mãe.


Bom de garfo, o holandezinho: enche o prato na churrascaria, e se lhe agrada o que o garçom traz no espeto, pede "hum, hum" até que lhe cortem um pedacinho. E bom de copo, alternando sucos com soja (os "sucos do Papa") com leite rosa da Lola e "Tsuuu!", que é como ele pede para espremer várias laranjas limas que le mesmo pega debaixo do filtro, na cozinha.

Bom de letras e números, o famoso Zé Bilim. Já conhece o "S" de Snow, o "P" de papa, o "M" de mama, o "V" de vovó e tantas outras letrinahas mais, mas ainda sofre, curioso, com a noção de uqe várias palavras se iniciam com o mesmo caracter. Com os números é mais tímido, mas aprende rápido com a lógica dos veteranos.

Bom de quarto e de quintal, de água e de pó, de areia e massinha, de banheirinha e de mangueira, de Charlie & Lola e Backyardigans e Caillou.

As unhas são exclusividade do papa, o maior xodó, pela mamãe; o brinquedo mais amado são as pistas do "Pú-vú" (Thomas, o trenzinho), trazidas da Europa pelo dindo Gordo. Quem cuida dele? "Blá" e "Pi", codinomes da babá Marlene e sua irmã, a Rita. E tem cachorras? Tem: a Doggy, a Snow e a Goldie - de quem ele ainda teme um pouco o desajeito e o tamanho (também pudera, um labrador!).

E tem a vó morando aqui pertinho, agora, a "Mó" da mamãe, onde ele gosta de ir passear quase toda tarde. E a vovó da chácara, o vovô de Curitiba e os priminhos peidorreiros (brincadeira, eles são lindos!).

As mexericas já rareiam, a pintura já acabou, as chuvas ainda não se foram, mas daqui a pouco volta o verão.

Antes disso tem a festa, a festa de hoje, a festança de amanhã, a festa da mama que se dedicou imensamente nesses últimos dois meses para que tudo desse certo e fosse lindo, como - com a bênção de Deus - irá acontecer.

Porque você merece, menino maaais bonzinho. Meu coração fica apertadinho de emoção, meus olhos se enxaguam, meu corpo sofre um arrepio e a alma transborda de gratidão por um filho tão lindo e amado, esperado, curtido e apreciado por tudo que é.

Por ti, Thomas, invoco a cada dia a misericórdia e o amor divinos, para que o envolvam como sei que a bondade divina também o faz com Lucas e Pedro José. Celebro em ti ainda, Thomas, a alegria e a liberdade do espírito humano, que renasce em cada homem e permanece, imorredoura, na grandeza da criança que um dia todos fomos.

Beijo do pai que te ama mais que tudo.

E beijo para a mulher que me deu você. Eu a amo muitíssimo também.



O momento síntese da quarta temporada de “House MD” é aquele em que o Dr. Kutner relembra que o conceito popularizado como “a curva de Gauss” permite admitir como normal uma infinidade de observações, e define como distribuição anormal (“fora-da-curva”) os valores aquém e além de um determinado ponto em relação à média. Mais ou menos dois desvios-padrão é, então, somente uma abstração arbitrária em um universo de possibilidades matemáticas. E se isto poderia definir como “doente” o tal “Mr. Nice Guy” – um paciente cujo principal sintoma é a aceitação resignada de qualquer evento da vida, bom ou mal, de forma absurdamente gentil – poderia também definir House como tal por seu temperamento diametralmente oposto. Longe de julgá-lo, o discípulo age na total certeza de que irá curá-lo de sua rabugice, sem entender que fora vítima de mais um estratagema do Dr. Gregory House - o Pedro Bial do inferno. Verdadeiro “Big Brother” cínico, a temporada brinca com o formato “reality-show” adotado em seus primeiros episódios (escritos antes da greve dos roteiristas), com clichês das séries de televisão (com direito a uso de metalinguagem), metáforas sherlockianase toda sorte de citações pop. Mas a série brinca principalmente com as emoções de todas as personagens. Foreman primeiro, mas na seqüência também Chase, Cameron e o próprio Wilson bailam em torno da figura de House como se incapazes de não se renderem a seu fascínio, com conseqüências que variam entre a aceitação do inevitável (Foreman e Chase), a curiosidade sexual (Cameron) e a busca pela individualidade (Wilson). Desta forma redesenham suas dimensões trágicas e – ao lado da “nova geração” – injetam novas nuances à dinâmica da história. Os “novos” são “mais do mesmo”; nem por isso insignificante em seus contextos e atribuições. Como a Dra. Allisson Cameron bem sacou em um dos últimos episódios, a Dra. Remy Hadley (chamada de “Treze” por House - seu número na primeira eliminatória) é colírio para os olhos do chefe: cargo que um dia foi seu. “Peça... e eu mando a ‘Treze’ embora agora”, diz H. com sua imensa cara de pau, mais preocupado em expor as fragilidades de ambas as moças para seu próprio deleite. Lawrence Kutner é o sucessor improvável, se controlar a insegurança e a língua, mas – como Foreman – é humilhado on a daily basis justamente por isto. Chris Taub, o cirurgião plástico, é a voz da razão e o advogado do diabo em quase todas as ocasiões difíceis. Lembra-me muito um colega meu, altamente cético e desconfiado: nunca vi um médico duvidar tão bem de si mesmo, de tudo e de todos. Por isso mesmo era alguém – como Taub - im-pres-cin-dí-vel na prática clínica diária. Todos são, contudo e em suas essência, apenas massa de manobra com a qual o chefe pode exercitar seus maquiavélicos movimentos de guerra psicológica. Lisa Cuddy, a diretora – cada vez mais bonita e fa-tal, com direito a striptease e tudo! – é a única que percebe a essência da dominação de House, ao admitir que o “deixa solto a ano todo, fingindo não ver o que ele faz; só lhe pede para se comportar durante a visita do auditor” ou perceber que caiu direitinho no “conto das escolhas de equipe” (que só visava a permanência de Treze) É a única a mostrar-se à altura intelectual das maquinações do cara - talvez por isso mesmo esteja elevada à condição de bola da vez já na quinta temporada, onde ela e o Greg devem – finalmente – matar a tesão reprimida por tantos e tantos episódios. Já Amber - a preterida, Amber - a namoradinha do Wilson, Amber - a cadela (em tradução livre para “the bitch”): foi a surpresa da estação. Primeiro pela chatice - magistralmente interpretada e clichê das jovens executivas americanas modernas – depois pela lenta transformação em antagonista sedutora. E finalmente por seu desfecho, totalmente inesperado, porém bastante crível e bem urdido. A morte muda tudo, diria House na premiere da quinta temporada – mas quase morrer não significa nada, expressando toda sua perplexidade ao encontrar um adversário à altura. Cuddy? Não, ela joga no mesmo time. Amber? Não! – e olha que ela tentou com bastante força. A vida. Esta sim, uma cadela, esta sim, desconcertante, esta sim incrivelmente sem sentido ou razão, por isso mesmo imune aos esforços do próprio Gregory House em se debater. Sempre em busca de resposta aos conflitos do homem contemporâneo, “House MD” firma-se como um oásis de inteligência na tevê, um instant classic em construção, obra aberta também às nossas interpretações, que se estendem ao terminar o show, como velhos casos clínicos aos quais sempre se volta em busca de alguma iluminação.

Blog EntryFrase da HoraSep 23, '08 7:49 PM
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Era para postar nos "Recipes", mas a frase era tão boa que resolvi blogá-la.
Lá vai:

"There is nothing like a blog to help you realize you have nothing new to say."


Em português (tradução livre e mal-feita):

"Nada como um blog para ajudá-lo a entender que você não tem nada de novo a dizer."

Para ler mais (é a fonte da frase):

Cinco razões para não escrever um livro

(citado pelo amigo Ricardo)


Absolutamente surpreendente o show dos Scorpions – a decana banda alemã de hard rock – ontem, no Centro de Eventos da cidade de Ponta Grossa, Paraná, antepenúltima etapa da seção brasileira da “Humanity World Tour”. Surpreendente em primeiro lugar pela organização do evento, que soube escolher um espaço já acostumado a grandes shows nacionais nesses quase vinte anos de existência (Ivete Sangalo, Claudia Leite e outros), mas que ainda não havia tido a oportunidade de sediar um espetáculo internacional desta magnitude. Segundo pela eficiência desta organização, que com com policiamento discreto e eficaz orientou os freqüentadores até a chegada no estacionamento amplo e bem cuidado de maneira rápida e ordeira. E em terceiro lugar surpreendente pela vitalidade de uma banda que está em sua quarta década de atividades ininterruptas com qualidade sempre crescente.E que tour esta! - cobrindo tantos pontinhos quanto se pode ver no pequeno mapa no site oficial. Mais uma vê, mostra de fôlego de Herr Meine e companhia, que encaram capitais e cidades de porte médio tocando para platéias que variam entre dez e cinqüenta mil pessoas. Com profissionalismo germânico e a dedicação dos fãs – inclusive os de nova geração, que saíram de lá dizendo ter assistido ao “melhor show de sua vida” e que “’Still Loving You’ é a ‘Stairway to Heaven’ dos anos oitenta“ – a banda vem colhendo frutos de uma tradição roqueira exemplar: a transmissão de gostos de pai para filho, haja vista a profusão de cabeças cinzas espalhadas pelas platéias, ao lado da piazada. Ainda assim foram recebidos com a proverbial passividade paranaense, em um início morno na platéia e quente no palco. James Kottak, o baterista, finge se irritar e conclama a platéia a levantar os braços, soca o instrumento, dá uma porrada com a baqueta na caixa que a faz voar a uns três metros de altura, pegando-a de volta. Bebe cerveja e cospe tudo para cima quando retorna ao banquinho, sem dar tempo para os ouvidos. Cadê os metaleiros? Cadê a mulecada pogando? Ponta Grossa não merece esse show, grita alguém. “Still loving you”, fala um maldito. E os caras lá, na maior simpatia, fazendo o beabá com acorde de quinta, a voz de Klaus perfeita por sobre a muralha de som puro metal: duas, três guitarras, ritmos quebrados. Rock de arena? Certamente. Populista? Popular? Certo mais uma vez. Clássico.No set acústico, surpresas: backing vocals brasileiras ? - pelos nomes... percussão e guitarra locais. Nesta última, ninguém menos que Andréas Kisser, do Sepultura. No setlist, algumas das baladas mais matadoras do chamado lovy metal, epônimo malcriado que reúne as mais variadas manifestações do amor (ou da preguiça) metaleiros. Era o que faltava para captar a atenção da platéia heterogênea, mais acostumada a estridentes dores de corno da música breganeja. Platéia que foi definitivamente cooptada ao término do louco show de bateria do maluco James Kottak, preparando a reentrada triunfal onde não faltaram hits – inclusive a famigerada “Still Loving You” e apelos para salvar “The Rain Forest”, ao vivo e no telão. Noves fora as imagens de ativistas do Greenpeace em protestos ao redor do globo contra empresas quem processam insumos agrícolas, carro-chefe da economia da cidade que sedia a exposição-feira agropecuária que contratou o show. Saíram com a platéia no bolso, obedecidos em todos os rituais, cantando junto – pelo menos nos refrões – e instados sempre a tocar mais uma. “One more?”, pergunta Klaus, orquestrando uma jam meio bagunçada no (verdadeiro) final.Um tesão! – quer expressão mais anos oitenta? Arrepiei ao ouvir a voz limpa e clara do cara não ter sofrido um arranhão nesses anos todos de estrada, cantando sucessos que estiveram, também, entre as primeiras coisas que toquei ao violão. É, aquela mesma, a famigerada (porque taaanto tocou que até enjoou) - "Still Loving You", “Rock You Like a Hurricane” e “Big City Nights”. Reunidos eu e os Beraldos no “Cocktail Molotov” (quase homônimos de uma famosa banda pré-punk paulista sem o saber) tocamos a primeira até numa final do projeto Canta SEPAM - promovido pela escola do mesmo nome, no antigo Teatro Pax. Senti-me vingado. Lá por 84, insistíamos em tocar rock pesado quando a maioria das bandinhas de Ponta Grossa só tocavam covers de roquinhos nacionais, éramos tidos como malucos. Hoje o metal é, cada vez mais, business, onde bons produtos como a – competentíssima – banda alemã Scorpions, fazem diferença e lucro. P.S. A cultura paranense deve existir além dos limites da Pedreira, do Guairão e do Positivo. P.S. II Em breve, quase-fotos.

Leia também:

Banda ContraRegra

ContraRegra, Capital e Aborto



Quero viver com você, meu filho, quero estar lá. Bem de perto ou só olhando, de longe, quero estar presente. Quero ser seu, aquele cara que simplesmente está lá, em casa ou no trabalho, sempre à sua espera com um sorriso e um afago, na cabeça, no rosto ou no ego. Quero que você saiba que eu o amo. Que sempre amei você, desde muito antes de conhecê-lo. Amei o que havia, já, de você, nos traços e nas atitudes de sua mãe, quando nos encontramos; depois com a delicadeza dela no trato diário - a forma como mimou papai é a mesma com que hoje ela mima você, mais tarde ainda quando você irrompeu em seu ventre, cheio de alegria, destemor e vivacidade, como eu sempre soube que você seria. Eu já sabia que seria maravilhoso conviver com seus cheiros, seus dengos, seus gostos, suas pequenas maniazinhas. Mas não canso de me surpreender, porque um filho nunca é menos que o máximo, mas você, Thomas, é simplesmente tudo para mim. Obrigado por você existir, obrigado a Deus por nos presentear com o menino maaais bonito, obrigado a Mônica e ao nosso amor.(texto escrito em seu livro de bebê)

é intrigante explorar as marcas que educação e convivência com os mais velhos imprimem no ser humano mais desafiador ainda é conseguir entrever o que temos de só nosso, extraído à força por entre as casacas, cascas e carapaças que vestimos de hábito não me cabe à testa que possamos ser tabula rasa e ao mesmo tempo anima nobile mas não me cabe outra coisa pois é desta contravenção que nasce o homem, o Buda, o Cristo´ e é dele que nasce a palavra, o diálogo, o barulho da torcida, o duelo de gemidos que invade o amanhecer e a palavra não a concupiscência do ser a sua volta triste a volta do seu hálito o doce e o orgulhoso

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Blog EntrySigo a pista dos amigos na internetAug 8, '08 10:47 AM
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Sigo a pista dos amigos na internet, vasculhando aqui e ali pedaços de olhares – oblíquos, às vezes, diretos, senão – vou me achando e resolvendo na web com o que aprendo nela própria.

Um cara que manja um monte e dá excelentes dicas é o Kauffmann, “o cara” do GéH. E outro dia ele falou que o Pownce “é um Twitter metido a besta”, e que o Second Brain é “ultra-nerd” e complicado.

Bem, o Pownce é menos que isso – trata-se apenas de (mais) uma ferramenta (óbvia) que certamente será incorporada à edição de perfil em toda equalquer comunidade de relacionamento (Orkut, Multiply, Facebook, Hi5 e congêneres) ou sites que hospedem blogs – Blogger, WordPress, etc - daqui a algum tempo. Afinal, uma lista de profiles nada mais é que uma compilaçãozinha de links metida a besta, não?

Já o Second Brain nem é tão "difícil" assim. É apenas menos instintivo que os outros. É a diferença entre o Multiply (em que os próximos passos são óbvios até para ignorantes em publicação de páginas) e editores que ainda exigem algum conhecimento de linguagem. O SB é o conceito amplificado do Pownce, mas ainda meio capenga. A verdadeira “máquina” existirá quando um troço desses – os citados SB, Pownce ou Twitter – buscar teu nome ad aeternum e exibir de forma espontânea, em tempo real, todo seu fluxo de web, só manipulável no quesito classificatório. Como hoje está é útil: uma espécie de Delicious metido a... deixa para lá...

Boa notícia é o lançamento da Rede Gehspace, espécie de Digg brazuca, capitaneado pelos amigos Alexis Kauffmann (op. cit.) e Gessica Hellmann. Parabéns e sucesso na empreitada.

***

P.S. Isto é link-baiting???

Uns poucos links que tangenciam o assunto uti pediátrica em Ponta Grossa. Aos colaboradores, o meu agradecimento. Aos amigos, minha devoção.

Primeiras notícias

Fotos da inauguração

Noticia na primeira página do Diário da Manhã de 08 de julho de 2008. É só seguir a chamada de capa.

Diário dos Campos

Falta de UTIs para o interior sobrecarrega hospitais de Curitiba


Novos leitos de UTI no Paraná




Blog EntryPrêmio Brilhante WEBMWSJul 2, '08 1:27 AM
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Pois bem, vamos ver se eu entendi: o tal prêmio ainda não veio, só fomos indicados, certo?

***

Fico muitíssimo grato e agradecido ( que só parecem ser coisas iguais). No meu caso, fui indicado pela amiga Ariadna, - poetisa sincera, lírica ainda que econômica, sempre pronta a celebrar um amor ou um momento em poesia, qual Pessoa que diz: feliz a vida, quando ao transcorrê-la, como num vaso, ponhamos flores.

***

Agora preciso indicar mais 7 / sete pessoas ao Prêmio (que já ganha até maiúscula)...

Meus indicados são óbvios pela qualidade e incômodos pela verve magistral. São aqueles que eu mais leio, mesmo. À vera.

***

Juliana Dias - grande irmãzinha Lain do mundo espiritual, designer, fotógrafa, escritora. Excelente leitora. Amiga fiel. Inteligentíssima na contra-argumentação..

Alexei Kauffmann - um webmaster que escreve ou um escritor que sabe construir - e vender - a sua página? Ou será só mais um guardinha de trânsito no complicado tráfego de grande rede?

...E sua página irmã (irmã nada, é esposa, digo, não! É da mãe do Martin, hehe, e o Thomas manda um abraço). O espaço da Geh Hellmann, artista e revolucionária, no multiply..

Moska aksoM - o brilhante Paulinho Moska e suas abstrações reflexivas.

O poeta Luiz Felipe Coelho.

Doce colírio para os ouvidos, o tom solene, político e arguto da Sra. Maria Gomes.

Vládia Queiroz - a baiana que diz: "
É porque as palavras me escapam que eu não falo. Não consigo assimilar suas estruturas em determinadas condições de espasmo. Fico sendo silêncio." merece estar aqui.

A Todos o meu grande abraço em homenagem ao apreço cibernético, opa, internético (!) que vossa senhorias me ofertaram
ao longo destes anos de multiply.






Blog EntryVou comendo o póJun 20, '08 10:23 AM
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É estranho que a iminência da morte se associe - quando sobrevivemos - uma sensação de onipotência e não de fragilidade. Como em um estado de embriaguez, tendemos à simplificação geral e equivocada das coisas, por um tempo breve porém impactante.
Dá para entender; diante da grandeza de eventos como a doença e a morte, nossos cotidianos e comezinhos problemas e inadequações parecem pontos minúsculos e pálidos no grande mural da vida.

Logo, logo, no entanto, acordamos com aquela dorzinha nas costas, não conseguimos dormir por conta da velha e conhecida cefaléia tensional que fecha os dias ruins ou voltamos a nos incomodar com bobagens.

E no lembramos, ou melhor, somos lembrados pela mesma vida à qual ainda há pouco ansiávamos retornar de peito aberto, que a sobrevivência é feita de um milhão de ressurreições diárias.

Engolimos palavras em seco frente a aqueles que amamos e/ou tememos, dissimulamos sentimentos e ações face a aqueles com quem não gostaríamos - mas temos - de conviver. Fingimos estar "tudo bem" porque - na maioria das vezes - ninguém tem o menor interesse em saber que não está.

"Mas a força eu retiro
Sugo feito vampiro
De saber que as estrelas
também vivem só (...)
Nesta grande peça de teatro."

("Rima Rica, Frase Feita", de Nei Lisboa, compositor gaúcho)



Blog EntryDesditasJun 20, '08 10:05 AM
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E se trago
esforço
Suspiro
desejo
Expiro
cansaço
Por que
não hei
de ressonar
feliz?

E se bebo
pouco
Fumo
nada
Como
errado
Por que
não hei
de sobreviver?

E se espero
muito
anso
muito
Falo
muito
Por que hei
de calar
a voz?

E se engulo
em seco
Escondo
o pranto
E fujo
manso
pr'um recanto
Por que hei
de ser culpado
de tudo?

Hein?

E se tenho
medo
muito medo
e respeito ao Pai
que está nos Céus
só não converso
bem
com Ele
Por que não haveria
de ter ido em paz?

E se quero
muito
Almejo
muito
Choro
por nada
Por quer
não hei
de conseguir?

Por que irei
de cá para lá
de lá para cá
se nada houver
prá se buscar?
Porque não vir
de lá e cá
é saber já antes
que nada há
que se encontrar.

E nisso não creio
não quero
não sei.
A pena
tem que valer.


Leio Fitzgerald em fragmentos, proposta do amigo Edmund Wilson ao editar “Crack-Up” (também conhecido como “O Colapso” ou a “A Derrocada”), seleção de textos auto-biográficos (e biográficos, com participações especiais de Bishop, Eliot e Dos Passos, entre outros), além de cartas e cadernos de notas.

E que fragmentos! Tornam-se a cobertura do bolo sobre obra magnífica – imperfeita, esquecida, escorraçada, sepultada, rediviva, redescoberta e novamente, uma vez mais e por todas, imperfeitamente magnífica. Parafraseando Piestley, quantos não dariam tudo para serem autor de um único romance inacabado como “The Last Tycoon”?

Cada vez mais moderna e importante no âmbito geral de uma releitura crítica do século recém findo, a obra de Scott Fitzgerald sobreviveu melhor ao tempo - em sua falta de ambições políticas – que obras de discurso mais evidentemente social (se bem que isto só hoje é fácil de se dizer, desmoronadas as utopias; imagine a ousadia de se afirmar que Fitz excede a Zola em 1925, por exemplo - você seria intelectualmente surrado). Da mesma forma, sua modernidade (e relevância sobrevivente) deve-se muito mais ao fato dela (a obra) estar absolutamente desvinculada de qualquer movimento estético contemporâneo que a qualquer inovação formal feita por Scott.

Pelo contrário, o cara era conservador e suas influências são as mais variadas: de Edgar Allan Poe a Hemingway, de Dumas e Balzac a São João da Cruz (são comoventes suas descrições da “noite escura” da fé, presentes em “Crack-Up”), passando por badernas, álcool e amigos levados da breca (“The dominant influences on F. Scott Fitzgerald were aspiration, literature, Princeton, Zelda Sayre Fitzgerald, and alcohol”, diz o site oficial de seu centenário, idealizado pela Universidade da Carolina do Sul). Tudo isso – mais o ganho de muito dinheiro logo na estréia literária, com “his Side of Paradise”, desembocou em uma mente jovem, ágil, “self-centered” e lúdica, que como Rimbaud deu sua contribuição à Arte em pouquíssimos anos produtivos.

Pouquíssimos? “Crack-Up” – como de quebra o “Magnata” – dizem que não. Dizem que a lucidez recém-incorporada com a diminuição do abuso de álcool (e apenas diminuição, pois enquanto a carcaça agüentou Scott bebeu) lhe fez bem, ajudou a pagar as contas e as dívidas, deixou o cara ir embora em paz consigo mesmo e com a filha muito amada, com o nome limpo e até alguma esperança, ainda, de um futuro que não chegou a concretizar.

Sua obra fica pelo frescor, pelo “odor de santidade” que emana de seus escritos como um todo – tanto da fase precoce quanto da fase madura; pela leveza e poesia inerente aqueles que têm ritmo. Seus contos curtos são um sopro de ar, um vento encanado com cheiro de pão quentinho: hologramas da rua. Seus romances, mágicos porque tortos, deixam espaço para a imaginação continuar a trabalhar os personagens. Suas notas e cartas espelham um humor sutil, agudo e afiado que muitos saberão apreciar. Já a eloqüência elegante dos textos finais deveria ser matéria de aula para esta geração confessional da literatura contemporânea: até para chutar o balde é preciso inteligência.

Leia mais sobre Fitzgerald em

A Era Fitzgerald

Fitzgerald's First Love




Blog EntryNélsicasJun 10, '08 10:29 PM
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Belíssima atuação do Chelsea contra o onipotente (ou prepotente?) Manchester de Cristiano Ronaldo. Uma pena os deuses do futebol, embebecidos em frente ao telão olímpico, terem acabado por premiar o time do pipoqueirinho.

Pois que me desculpem os patrícios, mas de craque o rapaz nada tem. Centroavante trombador, espécie de Serginho Chulapa melhorado, o rapaz conta mais com a força física e a insistência que com técnica.

Sem contar o excesso de firulas, como ficou evidente em sua desastrada (tentativa de) cobrança de pênalti.

***

O escrete pó-de-arroz pode não ter contado com o Sobrenatural de Almeida no jogo de semana passada contra o Boca, mas que quem brilhou foram os "velhinhos" Dodô (aka Assis) e Washington, reencarnação torta da dupla - quase homônima - que brilhou por lá nos anos 80.

***

O Corinthians mostrou ao invocado time do Sport Recife, por sua vez, quem é que manda no Morumbi quando joga lá. Mostrou que não é para qualquer um chegar lá em busca de vitória (sem trocadilho) e persistir atacando enquanto toma gols. O Timão meteu três, mas não pode evitar o furo da água na pedra dura.

***

Ainda bem que nem perdi tempo assistindo Brasil versus Venezuela na sexta-feira passada...

Joguinho caça-níqueis...

Esqueceram de combinar com os argentinos, diria mestre Garrincha.

***

E não é que o Ronaldinho deles repetiu atuação... digamos... apagada na estréia de Portugal na Euro2008. Insistente o rapaz.

A FIFA parece gostar.

***

Os gregos chamam um possível bicampeonato na eurofesta de MI-2. Pelo futebol (ou falta dele) apresentado na data de hoje contra a limitada (mas persistente e forte) Suécia, deve ser impossível mesmo.

***

Já o Fantasma (Operário Ferroviário Esporte Clube) de Ponta Grossa garantiu vaga no quadrangular final da Divisão de Acesso ao Campeonato Paranaense. Mas deixou escorrer pelos dedos a liderança, pelo que decidirá fora de casa.

***

E os goleiros todos defendendo o rapaz do Vasco que cometeu "sobrepasso" - "máfia de luvas" ou ignorância mesmo?

Blog EntryA "Amazonha" é nossa!May 30, '08 10:15 PM
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Olha o Brasil aí gente, atropelando a agenda mundial com desferidos a pelo no atacado e guerra no varejo.

Sim, pois não é guerra o que propõe os tais índios que atacaram o ainda outro dia? "Quero ver virem me prender", arrota o véio cacique no Jornal Nacional.

(A mesma certeza faz tribos inteiras viverem à beira de estradas cobrando "pedágio" dos automóveis, ônibus e caminhões; muitas vezes armados até os dentes).

Não é a a mesma e velha retórica da caserna - agora recheada da sabedoria que só anos na Amazônia podem dar - o discurso do General Heleno? Discorda dele quem não sabe que a Amazônia só é "nossa" porque o Exército Brasileiro está lá, ocupando fronteiras estratégicas, dando suporte e apoio logístico (muitas vezes integral) a cidades inteiras, provendo saúde e educação a índios em locais próximos às aldeias, alimentando recrutas de forma a - inúmeras vezes - livrá-los da inanição e torná-los homens completos, vários detentores de uma profissão aprendida nas fileiras do glorioso.

(Você viaja dois dias e meio subindo o Rio Negro e não vê 'alma. Lá pelas tantas uma igreja, uma escola, meia dúzia de , o cais e o campo de futebol. Gente, só dias depois, em Cara-Caraí).

Que o ministro Minc possa lutar pelo humano na Amazônia tanto quanto pela "lenha", em si. Plantações de cupuaçu - o néctar divino da região - só são viáveis no permeio à floresta e demandam extração manual dos frutos, fixando o trabalhador na região com qualidade de vida. Subsídios amplos para programas de ()industrialização de , reflorestamento em Rondônia e estímulo ao agronegócio em serão necessários para manter a presença humana brasileira na floresta sustentável. Combate ao narcotráfico e contrabando nas fronteiras secas só se fará através de força policial federal especializada, que pode ou não ser braço do próprio Exército.

(Quando atravessei de viatura a belíssima estrada entre Cara-Caraí e Boa Vista reparei em imensos silos abarrotados e perguntei o que eram. "Soja que apodrecerá no campo", diziam, porque o Governo Federal não completou a construção de uma estrada para a Venezuela para escoar a safra. Depois do estado "quebrar" com a demarcação da reserva ianomâni - que interrompeu o ciclo do garimpo - mais uma vez a bancarrota viria.

Naquele ano venezuelanos e americanos faziam exercícios conjuntos na fronteira, o que fez o mobilizar cinco mil homens para a região conhecida como , onde ficamos por quase trinta dias - mais para marcar presença. E não, a matéria de capa da IstoÉ da semana passada não é sensacionalista).




* Planície amazônica é balela. Lá dentro da floresta, é 100m de socavão prá baixo, 100m de socavão para cima, com um igarapé gelado no meio. Planície é na copa das árve.

** Sabe como chama pernilongo em Manaus?
"Carapanã", responde o turista.
"Não chama. Tem tanto que não carece chamá", responde o local.

*** A maior parte do estado de Roraima é composta de campos e planícies planas, excelentes para a agricultura, e NÃO floresta tropical, como quase todo mundo pensa.

**** Manaus é uma megalópole de mais de um milhão e meio de habitantes, grande maioria , muitos em . Os anos de Zona Franca se foram em um incêndio provavelmente criminoso - verdadeira queima de arquivo na acepção da palavra.

***** Socialite muito bem relacionada me contou há uns quinze anos, quando morei em Manaus, qual o papel de alguma autoridades no esquema que punha a cidade na rota do tráfico internacional. Achei que ela era louca, nem liguei muito para a história. Anos depois, deu no Jornal Nacional, exatamente como ela havia dito. E fim.



FOTO DO AUTOR: Rio Negro, 1993.


As reflexões sobre o Maio de 68 - onipresentes na mídia impressa e televisada ao longo desta semana - ecoam em meu pensamento, iluminando novos encadeamentos de idéias, sepultando e sedimentando antigas conclusões.

Uma delas a respeito de minha geração, a que chega agora, por esses dias, ou ao final dos trinta ou aos quarenta (e poucos) anos. Espremida entre aquela que viveu os anos sessenta na plenitude de suas contradições e esta geração de agora, em sua quase ausência de questionamentos, a minha “turma” ainda busca melhor definição.

Se os anos sessenta foram marcados pela variedade de opiniões, os setenta não lhes ficam atrás em termos de indefinição. Se nos 60s a juventude provocou e questionou seus pais, nos 70s aqueles mesmos jovens é que chegaram à paternidade, ao mercado de trabalho e ao protagonismo político, levando à descoberta de novos papéis para si próprios, novas formas de contrato familiar e social, novas filosofias e novos becos sem saída. Cá no Brasil, os anos 70 foram anos de doutrinamento político nas escolas (“Eu te amo, meu Brasil, eu te amo” nas formaturas, Educaçao Moral e Cívica, OSPB e que tais na grade curricular, planos qüinqüenais como matéria de exame), medo nas famílias e nas ruas, abertura no vivenciar da sexualidade, divórcio, drogas em abundância e só lá no fim -bem no final - uma nesga de anistia.

Lembro-me de um coleguinha de grupo escolar que, provavelmente imitando o próprio pai, criticou em termos chulos e em público, o então vice-presidente da República. Eu, tolo, por minha vez, repeti o comentário em casa – tomei um sermão duríssimo, que compreendi muito de raspão, mas cuja essência era simples: nunca exprima opiniões políticas. Tínhamos, meu amigo e eu, uns oito ou nove anos de idade.

Hoje que assistimos mais peças de teatro e intrigas políticas do que gostaríamos, já não nos assustamos mais com falhas de enredo, personagens amorais ou pequenas inverossimilhanças. Atravessamos o deserto do silêncio compulsório somente para chegar no "boquirrotismo de resultados" da imprensa brasileira, onde xingar pode, caluniar pode, desde que se mantenha o status quo.

O mesmo se diga das conquistas do feminismo, assimiladas pelo capital como tantas outras idiossincrasias modernas. Há trinta anos, no Brasil, era mais que possível, era comum um homem sustentar sozinho sua família. Com a transformação da mulher em mão-de-obra, aumentou-se a oferta de trabalhadores e reduziram-se os salários, com os resultados esperados. Hoje qual família pode prescindir do dinheirinho que mamãe traz arduamente para casa, dividido por vezes quase irmãmente com babás e empregadas domésticas?

Obviamente houve progressos com o fim dos casamentos arranjados, com a sedimentação das críticas ao machismo e à violência doméstica, com o advento da pílula e a derrocada da cultura do aborto que arrasava vidas e semeava hipocrisia. A introdução de conceitos como “planejamento familiar”, a popularização do divórcio, a aceitação social das segundas núpcias e a desmistificação progressiva da figura dos padrastos, bem como o amadurecimento das relações entre a mulher e seu corpo, a mulher e sua sexualidade, trouxeram menos preconceito na sociedade como produto final.

Mas a geração que cresceu nos 70s e adolesceu nos 80s não pode desfrutar de toda esta abertura de pensamento como poderíamos imaginar. Debatemo-nos entre estruturas mal montadas, entre entulhos e restos de idéias arcaicas, entre o que a cultura (recebida em forma de programas de televisão, livros, HQs e música, não necessariamente nessa ordem) nos fazia intuir e tudo o que a “criação” (de nossos pais) nos mandava fazer. Não bastava ser, havia que parecer, logo “parecíamos”, dicotomizando de maneira esquizofrênica e irrevogável o público e o privado. Fomos a primeira geração no Brasil a conviver com o uso recreacional das drogas, a primeira a congraçar-se com os homossexuais (no que se convencionou chamar de espaços GLS), mas nem por isso nos tornamos mais abertos que nossos pais. “Uma dama na sociedade, uma puta na cama”, era o slogan repetido como se fosse novidade; “vamos comer, beber e fumar que o mundo vai (se) acabar” era o mantra universitário; o sucesso e a riqueza a qualquer preço no final, tornando o homem não mais um pecador, mas um homem que “não se sente, crê que é uma engrenagem, o que é tragicamente pior(Ernesto Sábato). Pra acabar com tudo de vez, a AIDS (que SIDA é coisa dos mais novos, na nossa época era outra doença, pré-coquetel).

Lembro-me de Freddy Mercury transformando-se lentamente de ídolo popular em leproso, “culpado” por sua sina, de Cazuza agonizando em praça pública como a querer nos lembrar que não pode haver vergonha em morrer, de Marina Lima antecipando um tempo em que reproduzir-se só com inseminação artificial – não haveria espaço para a confiança nem nas relações monogâmicas. Lembro da camisinha e do medo que nos fazia usá-la, sempre (ou pelo menos até “conhecer melhor a pessoa”, idiotice que muitos ainda cometem – um clássico).

Haviam hippies extemporâneos, comunistas chatos que resolviam todos os desafios da política mundial em mesas de bar, analistas chatos que nos olhavam bem no fundo dos olhos mesmo num evento social, punks de boutique, surfistas de verdade ou de boutique, metaleiros que juravam que o rock havia começado no Iron Maiden (ou pior, no Slayer) e outros, “de boutique”. Velhos que curtiam Led em uma sociedade que idolatrava Madonna, Michael ou Duran Duran. Moleques de dezesseis anos dirigiam impunemente pelas cidades brasileiras, trepando dentro dos carros na madrugada sem conhecer essa tal violência.

Lembro-me vivamente de um chaveiro de plástico ligado a um fio como de telefone, enrolado sobre si mesmo, que todo mundo usou por uma curta temporada. No pescoço, porque assim o fazia o personagem de Cássio Gabus Mendes em uma novela. Da Globo. No pescoço. Inauguramos a era do consumismo sem freio sem sabê-lo. “Seus problemas acabaram”, como vou viver sem ter aquilo de que nunca precisei?

Lembro-me também de tantos fumarem maconha sem saber porquê, de usar gel nos cabelos porque “todo mundo o fazia”, de usar roupas coloridas e faixas nos cabelos sem notar o quanto era brega e gay - só porque era moda. De nos alistarmos na faculdade para buscar o tão sonhado canudo, o título de “doutor” que satisfaria o sonho pequeno-burguês de nossos pais, só porque era o que todos – pelo menos os mais espertos ou centrados – faziam.

Ninguém nos contou que conseguimos (o tal canudo) porque tudo era mais fácil que na época de nossos pais. Que havia vagas demais nas faculdades, que formamos médicos demais, dentistas demais, advogados demais; e pedreiros, encanadores, eletricistas e metalúrgicos especializados de menos. Que os anos 90s trariam o ocaso paulatino da CLT e o império da informalidade. Que os juros do cheque especial e dos carões de crédito, distribuídos a roldão, nos tragariam a alma e a saúde.

Um dia então olhamos a televisão, sempre ela, onipresente, e eles estavam lá, nossos próprios irmãos mais novos, os caras-pintadas, nas ruas para defenestrar o Collor. Nós não estávamos lá. Rimos quando elle pediu verde e amarelo nas roupas e todo mundo saiu de preto (ou vice-versa, não me lembro). Isso não levaria a nada, hehe. Indignavamo-nos, mas e daí, onde já se viu cair um Presidente?

Estávamos velhos, prematura e irremediavelmente velhos. Ultrapassados pela geração imediatamente posterior, restou nos adequarmos ao mercado, pensarmos na sobrevivência, desiludirmo-nos de maneira lenta e gradual com a recessão da economia brasileira (que só recentemente acaba de ressuscitar) e constituir família. Isolados dos amigos pelo cansaço da vida diária, pelo nomadismo crescente ou pelas distâncias das grandes cidades; descrentes de nossas próprias famílias desintegradas, da política e da religião organizada; órfãos de ícones onde pudéssemos nos mirar e caminhos que trouxessem resultados concretos, passamos a viver para o dia de hoje e para o consumo de coisas que consolassem nossos egos feridos. Projetamos nossos sonhos nos filhos antes mesmo de tê-los, como tantas gerações antes de nós, mas por motivos diversos: não sabemos mais com que sonhar.

Somos a “geração perdida” como perdida foi definida, na economia, a década que nos viu adultos pela primeira vez. Carecemos urgente definir quem somos nós, como o fizeram os jovens de 68 em Paris e no mundo – de maneira precoce, ilusória, cândida e magnificamente irreal, mas verdadeira. Precisamos por uma pá de cal no cancro do hiperrelativismo filosófico, precisamos de novos espelhos, mitos e ideais, precisamos descobrir o que queremos e como o faremos antes de chegarmos à meia-idade ou à velhice, caso contrário repetiremos os erros daqueles que comandam hoje em dia o nosso país, sem olhos que não o prórpio benefício.

Seja racional: peça o impossível”, ou coisa que o valha, gritavam as pichações em Nanterre ou na Sorbonne, durante as comunas. Anos mais tarde Renato Russo – ícone-mor da geração perdida, só perdendo em niilismo para John Lennon – dizia que “se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito”, levando ao paradoxo (hilário) de Nick Hornby: “sou assim porque ouvi muita música pop ou ouço muita música pop porque sou assim?

P.S. Espero em Deus pelo bardo que um dia virá impor algum sentido, ainda que falho, ainda que tardio, a esta geração. Procuro-o nos jogadores de futebol que buscam educar-se para o bom uso do dinheiro, nos atores e atrizes que são também autores e diretores, nos empresários bem-sucedidos que vão às Olimpíadas como atletas, nos losers mais largadões - um deles pode ser Balzac ou Villa-Lobos redivivo, nos novos candidatos a vereador que surgem com naturalidade no seio de suas comunidades, nos que acumulam empregos e funções, nos que se casam de novo (e de novo e de novo, se precisar). Porque da Academia, já sei, é bem de lá que nada virá.

***

Dias depois lembrei-me deste post aqui no blog

Cada geração tem o maio de 68 que merece


Blog EntryCósmicaMay 9, '08 7:21 PM
for everyone

O ser humano é o resultado da evolução da vida em um pequeno planeta rochoso próximo a uma estrela de pequeno porte, nos confins de uma das milhões de galáxias que compõe o universo visível. Para que existamos, uma série de eventos isolados e pouco comuns na natureza teve que ocorrer, de maneira combinada porém anárquica – desde a formação de planetas ao redor do Sol, passando pela aglomeração de poeira e lixo estelar atraída pela gravidade solar que deu origem à Terra, até a seqüência exata de mutações que impulsionou a evolução das espécies em direção a nós humanos. Sim, eu sou um evolucionista, apesar da fã de primeira hora da banda gospel da série “Greek”, a ultranerd “Darwin Lied”.

A moderna astronomia, impulsionada pela verdadeira revolução na obtenção de imagens do espaço que foi o telescópio órbita Hubble e por modernas técnicas imaginológicas não-óticas, tem demonstrado que, talvez, planetas não sejam assim tão incomuns: a cada dia descobrimos novos. E sim, não temo a noite porque amo as estrelas (como diria Carl Sagan em "Cosmos")

O verdadeiro problema é uma questão de paradigma: como buscar vida além da Terra sem usar nosso conhecimento prévio? Planetas que reúnam condições adequadas de temperatura, gravidade e atmosfera, ou melhor, que ofereçam as seqüências exatas de alternância entre essas condições, são ainda mais raros. Some-se quantidades minimamente necessárias de hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e carbono, e entenderemos porque, para que se busque vida fora da Terra, não podemos apostar todas as nossas fichas em compostos orgânicos. Mercúrio e Vênus, “descascados” por uma sucessão de cataclismas e colisões, são planetas rochosos, estão próximos a uma estrela apropriada, e são inóspitos em demasia para nossas longas moléculas. Marte é uma possibilidade, assim como Io - uma lua de Júpiter - mas muito frios. É mister que sejam abertas novas linhas de pesquisa no campo da química inorgânica pura, no caminho aberto pelo uso do ciberespaço para moldar a arquitetura molecular, com o intuito de elaborar, ao menos a nível teórico, uma teoria da vida sem carbono. É claro que eu acredito na Ciência, no poder do laboratório e do computador.

Já se disse que Deus não joga dados, Já se disse que Ele os joga. Como homem de fé, não creio que o Supremo se desse ao trabalho de criar um Cosmo com tamanho detalhamento e riqueza, baseado em criteriosas e randômicas leis físico-químicas, para depois subvertê-lo “a seu favor” – seria como terminar uma obra prima em escultura somente para vergá-la, quebrá-la ou amassá-la. Por isso convivem tão bem, dentro de minha cabeça, um Deus criador e personalista, o Big Bang e a evolução das espécies. Dentro da sopa primordial, uma centelha inicial. Dentro da cabeça do primeiro homem, a centelha da consciência. A árvore do mal é a árvore do conhecimento. Mutações aleatórias na estrutura gênica (carbônica, poeira de estrelas) dos seres vivos ao longo das eras, na Terra, causadas pela radiação cósmica originada na tanatogênese estelar, nos levaram ao animal-pensante-homem e não ao animal-pensante-dino, por exemplo, numa prova cabal de que, escrito nas estrelas ou lance de dados, o plano perfeito recebeu influências das mais diversas e não abriu mão da coerência científica. É, eu acredito em um Deus que ama os cientistas e os convida a entender.

Por isso tudo duvido muito quando encaro simplificações baratas, sejam elas do tipo “está tudo na cabeça da gente” (pensamento positivo, programação neurolinguística, segredos variados, etc) ou “está tudo lá fora” (doutrinas, dogmas e afins). Acredito no bom senso, na mistura entre a razão pura baseada na observaçao e o misticismo que nasce quando não conseguimos entender. Mas duvido, como São João da Cruz, jogo água benta e peço pra viver na noite escura da fé, que é o cadinho onde se prova, como ouro, o amor dos que aceitam sem ver.


Segundo time de futebol a ser fundado no estado do Paraná, o Operário Ferroviário Esporte Club (3º colocado em uma edição da segunda divisão nacional, 92º no ranking de clubes da CBF) completou 96 anos em 1o. de maio passado (o time é de 1912). Ao "Fantasma" nossos parabéns!



Na foto do time de 1918, meu bisavô Alexandre Bach é o primeiro jogador em pé, da direita para a esquerda.

Blog EntryCD do mêsMay 2, '08 12:37 PM
for everyone
Rufus re-fazendo o show da Judy Garland no Carnegie Hall (1961); a doce gemelância de Carla Bruni - sem promessas; o lixo emocional absurdamente criativo do ex-Pavement Stephen Malkmus; o happy soul de Jamie Lidell; a doçura inventiva de Adele; o party rock de velhos como a trupe do B52's ecoando em novos como os Hot Chips; um Jack Johnson que surpreende pela tristeza, uma Cat Power estranha e louca, um Serge Tankian que vicia - oferecendo mais do mesmo; passeios pelo British Sea, viagens pela força bruta reencontrada (e auto-infligida) da conspiração Cavalera. Pra fechar a conta e o CD de mp3 (se tudo couber).

Blog EntryMoção de AplausoMar 31, '08 9:50 PM
for everyone
Dra Mônica Lankszner e eu agradecemos de público a Moção de Aplauso No. 016/2008 da Câmara dos Vereadores de Ponta Grossa, de autoria do Vereador Júlio Küller, datada do dia 03 de março de 2008.
A Moção nos parabeniza pelo trabalho realizado junto às crianças com câncer tratadas nesta cidade desde julho de 2006.
Ao Vereador e à Câmara, nosso muito obrigado.

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