sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Boa Noite, Borel Mar 29, '08 11:50 AM
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O carinho que recebi de Mônica ao sair da operação, em algum momento do caminho entre o centro cirúrgico e a UTI, trouxe consigo o que para mim – ainda meio dopado, apenas relando a consciência – parecia uma sentença de morte.

Ouvia sua voz doce me explicando que os três dias de intensas dores abdominais estavam agora esclarecidos, que eu sofrera um infarto êntero-mesentérico, mas estava “tudo bem”; haviam ressecado algumas alças intestinais e eu ficaria bem; que eu estava com um cateter na subclávia (“do jeitinho que você gosta de fazer para dar conforto aos seus pacientes”) e que – graças a Deus – estava tudo bem.

E realmente estava - na medida do possível. A dor era suportável, a imobilidade forçada do pós-operatório imediato era melhor do que a dor imobilizante dos últimos dias e até a rotina da madrugada na UTI, com enfermeiros indo e vindo ocasionalmente pelo corredor, ajudava a passar o tempo de uma noite insone e meio bêbada.

Tinha sede e tinha medo, quando a consciência começou a voltar. “Infarto êntero-mesentérico? Isso é quase noventa por cento de mortalidade: eu vou morrer!”, pensava enquanto o paciente, pouco a pouco, se deixava dominar pelo médico - que tentara ficar alheio a tudo até então. “Sem contar que é uma morte horrível, trombo para tudo que é lado... Pelo menos vai ser rápida, amorte - a maioria morre as primeiras 48 horas...”

Tinha sede e não queria morrer com sede, queria água mesmo sabendo não poder, só porque não queria morrer com sede...

Mas o tempo sempre passa, foi-se a noite, veio o dia e com ele a plantonista, que me contou terem retirado somente um metro de intestino. “Um metro, só? Para infarto está bom, né, talvez eu não morra...”, pensava. Depois veio a Mônica, e o Marcelinho, e algum dos cirurgiões - que logo me explicou tratar-se de um infarto venoso, não do arterial bem bravo que mata quase todo mundo, e patati, patatá, não ouvia mais nada porque isso significava que, agora, eu não iria mais morrer. Este subtipo da doença só mata um em cada quatro, e acho que me safei.

Uns dias depois o morro erguer-se-ia imponente em frente às minhas novas janelas, no quarto novo – o segundo depois da alta da UTI. Ouviríamos o funk comendo solto lá em baixo em algumas noites, um ou outro estampido surdo ecoando na amplidão quase toda hora, e as rajadas inconfundíveis da noite carioca com freqüência. Bem mais tarde, degustando um picolé de tangerina que o Gordo me trouxera, no janelão do banheiro, é que fui me situar: “eu acho que este aqui é o Borel, e ali do corredor o que vemos é a Formiga”. Nem sei se ele estava certo, acho que sim, mas aquele morro ali em frente, com suas luzes infinitas na noite e o vapor quente que se volatilizava nas tardes suarentas, junto com a visão longínqua dos pátios do hospital lá em baixo, formaram uma imagem do mundo que havia lá fora, para o qual eu ansiava tanto voltar.

Engraçado é que eu costumava dizer que se soubéssemos o que muitos dias nos reservam, nem sairíamos da cama. Imagina se eu soubesse o que aquela semana toda me reservaria... talvez nem tivesse saído de Ponta Grossa. Imagina? Férias no Rio depois de dezoito meses de labuta interminável, sem direito a dublê. Férias no Rio para rever meus meninos mais velhos, para rever os amigos, para ir ao Zôo com o Thomas (o único passeio que acabaríamos fazendo), ao shopping e à praia. Férias no Rio entre a vida e a morte, e ressurreição no décimo nono andar do hospital em frente ao Morro do Borel.

Em algum momento vi a Dra. Grey – que do seriado que leva sua alcunha eu acho a personagem mais insuportável, mas, vá lá – falar no seriado da tevê que aquele momento em que descobrimos que NÃO VAMOS MORRER é insubstituível, de tão especial. Nele somos onipotentes, a vida nos parece novamente simples, temos as respostas para corrigir todos os erros. Não podemos deixar este momento passar! - dizia ela, e eu acenei em concordância.

Outro dia minha sogra me perguntou se, durante aquelas horas em que eu achei que iria morrer, eu havia sentido medo. Disse-lhe que não, que durou tão pouco tempo que eu não consegui vencer a fase da negação, hehehe. Estava calmo e conformado – se fosse para acontecer, com aquele diagnóstico, aconteceria de qualquer forma e não havia nada que alguém pudesse fazer – mas ainda esperava acordar do pesadelo, aquilo não poderia nunca estar acontecendo comigo.

Já me perguntaram também se eu mudei como médico, depois de me ver “do lado de lá”. É claro que sim! Mais humano? – replicaram. Como saberei? Acho que sim, mas não só isso, não tão simples: ali na beira do leito do paciente, serei outro, mas não só outro médico, outro ser humano. Se melhor, ou pior, não sei, apenas outro que o tempo irá revelar.

Parou de fumar? Só se eu fosse um idiota que não o faria. Passei pelo pior (a síndrome de abstinência, que me pegou de jeito da outra vez em que rompi com o tabaco) sedado e com a alma ferida de outras dores, nos dias que antecederam a operação. Mas a família teme, é claro, sabe que o cigarro foi cúmplice da trombofilia que ainda investigamos na gênese da malfadada trombose.

Tudo bem, como ouvi de um amigo cardiologista, ainda bem que o que entupiu foram as tripas, os outros possíveis órgãos trariam conseqüências mais nefastas: coração, pulmões, cérebro ou mesmo as pernas, indispensáveis para um cirurgião.

“Você precisa se cuidar melhor”, dizem muitos, horrorizados com o que aconteceu comigo, “coitadinho-tão-jovem” e já quase morreu com uma doença de velho; e tome críticas ao meu peso e ao meu so called sedentarismo, como se fosse fácil viver diferente ou achar tempo para ginástica quando se tem que botar comida na mesa. Mas não os culpo. Se os cinqüenta são os novos trinta (anos) das peruas da sociedade, o gordo é o novo negro ou aidético, sempre criticado e visto como culpado por suas mazelas. Vingar-me-ei quando chegar aos oitenta ou noventa quilos, OK, ou quando a ciência provar que não somos gordos só porque queremos, há muito mais em jogo.

Por fim esvai-me em m*** por muitos dias antes de levar a sério a recomendação de meu médico: elixir paregórico a cada evacuação diarréica. Não quis fazer, não acreditei, é tintura de ópio (!), um remédio muito antigo, tem gente que acha que não serve para nada, vai piorar a diarréia, etc, etc. Curou-me, ou quase, anteontem. Obrigado, Dr. Zé Carlos. Desculpe a teimosia.

A barriga está bonita que só, parece que ganhei mais uma bunda. A cicatriz é mediana, de cima para baixo atravessando o umbigo, e repuxa como... um tecido em cicatrização deveria fazer, é claro. Vista de cima parece uma bunda, um desavisado poderia até confundir o umbigo e... deixa para lá. Mas está indo tudo bem. Nunca fui bonito nem atlético, mesmo, o importante é estar vivo.

Sobrevivi porque não era minha hora, por providência divina ou puro acaso, pelo suporte espiritual, apoio logístico e cuidado constante de meu afilhado Marcelo – que não arredou do meu lado um segundo sequer para que minha esposa pudesse voltar a trabalhar e cuidar do pequeno Thomas. Voltei para casa e senti o apoio dos meus: aqueles mesmos, os de sempre, os que me apreciam e querem bem. E fiquei feliz por tê-los.

Por fim, até o momento – o tal, da onipotência e da Dra. Grey – passou. Já não vejo tudo tão claro quanto nos primeiros dias, já me irrito de novo com uma coisa ou outra, não virei um monge budista decano da paciência. O corpo que me pareceu tão forte e imediato em sua recuperação (nos primeiros dias) agora me parece ainda tão lento, longe de me trazer confortável às premissas do dia a dia. Aprendi que da sala de operações à dieta livre e à deambulação o caminho é bem mais curto que entre a retirada dos pontos e o retorno a uma “vida normal”.

A alma é que ainda se encanta dos lábios finos e doces de meu menino, tão querido e companheirinho, tão carinhoso; de minha esposinha estóica, traduzindo em ações práticas o amor que para tantos fica só no papel, trazendo perfume e frescor para as noites sulinas onde o frio já manda notícias.

Ganhei, de todos, o maior dos presentes: tudo aquilo que já era meu (mas poderia deixar de ser em um átimo, pois assim a vida é). “Gracias a la vida que me ha dado tanto”. E boa noite para o morro do Borel.
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Blog Entry E todas as cidades serão Rio de Janeiro Feb 23, '08 1:39 AM
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Pois é, o babaca aqui fugiu da violência do Rio para ser roubado em PG-city.

Há coisa de mês atrás levaram minha bolsa com tudo dentro, de meu quarto de plantonista no mais escondido desvão do segundo andar do hospital onde trabalho. Agora ando com a chave da sala onde minhas coisas estiverem no bolso o tempo inteiro, coisa que nunca precisei fazer no Souza Aguiar ou no Salgado Filho.Em compensação acharam minhas coisas em menos de vinte e quatro horas, efeito de uma polícia educada e prestativa.

Nas estradas o pedágio é caro, mas "vale a pena" por nos entregar o que deveria ser só obrigação: qualidade da malha asfáltica e sinalização.

Nos hospitais a medicina se mercantiliza e submete dia-a-dia, de formas similares ao Sudeste, de formas diferentes. No tecido esgarçado da rede pública de saúde, aqui são os hospitais privados que prestam a maior parte do atendimento pelo SUS: as Santas Casas e hospitais beneficentes, empunhando em suas maãos uma tabela de meados dos anos 90, onde consulta vale R$2,50 e várias cirurgias comuns menos de 50 merréis. Já se imagina onde é que isso dá.

Já no Rio, não se paga por produção, mas por salário, ordenado, CLT, e a maioria dos médicos encontra abrigo em algum concurso público, que os lota em hospitais federais, estaduais e municipais herdados da época em que o Rio fora capital do país, muitos deles sucateados, mas a maioria hoje funcionando a pleno vapor. Muitos colegas que conheci aí diziam carregar na carteira um bilhete: "em caso de sinistro, encaminhe-me ao Hospital Souza Aguiar" (ou Miguelão, Salgadão, que pro carioca é tudo íntimo).

No Rio o crac não chegou, né? Não faz sentido à banca dois fluminense investir em droga que mata o usuário em um ano. Já aqui, a pedra é motor, dos assaltos de rua a pequenos furtos, rendendo pouco em dinheiro e bastante em espécies a traficantezinhos pé-de-chulé, muitas vezes mais viciados que os clientes, habitantes das favelas mais infectas. Um verdadeiro genocídio.

Mas valeu a pena termos vindo. Temos mais tempo para o Thomas, talvez, mais dinheiro para pagar as contas (entrando e dia bem aos poucos), e uma centelha de luz que nao clareia, mas prenuncia, dias melhores e muito trabalho.

Demorei para encontrar aquela gente boa do Paraná. Vivi 20 anos longe de PG, meros 14 longe de CWB, e quando voltei me senti meio em NY, se é que vocês me entendem. Mas ela existe - esta gente boa - numa moçada bem disposta e trabalhadora, que aprendeu desde cedo a dançar o tango. E virá na geração destes que cá já estão, meu filho em sua luz e sabedoria, meu sobrinho recém-vindo na boa sorte e bençao, que sei que sempre os acompanharão.

Contudo temos que ser vigilantes: quando eu cheguei em Ponta Grossa em julho de 2006, quase nao havia flanelinhas. Hoje os há - que aturar - em toda parte. Assim como as crianças de rua, as famílias de mendigos no Centro, os pivetes no sinal. E os assaltos a farmácias e casas lotéricas, onde na mira de uma arma se fica sem diferença alguma entre a cidadezinha e a metrópole. No trânsito ums sistema de poucos semáforos e muitas "preferenciais" incentiva a correria e o vale-tudo.

E ainda a questão da cidadania. O pontagrossense, diferentemente do carioca, não gosta de sua cidade, tem vergonha de ter nascido ou morar aqui. é o primeiro passo para a dominaçao política e cultural. Se no Rio de Janeiro a coisa degringolou assim, imagine em uma cidade em que o indivíduo nao sabe o que é cidadania nem comunidade. Vai ficar pior.
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Blog Entry Fim de ano Dec 2, '07 11:26 PM
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É fim de ano. Mais uma vez as convenções científicas, assentadas sobre a matéria bruta dos calendários, nos convencem a acreditar no intangível: um novo tempo, aquele já foi, apesar de, em nenhum lugar, ouvirmos vivas de anjos cantando. O mundo é o mesmo, longas tardes escoando em magníficos pores-do-sol; as madrugadas quentes aqui, frias no norte; as pessoas talvez mais atarefadas (afinal, é preciso comemorar), nem por isso mais humanas.



Mas acreditamos. Ouvimos os hinos, olhamos embevecidos às luzes de Natal e voltamos para as fraldas, encantados com lembranças que já são nós. Pensamos no novo ano que vem - sabe-se Deus por que nos parece tão simpático! - e se viajamos nas férias, pensamos em praia e carnaval.



Seremos outros, então, talvez mais bronzeados, talvez mais bonitos, e logo estaremos de volta, à luta, ao frio, ao fondue. Quando menos se esperar, será o Natal de novo, sorrateiro, a se instalar como posseiro dentro de nossos corações.



Que encontremos – aqui mesmo, ainda que exaustos das confusões do dia-a-dia e cônscios da efemeridade de tudo – meios para revestir de importância este Natal, para compreender e aceitar tudo de bom e de ruim que o ano passado nos trouxe, para carregar conosco só o que não pode ser deixado para trás.
Tags: natal, escritos esparsos, vida, vida moderna
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Blog Entry A Polêmica da Fimose - artigo Dec 2, '07 11:06 PM
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Confesso que quando criança não estava nem ai para isso, pouco ou nada me foi explicado sobre o órgão sexual. Cresci meio na ignorância - o tipo que falava "porra" sem saber o que era. Em algum momento da minha prepubescência descobri todas as coisas nos livros da Biblioteca Municipal. E só bem depois na vida real.



Famílias com filhos que lidaram de forma diferenciada com a fimose são cada vez mais comuns. Um filho foi operado, um tratou com pomada; noutro o anel cedeu sozinho. O que mostra não só o pleomorfismo da apresentação e da fisiopatologia da doença, como a necessidade de uma avaliação criteriosa de cada caso.



Uma vez fui convidado, como médico residente em cirurgia pediátrica, a palestrar sobre a fimose e me perguntei o que poderia eu falar de novo sobre o assunto. Os anos que se seguiram tinham a resposta: a conduta americana em xeque, a polêmica entre os pediatras, a explosão do uso da ”pomadinha” (um erro consagrado pelo uso, uma vez que em termos farmacológicos trata-se de um creme), a discussão sobre os procedimentos rabínicos. Similar à “descoberta” do clitóris, essa tal de fimose está virando popstar.



Em pesquisa realizada por este blog, perguntamos aos internautas o que é fimose, o que é circuncisão, se postectomia é a mesma coisa que circuncisão e – por fim - em que idade a criança deve ser submetida à postectomia ou à circuncisão. Ufa! Confuso, não? Garanto que a maioria dos médicos não saberia responder. Mas vamos lá.



Fimose é a impossibilidade ou dificuldade em expor a glande, causada por um cordão fibroso que ocasiona constrição do prepúcio (este sim, a tal “pelinha” que recobre a parte distal do pênis ao nascimento). Como muitas outras doenças, é dividida em graus (no caso, graus de “aperto”).



Postectomia é a retirada da pele do prepúcio – lato sensu – mas é entendida internacionalmente como a retirada de parte da pele do prepúcio. Já circuncisão é à moda judaica: a retirada (sub)total do prepúcio. A primeira é a forma mais comum de cirurgia realizada no pênis no Ocidente, a outra é a forma como os americanos a defendem.



A escola francesa de medicina demonstrou que a postectomia no primeiro ano é fisiológica, ou seja, normal. Por isso nunca se deve operá-la no período neonatal, mas sim após o abandono das fraldas (pelo menos na maior parte do dia). E como o coroa (bordo) da glande é a parte mais sensível do pênis, deve-se deixar um pouquinho de pele (a já famosa “meia-capota”) para que esta região não se queratinize e perca o tato. Nos EUA, de forma análoga ao que ocorre no Oriente Médio, e talvez pela influência judaica, são realizadas circuncisões (retirada total dão prepúcio) e sempre no período neonatal. As academias o justificam, apesar de muitíssimo mais doloroso, pelo benefício de menores chances de infecção urinária no primeiro ano de vida.



Nós brasileiros éramos contra a “massagem” (por causar microtraumatismos no anel fimótico que o ajudariam a se perenizar e por que os meninos mesmos se massagearão aos doze anos), operávamos aos dezoito meses em média, não usávamos cremes. “Na mão” ou com anel de silicone (o “plasti-bell), os resultados eram ótimos.



E assim o faríamos até hoje, não fosse a explosão do creminho. Com ele dissolveríamos boa parte das fimoses, ou tornaríamos mais tênues aquelas que tivéssemos que operar. Nada mal para uma mania que se originou nos anos noventa, na qual ninguém botava fé.



No final da década (2000), a academia americana de pediatria surpreendeu a todos ao recomendar a circuncisão aos dois anos de idade. Parecia que o mundo convergia para o consenso. Mas ai passamos a operar aquelas fimoses “inevitáveis” cada vez mais tarde; e o Dr. William H. Hendren (autoridade maior da urologia pediátrica americana) publica aquele editorial defendendo a circuncisão neonatal com argumentos brilhantes. Os não postectomizados têm uma chance zil ziliões maior de sofrer: infecção urinária no primeiro ano de vida, doenças sexualmente transmissíveis na idade adulta (SIDA inclusa) e câncer de pênis na velhice. Tudo ali, no papel, matemática pura.



O que eu faço com meus pacientes e pais? Converso. Uso múltiplos “approaches”, trato o paciente, não a doença. Quer saber mais pague consulta (brincadeirinha). Aqui o que se expôs é o dilema científico atual, que se arrasta pela década nas páginas das revistas de pediatria. E que seria salutar se porventura, assim meio sem jeito, eu conseguisse explicar a vós leigos, tentando ao mesmo tempo fugir da obviedade e do ininteligível.
Tags: medicina, medicine, fimose
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Blog Entry A Polêmica da Fimose - ENQUETE 4 Nov 19, '07 10:57 PM
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Em que idade a criança deve ser submetida à postectomia ou à circuncisão?

No período neonatal (até 28 dias de vida).
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Assim que passar a maior parte do dia sem fraldas.
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Antes da adolescência.
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Nunca! Até casar sara...
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Mais uma etapa antes do texto...

Tags: fimose, medicina
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Blog Entry A Polêmica da Fimose - ENQUETE 3 Oct 1, '07 4:57 PM
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Postectomia é a mesma coisa que circuncisão?

Sim. Ambas se referem a retirada de pele do prepúcio.
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Não. Postectomia é a retirada da "póstata".
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Ampliando horizontes sobre um tema duro de discutir...

Tags: medicina, fimose, vida, vida moderna
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Blog Entry A Polêmica da Fimose - ENQUETE 2 Sep 24, '07 10:40 PM
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O que é circuncisão?

É "torá" as pele do pinto.
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É cortar fora toda a pele do prepúcio.
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É cortar parte da pele do prepúcio.
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A polêmica continua...

Tags: medicina, doenças, vida, vida moderna
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Blog Entry A Polêmica da Fimose - ENQUETE Sep 24, '07 10:32 PM
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O que é fimose?

A "pelinha" do pênis (prepúcio).
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O excesso de pele do prepúcio (o popular "bico-de-chaleira").
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Um anel que impede a saída completa da "cabecinha" (glande).
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O "cabresto" (freio bálanoprepucial).
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A coroa da glande (o "pescoço" do p***)
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Esta enquete "duca" precede o meu próximo texto, já anunciado: "A Polêmica da Fimose".

Tags: medicina, doenças, vida, vida moderna
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Blog Entry Dou a Mão à Palmatória Sep 14, '07 11:18 AM
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Alguém já disse, não me lembro quem, que a arte é herdeira direta da luta pela sobrevivência, florescendo sempre melhor onde sua existência briga pela perpetuação cultural de uma etnia, pela manutenção (ou retorno) das liberdades civis ou religiosas. Mas ela é também fruto da prosperidade econômica, do bem estar social e da democracia.

Vide nossos amigos americanos, que - sem dar bola a um suposto sentimento antiimperialista e antiamericano que se diz vicejar globalmente - não apresentavam há muito tempo uma safra tão interessantes de produtos culturais.

Na música temos a geração que nasceu do rap e do hip-hop bombando com nomes como Timbaland, Nely Furtado, Akon, Justin Timberlake e outros, que longe da fórmula "preto falando, preta gemendo" que caracterizou o R&B dos anos 90, estabelece pontes com o passado (disco, Michael, Prince) e aponta para o futuro, verdadeira fábrica de hits que atravessam o mundo e já fazem a cabeça de muitos jovens brasileiros. Menos mal. Até os anos 80 as rádios daqui tocavam tudo que fazia sucesso "por lá", depois vieram os breganejos, os pagodeiros, os axé ("muito axé, gente"- quiqué isso?) as popozudas e et coeteras. Agora pelo menos a qualidade vem fazendo frente ao jabá. Se for prá ouvir MPB nas rádios, que seja da boa, e não babaquices.

No cinema a coisa nos EUA tá meio fraca, carente de novos autores e diretores. Ruim? Não, bom para a TV americana, que herdou os melhores roteiristas de Hollywood, atraídos pelos excelentes salários e pela liberdade de criação. Por um lado, entretanto, os american movies têm aderido firmemente à sua real vocação: entretenimento e vendas - e tome spiderman daqui, equismen de lá, comédias ridículas e muito merchandising. Mas com sucesso financeiro colossal.

Na telinha a invasão da inteligentsia é notável: House MD, Boston Legal, CSI(s), Law & Order (s), Numbers, Cold Case, The Soprano Family, Six Feet Under, 24, e outras, todas fazendo o melhor com enredos fantásticos que cabem numa horinha só.

Já no Brasil, o que temos? Os filmetes financiados pelo pai molusco e seu guru lesado, o chefe do MinC? Os karaokês desfinados no Fa(rgh)ustão? A nova da Wanessa Cama(rgh)go?

Me poupem.

Podem dizer que eu volltei (do tempo que fiquei sem web e telefone, da trabalheira infinita de médico e da gastrenterite desta semana) AMERICANIZADO. Culpa da SKY.
Tags: arte, cinema, música, tv, tv series, vida moderna
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Blog Entry Balanço Anual? Sep 1, '07 1:47 AM
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Tá atrasado, 'tava demorando, mas vô tê que falá.
Do ano inteirinho que passou desde que voltei da minha terra, o Rio de Janeiro (sendo terra a minha que eu quisera que fosse), para o solo onde nasci.
Não encontrei aqui quirera do que me fora prometido, lutei por cada milímetro de terreno como se fosse um palmo da Linha Maginot, e hoje malgrado ganho a subsistência.
Melhor que o Rio? Claramente, em vários aspectos. Gastamos menos, andamos menos, almoçamos em casa quase todos os dias, temos tempo para o Zé. É Thomas, vocês sabem, mas já virou o Zé Belico (* leia post anterior). Muitas, muitas horas alegres com a Mônica e um Zé, muitas horas difíceis, poucas horas de sono, muita responsabilidade e alto grau de comprometimento. Vinte e quatro horas por dia?
Por isso escrevo pouco, leio um pouco mais, blogueio ainda menos.
Mas há instantes em que a vida é assim, merece mais ser vivida que contada.
E com licença, eu vou dormir, que amanhã farei ginástica pintando paredes para o niver do Thomas.
Um beijo a todos.

Tags: família, infância, thomas
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Blog Entry Os Lankszner-Bach e o Purgatório da Telefonia Aug 1, '07 1:23 AM
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Ou: algumas reflexões sobre os 23 dias em que ficamos sem telefone

1. Só no Brasil se contrata um serviço de telefonia... por telefone.

2. A Pariu Telebomba deve contratar semi-analfabetos funcionais para digitar os dados do cliente... enquanto fala ao telefone.

3. Nunca discorde de nenhum dado na tal "checagem de dados": se o operador de telemarketing (terceirizado, é lógico) trocar, digamos, o nome de seus pais (coisa pouca, tipo Leão virar "Leo", ou Nylce virar "Nyle"), fique frio e confirme qualquer coisa que ele disser.

4. Ou então seu relefone será bloqueado sem aviso prévio (e com ele a internet "banda laaarga" e a comunicação do alarme de sua casa com a central).

5. Dar-lhe-ão um prazo de 10 (dez) dias úteis, mas só religarão seu telefone com o dobro disso pelo menos).

6. Nunca protocole reclamações: será sempre levada em consideração a ÚLTIMA reclamação, que será atendida em... hummm... uns dez dias (úteis?)

7. O Juizado de Pequenas Causas é causa perdida, só vale para documentar um futuro processo por perdas e danos. Já o PROCON é mais ágil, atender-lhe-á (competentemente, sem ironia), infelizmente, depois de uns... vinte dias. Chamam isso de "agendamento".

8. Motivo provável para tamanhas desatenção e falta de respeito com o cliente: a certeza da impunidade.

9. Motivo pelo qual não mudei de operadora: a concorrente prometeu avaliar a possibilidade de instalar-se a banda larga em minha casa em... dez dias, mas até agora não ligou.

10. Motivo pelo qual resolvi compartilhar esta saga: eu devo ser um idiota mesmo.
Tags: telefonia, vida moderna, política, ponta grossa
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Blog Entry Luquinho, Pedrinho e Zé Jul 7, '07 1:58 AM
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Lucas cresceu Luquinhas, até que veio o Godwin e o chamou “Luquinho”, afinal, era um rapazinho, ó, pá! Pedro sempre foi Pedrinho, “Pedrinhozinho”, “Pêdo Jujé”. Já o Thomas, do nada, transformou “Gimbilinho” em “Gimbilico” e depois Zé Bilico; no diminuitivo carinhoso, um “Zé”.
Tags: literatura, família, filhos
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Blog Entry Minueto asqueroso Jul 7, '07 1:54 AM
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Meus dentes.

Minhas pintinhas no rosto

Que preciso tirar.

Meus cisos esquerdos

Entortando-me a boca,

O aparelho nos quatro

Dentes de baixo.

Uma ou outra verruga,

daquelas que parecem saquinhos

debaixo do braço

e no pescoço.

Minha barriga recipiente

Hehe

Me mandando parar.

Meu pulmão de mineiro.

Minha hérnia de disco.

Minha síndrome metabólica,

Meu colesterol.

A hemoglobina glicada

E as enzimas hepáticas.

O uso protegerol.
Tags: literatura
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Blog Entry Miniconto sombrio Jul 7, '07 1:53 AM
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Sentado em frente à portinhola da capela, Lázaro sabe que seu destino é guardar a família. Quem sabe um dia, daqueles ossos, daquele pó, não se extrairá o DNA que os manterá eternos?

Lázaro pensa, e ora, e crê, sem abandonar o cemitério, esperando a Morte chegar.
Tags: literatura
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Blog Entry SHIMBUM Jun 22, '07 11:07 AM
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SHIMBUM (do japonês): jornal. Cresci ouvindo meu avô comentar o choque de ouvir as notícias dos dias seguintes à detonação genocida das bombas nucleares americanas em Hiroshima e Nagazaki, veiculadas principalmente, na época, a partir do relato de repórteres sobreviventes do "Nagazaki Shimbum".
Tags: shimbum
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Blog Entry multiply mobile May 27, '07 12:36 AM
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Fantástica a vista da "Cadeira" na telinha plana do V(éio)3 da Motorola/Tim. Vale a visita, vale procurar o seu, de qual lugar.
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Blog Entry O melhor (?) da música neste início de 2007 May 20, '07 9:02 PM
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Consegui o que tento fazer todos os meses, ou pelo menos sempre que o tempo é hábil para tal: copiei em um mega-CD de mp3 os (so-called) melhores lançamentos recentes da indústria fonográfica, seguindo dicas da imprensa em geral e da revista Rolling Stone. Álbuns na íntegra (sou meio conservador, não aprecio ainda esta cultura internética do sucesso em pílulas – ou singles), em ordem alfabética para ajudar a não me perder na avaliação (e fruição) ocasional.



Então vamos por partes:



A já veterana dupla francesa “AIR” não surpreende em seu mais novo álbum, o apenas competente “Pocket Symphony” (2007). Incensados pela mídia, os aires se perdem em uma espécie de lounge progressivo (como se isso fosse possível), que até agrada em certos momentos mas deixa um certo sabor de coisa vista e conhecida, nenhum frescor. O destaque vai para “Somewhere Between Waking and Sleeping”, poderosa balada onde fica evidente toda a capacidade dos compositores e arranjadores.



AMY WINEHOUSE traz novos rumos ao soul com seu vocal a la Etta James, sua postura contestadora (e alcoólica) e arranjos brilhantes, especialmente na tríade que abre o disco (o instant classic “Rehab”, seguida da pujança retro de “You know I’m no good” e do sucesso vindouro de “Me and Mr. Jones”.



O ARCADE FIRE, por sua vez, passa com méritos pelo teste do segundo disco com “Néon Bible”, uma obra coesa e menos atormentada que o clássico “Funeral” (2005), mas que reflete o mesmo vibe. Não há destaques em um álbum que exibe temas comuns e harmonias delicadas que emolduram bem o folk-rock vigoroso e inteligente da banda. Todas as músicas são boas e este é um disco que deve crescer a cada nova audição.



Os ARCTIC MONKEYS mostram ter feito a lição de casa em “Favourite Worst Nightmare”... pena que os professores sejam os mesmos da grande maioia das novas bandas ‘queridinhas” da imprensa bretã: The Strokes e Franz Ferdinand. Há músicas interessantes, como “Teddy Picker”, mas falta personalidade. Sem contar que não vejo, ali, nada que se compare ao arrasa-quarteirão de “I Bet You Look Good on the Dancefloor”, música que os catapultou ao sucesso mundial.



BEBEL GILBERTO esbanja carisma, afinação e vontade em um grande “Momento” (2007), mas nada que se compare ao álbum de estréia: a fórmula drum’n’bass + vocais em português e inglês + intervenções "berimbísticas" já começa a dar sinais de esgotamento, ficando difícil diferenciar a (boa) cantora de seus clones (vide Mariana Aydar). A melhor do disco? Sem dúvidas a (enésima) regravação de “Night and Day”.



Bem ao contrário de CHARLOTTE GAINSBOURG, ele mesma, a filha do Serge, que em seu segundo álbum (o primeiro foi lançado e renegado há mais de uma década) mostra-se compositora delicada e melódica, especialmente na companhia dos “Air” supra-citados, o que deságua em um álbum rico em filigranas e emoção. Só não precisava gemer e sussurrar tanto, mas sendo ela filha da Jane Birkin, nada mais óbvio.



JAMES MORRISSON (“Undiscovered”) e JOHN MAYER (“Continuum”) nadam na mesma seara do soul que faz reverência ao mestre Steve Wonder, o primeiro com voz e partições calcadas nesta tradição, belas melodias e suingue genuíno, já ganhou as paradas mundiais com sucessos como a faixa-título e a maravilhosa “You Give Me Something”. Já o segundo aposta em uma espécie de downtempo que o aproxima de um Seal, por exemplo, sem perder o passo jamais. Gosto muito da faixa nº 1, “Waiting On a World To Change”.



Por fim, JOSS STONE, musa soul da molecada em geral – e deste tiozinho aqui – erra a mão em seu terceiro álbum, ultra-hiper-produzido, que não reflete o punch de seu álbum de estréia, “The Sou Sessions” ou mesmo do segundo, mais autoral. É tudo muito certinho e doce, ao contrário da colega Amy lá em cima, fazendo a musa subir um degrau em técnica interpretativa e descer outro em termos de criatividade.



É isso. Façam suas compras (ou não!).


Tags: music, música, musas
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Blog Entry Eu sou contrário ao ato de abortar, May 14, '07 12:09 AM
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Eu sou contrário ao ato de abortar,

Mas já me disseram que eu não deveria, que tal coisa não existe, quem sou eu para ditar o que fazer, indivíduo sem útero. Mas eu sou contra. Não faria em mim, se pudesse.

Por isso mesmo digo: se me dói saber matar-se tantos, mais me dói se mães e filhos.

Entendo que, ao transformar o aborto, de ilegalidade não fiscalizada em atividade sujeita a fiscalização governamental, o Ministro Temporão oficializa a intervenção do Estado no sentido de salvar vidas. E abre as portas ao direito civil, nos limites do estado laico, abrigar as ações de outros grupos de pensamento, inclusive religioso, que não comungam da objeção cristã.

Tags: aborto, vida, vida moderna, política
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Blog Entry Os tempos são outros May 13, '07 9:05 AM
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Ando meio encafifado, desentendendo ativo o que é redor. Durmo menos que queria, como mais do que devia, gosto mais do meu cigarro, tomo banhos demorados, madrugada em tela fria. Não fui mais ao cinema, anseio logo chegue o dia em que o Thomas possa ir. Mas já brincamos com bonecos, e ele nunca acredita, desvia o rostinho para olhar prá nossa boca, não importa qual a voz. Assistimos (argh!) a Xuxa, e ele fica vidrado na TV e na mamãe, enquanto pula no meu colo. E entardecemos assistindo os "60 melhores clipes", dos quais mereceram destaque (e atenção por parte do Zé) o Elvis, os Beatles e o Michael (Jackson, na fese "Off The Wall"). E destruímo' o Sandoval, tadinho, que tá na UTI dos crocodilos. À noite somos a personificação da promessa que fizemos de um dia sermos três, enrodilhados entre si e com as cobertas, na cama que já se faz pequena para um gordo, uma gatinha e um boizinho lindo, hehe. O inverno chega e duro é tomar banho, pior ainda sair do banho. Zé Bilim adora, mas tem dias que está tão frio que prefiro não arriscar. Mês que vem a coisa muda, assegura a Monicat, guerreira incansável em tudo quanto esta expressão carrega de chavão e verdade, minha mãezinha exemplar, minha doçura, a musa escolhida. Relaxo e tiro uma soneca no sofá da sala gelada, lareira vazia. E a cafifa sobe, pesada de cerol, a se perguntar se tenho mesmo tanta sorte ou se é um sonho, ou se sou merecedor. Porque ela é, a mamãe. E o piá também.
Tags: família, mãe
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Blog Entry Meu Amigo Rubens Tuma Jr. May 6, '07 12:19 PM
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Os preparativos para o lançamento do livro já estavam bem adiantados quando resolvi, por conta própria, divulgá-lo para algumas pessoas mais, entre conhecidos e outros nem tanto, mandando releases para jornalistas, colunistas e formadores de opinião.

A editora disponibilizara uma empresa de comunicação para isto, o que acabaria propiciando pequenas notas a respeito da noite de autógrafos no Globo e no Jornal do Brasil, mas infelizmente a grana era pouca para enviar exemplares a todos que eu gostaria de ver presenteados com minha primeira empreitada literária. Então achei por bem pelo menos comunicar sua existência para mais pessoas; como estava fora de minha cidade natal há tantos anos, enviei algumas mensagens eletrônicas para jornalistas de Ponta Grossa (PR) também. Entre elas o colunista social Rubens Tuma Jr.

O Rubinho eu conhecia desde criança, primeiro através da leitura de seus textos no jornal, depois pessoalmente quando minha irmã fora eleita Rainha do Carnaval do clube que freqüentávamos. Mas sinceramente não esperava nem que ele se lembrasse de mim depois de tanto tempo.

Para minha surpresa, não só Rubens se lembrava, como foi extremamente gentil e interessado, e a primeira pessoa a noticiar o lançamento do “boonoonoos”. Iniciaríamos ali uma bela amizade que se estendeu por quase dois anos, saltando rápido do plano virtual para o pessoal, uma vez que no ano seguinte voltaria a morar aqui.

Pessoa extremamente culta e inteligente, Rubens exerceu o papel de narrador dos acontecimentos sociais desta grande pequena cidade por mais de vinte e nove anos. Sua coluna era leitura obrigatória para admiradores e amigos, e, pela relevância, até de prováveis desafetos. Suas festas, exemplo de alegria, luxo e organização. Suas contribuições sociais, espontâneas e resolutas. As homenagens a ele, freqüentes, vinham de grupos tão díspares quanto agremiações culturais, associações comerciais, embaixadas estrangeiras e dignitários governantes.

Duas ocasiões marcaram meu convívio com ele durante o ano passado: a elegante festa árabe em honra dos vinte e nove anos de sua coluna, realizada no Hotel Bristol Vila Velha, e a comemoração – privada apenas a alguns amigos – em sua residência no Jardim América. Naquela, pudemos vislumbrar o pareço de uma sociedade fechada, por vezes até elitista, por alguém que ao longo do tempo se tornou simultaneamente seu porta-voz dedicado e seu cronista refinado. Nesta, apreciamos a simplicidade refinada com que Rubens e Joselde, sua esposa, sabiam receber e conviver ao abrir suas portas – uma noite inesquecível, onde todos tinham espaço e reconhecimento e foram postos totalmente à vontade; onde novas amizades surgiam e antigas eram engrandecidas.

Hoje faz uma semana que Rubens faleceu, assustando a todos que o estimavam. Fato inesperado, chocante, apesar de todos sabemos da luta incessante que este guerreiro travava pela vida e que não era de hoje. A cidade se esmerou em homenageá-lo, como faz agora este escriba, inspirado pela sobriedade que marcava seus textos, porém sem esconder a emoção.

Não posso sequer imaginar a imensidade da perda que seu passamento, no auge da capacidade intelectual e criativa, na maturidade jovial de seus cinqüenta e dois anos, acarreta aos seus amigos e familiares. Eu, que convivi com ele muito menos do que gostaria, jamais esquecerei a troca profícua de mensagens eletrônicas na qual descobrimos afinidades e interesses em comum. Suas palavras sempre gentis, o “Oi, filho!” com que me recebia ao telefone, a sinceridade inaudita com que confidenciamos problemas e soluções, a vontade gratuita de agradar e entender. Quantas vezes coloquei-me online, atualizei meu blog (do qual Rubens me deu a honra de ser leitor assíduo) e logo recebi uma mensagem curta, escrita somente no campo “assunto”, coisas do tipo “Como está você?”, “Tudo bem por aí?”, “Animado com o final de semana?”, exemplos claros de sua vontade de conviver e compartilhar.

Rubens se foi, mas está aqui. Presente em sua coluna semanal (que passa a ser assinada por fiel Joselde), no cabedal de textos que publicou, nas dicas do que é “in” e do que é “out” onde com tanta elegância discordava de condutas vigentes na sociedade atual, na saudade dos que com ele conviveram. Minha mensagem para ele, humilde e fraterna, vai no corpo do texto onde desejo-lhe boa viagem e até breve, não adeus, porque os amigos não morrem jamais.
Rubens Tuma Jr - Site Oficial

Tags: autores, colunas, colunismo social, paraná, ponta grossa, vida moderna, amigos
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